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Ninguém entendia como um músico desconhecido se tornou milionário “do nada”. Até que veio uma IA, e…

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Se a indústria da música sempre achou que o grande inimigo era a pirataria, lamento em dizer, mas ela “errou feio, errou rude”.

Na verdade, não lamento, de verdade. Depois de cobrar caro de todos nós por CDs com menos de 40 minutos de música, eu digo: “tem mais é que se ferrar mesmo”.

O grande inimigo nesse momento é a Inteligência Artificial, e as principais gravadoras terão que lutar com unhas e dentes contra o uso não autorizado de IA na música.

E o caso envolvendo Michael Smith é apenas mais um que mostra o quão complexa vai ficar essa relação da música com a IA.

 

Como um músico desconhecido virou um milionário do nada?

Michael Smith, um músico de 52 anos da Carolina do Norte, é acusado de gerar mais de $10 milhões em royalties fraudulentos usando a Inteligência Artificial.

Sim, eu sei… é algo muito específico. Mas vou explicar como isso aconteceu.

Ele criou centenas de milhares de músicas geradas por IA e as transmitiu bilhões de vezes em plataformas como Spotify, Amazon Music e Apple Music.

Na verdade… Michael não criou nada. Foi a Inteligência Artificial. E a IA em si não “criou” as músicas. Se aproveitou de uma grande brecha no sistema para executar o golpe.

O esquema funcionava dessa forma: Smith criou milhares de contas de bots para transmitir automaticamente as músicas geradas por IA, gerando até 661.440 streams por dia.

Para tudo funcionar, ele usou nomes falsos, endereços de e-mail e VPNs para disfarçar o esquema.

Tudo muito engenhoso.

 

O impacto dessa fraude

O esquema de Smith roubou milhões de dólares em royalties originalmente destinados a músicos e compositores, tirando dos criativos os ganhos legítimos de suas obras.

O caso expõe um grave problema de fraude em streams online na indústria da música, algo que alguns especialistas e até usuários já suspeitavam que acontecia de alguma forma.

E essa foi a primeira vez que sabemos que uma IA manipulou os resultados das plataformas de streaming. De quebra, revelou (de alguma forma) a quantidade dessas reproduções e os possíveis ganhos dos músicos com essas plataformas.

Como resultado do golpe, Smith foi acusado de lavagem de dinheiro, fraude eletrônica e conspiração em um tribunal federal de Nova York.

Pelos seus atos, Michael Smith pode pegar até 60 anos de prisão.

 

E a indústria fonográfica reclamando da pirataria…

Aposto que alguns executivos de gravadoras começam a sentir saudades de quando tinham que se preocupar com quem gravava CDs em casa ou com o Napster.

O caso de Smith liga um sinal de alerta imediato para a indústria fonográfica como um todo, deixando claro que contornar as fraudes envolvendo a Inteligência Artificial será uma missão hercúlia ou quase impossível.

Sem uma legislação que determine de forma clara quais são os limites do uso da IA, esses casos serão comuns, tomando rumos inesperados e desenfreados.

E essas fraudes, falsificações de imagem, suplantação de identidades e outros crimes produzidos por mentes humanas com a ajuda das ferramentas de chatbots generativos podem colocar em sério risco a indústria de entretenimento como um todo.

Considerando que a tecnologia de IA ainda tem uma enorme margem de desenvolvimento, pense nos assustadores resultados que vamos encontrar no futuro.

Então… vamos perdoar o criador do Napster? Ou ainda é cedo?


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