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O botão Turbo no PC não servia para nada?

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Como a gente é iludido na vida…

Quando somos mais novos, acreditamos em qualquer coisa. E no passado, o acesso à informação era algo bem mais restrito. Poucas (e caras) revistas de informática e escassos programas de TV tentavam mostrar o caminho das pedras para os usuários.

E só o tempo é o senhor da razão, mostrando as verdades que os fabricantes jamais queriam que os usuários descobrissem.

O famoso botão “Turbo” presente nos computadores das décadas de 80 e 90 não servia para acelerar o funcionamento da máquina. Pelo contrário: diminuía o desempenho, contrariando o que muitos usuários acreditavam na época.

 

Por que o botão “Turbo” existiu?

Os primeiros PCs funcionavam com processadores Intel 8088 de 4,77 MHz. Com o surgimento de processadores mais potentes como o 80286, 80386 e 80486, surgiu um problema inesperado: os softwares da época eram programados para velocidades específicas.

Quando executados em computadores mais rápidos, esses programas funcionavam em velocidade excessiva, o que invariavelmente trazia problemas pontuais para cenários específicos.

Por exemplo, alguns jogos se tornaram impossíveis de serem jogados, vários travamentos foram detectados em alguns aplicativos e o tempo de resposta para os usuários foi drasticamente reduzido em alguns cenários, a ponto de tornar alguns apps simplesmente inutilizáveis.

A solução então foi adicionar um botão que permitisse alternar entre a velocidade normal do processador e uma velocidade reduzida, compatível com softwares mais antigos.

E por pura estratégia de marketing, em vez de chamá-lo de “lento” ou “redutor”, foi batizado como botão “Turbo”.

 

Uma bagunça generalizada

A empresa Eagle Computer, fabricante de clones de PCs, foi pioneira nesse recurso com seus computadores Eagle PC Turbo.

A função foi apresentada como se a máquina fosse tão poderosa que precisava ser “domada”, e logo se tornou uma característica amplamente adotada pela indústria.

Não havia padronização na implementação do botão. Em alguns fabricantes, utilizar o tal “Turbo” reduzia a velocidade (posição “desligada”), enquanto em outros a posição normal era lenta e o botão ativado liberava todo o potencial do processador.

Muitos computadores exibiam a frequência em um pequeno painel de LED na torre, com indicadores como “HI” ou “LO” para mostrar o modo de operação atual.

E só de lembrar disso, vem aquele sentimento nostálgico. Minha mente automaticamente ativa um “eu vi isso acontecer, eu sei como é… eu estava lá…”.

 

Quando o botão “Turbo” desapareceu dos PCs

Com o lançamento dos processadores Pentium em meados dos anos 90, os desenvolvedores começaram a implementar soluções de sincronização em seus programas, não dependendo mais da velocidade do clock da CPU.

O Windows 95 também incorporou mecanismos para evitar problemas de compatibilidade, algo revolucionário para o seu tempo, e mais um dos segredos do sucesso dessa versão do sistema operacional da Microsoft.

Essas melhorias tornaram o botão Turbo obsoleto, resultando no seu desaparecimento dos computadores comerciais. Os equipamentos foram se tornando gradualmente mais potentes, com os softwares ajustados para o desempenho bruto do hardware.

Hoje, o botão “Turbo” permanece como uma curiosa relíquia daquela época em que a velocidade do processador precisava ser controlada manualmente.

E não impulsionando ainda mais os processos para deixar o computador mais rápido.

Como fomos ignorantes naquela época… ou iludidos com uma retórica marqueteira…

E até mesmo nos dias atuais, em alguns casos específicos como na emulação de jogos antigos, ainda é necessário reduzir a frequência da CPU para que funcionem adequadamente, aplicando um “gargalo temporário” semelhante ao que o botão Turbo proporcionava.

Sinal que o tempo passou, e algumas práticas permanecem exatamente as mesmas.

 

Via How to Geek


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@oEduardoMoreira