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O fracasso de Lightyear liga o sinal de alerta para um problema muito maior para o cinema que aposta na nostalgia

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É difícil reconhecer isso, mas… Lightyear é um fracasso. E um dos claros indícios que a Pixar não se deu bem com um dos filmes mais hypeados de 2022 é o simples fato do longa não conseguir me sensibilizar a ponto de me fazer chorar. Algo que é uma regra nos filmes desse estúdio, pelo menos para mim.

E o fracasso não tem nada a ver com o polêmico beijo (na opinião do povo com mente retrógrada), mas sim com a existência do Disney+. Tem muita gente que nem se dá mais ao trabalho de ir ao cinema, pois espera o longa estrear no streaming.

Porém, esse pode ser apenas a ponta de um iceberg enorme para a Disney e a Pixar.

 

 

 

Tem a concorrência (é claro)

Lightyear não foi tão mal assim, considerando que o longa alcançou a terceira posição na bilheteria global e a segunda na bilheteria norte-americana. O problema é que o longa estreou competindo com dois autênticos blockbusters: Top Gun: Maverick (US$ 887 milhões arrecadados e contando) e Jurrasic World: Domínio (US$ 625 milhões e contando).

Em comum, os três filmes apostam pesado no sucesso de filmes anteriores, com a nostalgia servindo de principal argumento para levar as pessoas para as salas de cinema. Mas com os dois primeiros, as memórias do passado aguçaram mais os fãs. No terceiro, trocar a voz do Buzz pode ter sido um dos problemas.

Quem se deu bem nessa foi a Paramount. Com Maverick e Domínio, o estudo passou a Sony (Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa) e a Disney (Doutor Estranho no Multiverso da Loucura) como a campeão de bilheteria em 2022 até agora. Some os dois filmes com outros sucessos como Scream, Jackass Forever e Sonic the Hedgehog 2, e está mais que explicada essa liderança consolidada nas salas do cinema.

E, de novo, o efeito nostalgia se converte em muito dinheiro para a Paramount.

 

 

 

O problema não está na Marvel (por incrível que pareça)

Muitos se perguntam se o cinema de heróis já deu o que tinha que dar, principalmente depois de estreias não muito bem-sucedidas, como são os casos de Eternos, Morbius e até mesmo o próprio segundo filme do Doutor Estranho (que chegou no Disney+ em um tempo menor do que o normal).

Porém, No Multiverso da Loucura não foi tão mal assim, e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa funcionou tão bem que até hoje não foi para o streaming (está disponível para aluguel em diversas plataformas, o que mostra que a Sony segue arrecadando muito dinheiro com essa vaca com obesidade mórbida).

O que talvez seja necessário para os filmes da Marvel é uma reinvenção da forma, ou até mesmo apostar na nostalgia e no fan service para seguir capitalizando. Reunir os três Miranhas foi uma manobra que funcionou muito bem, e com o Multiverso mais que escancarado, as possibilidades neste sentido são quase infinitas.

 

 

 

O problema maior está na falta de originalidade

Muita gente está criticando a série Obi-Wan Kenobi (Disney+) por só apostar na nostalgia e não entregar nada de novo. E é fato que não basta jogar o Darth Vader na cara das pessoas. Hoje, todo mundo quer algo que use o nostálgico com originalidade, tal e como Stranger Things (Netflix) faz muito bem.

Top Gun: Maverick deu certo porque soube usar a nostalgia com inteligência e qualidade extrema. O enredo do filme não é uma grande novidade, mas as cenas de ação com caças reais são simplesmente revolucionárias.

Por enquanto, reviver o passado ainda funciona, mas dá evidentes sinais de cansaço. Infelizmente, LIghtyear foi vítima de uma fadiga que começou a afetar o emocional da audiência, e muitos preferiram manter a imagem do Buzz de Toy Story, entendendo que podiam esperar para ver o cara que inspirou o boneco em casa.

O que as pessoas querem é essa combinação do velho com o novo funcionando de forma quase simbiótica e orgânica. E, ao que tudo indica, pelo menos a Marvel parece ter entendido isso e, aos poucos, inicia a sua transição.

Um claro exemplo disso é Ms. Marvel (Disney+), que entrega uma perspectiva completamente diferente para apresentar uma história de origem de uma heroína bem diferente de todos os que já conhecemos. A própria Disney precisa ter maturidade par entender esse momento de transição para adotar essa nova visão para outras produções que apostam na reciclagem de conexão emocional.

Os “fracassos” de Lightyear e Obi-Wan Kenobi são recados claros disso. E, ao que tudo indica, outros alertas virão em um futuro não muito distante.


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@oEduardoMoreira