A crise nos cinemas está escancarada, e acaba de ganhar mais um capítulo que está deixando metade de Hollywood em pânico (quase que) literalmente.
Furiosa: Uma Saga Mad Max estreou ao redor do mundo e até liderou nos EUA. Porém, já pode ser considerado um fracasso de bilheteria, mesmo considerado um sucesso de crítica e público por respeitar a qualidade do excepcional Mad Max: Estrada da Fúria.
O fracasso de bilheteria do filme em sua estreia é algo histórico, e liga o sinal de alerta vermelho para o cinema norte-americano, pois a primeira grande estreia do verão entregou o pior desempenho dos últimos 29 anos.
Números assustadores
Furiosa: Uma Saga Mad Max liderou o seu final de semana de estreia nos EUA, mas arrecadou apenas US$ 31 milhões nos EUA, e US$ 33 milhões no resto do mundo. Apenas US$ 60 milhões na estreia de um filme com orçamento de US$ 168 milhões é um autêntico desastre.
Essa é a pior estreia de um filme em um final de semana de Memorial Day (feriado nacional nos EUA referente ao Dia dos Soldados Mortos) em 29 anos, com exceção dos anos de pandemia, que foram atípicos.
O que mais dói nessa história é que não estamos diante de um Madame Teia: Furiosa: Uma Saga Mad Max foi muito bem recebido pelos críticos, e foi aplaudido no recém encerrado Festival de Cinema em Cannes. Por outro lado, seu desempenho pode melhorar no melhor esquema do “boca a boca”.
Alguns casos pontuais do cinema de 2023 mostraram que alguns filmes melhoraram o seu desempenho nas bilheterias com o passar do tempo com a recomendação daqueles que foram até os cinemas antes do grande grupo para assistir às histórias.
Um exemplo clássico disso foi o de Elementos da Disney. Seu início foi bem fraco, mas no final de 2023 se confirmou como a produção mais lucrativa da Disney no período. E isso, porque esse passa bem longe de ser o melhor filme da Pixar.
Então, Furiosa: Uma Saga Mad Max pode ter um fio de esperança para se agarrar.
Uma franquia de futuro incerto
Essa estreia decepcionante de Furiosa: Uma Saga Mad Max constrói automaticamente um muro de dúvidas sobre o futuro da franquia Mad Max. Principalmente quando lembramos que quem detém os direitos dessa história é a problemática Warner Bros. Discovery.
Até o momento, não há um anúncio oficial de uma sequência ou expansão da franquia, mesmo com o claro interesse dos executivos da WBD para isso acontecer. O problema é que esse desempenho nas bilheterias abaixo do esperado pode desmotivar o estúdio a investir dinheiro em novas produções com a marca Mad Max.
Além disso, George Miller, o diretor dessa nova franquia, já tem 79 anos. E por mais que ele demonstre energia para trabalhar em novos filmes, bem sabemos que a idade pode pesar na iniciativa.
Por outro lado, Miller pensa no futuro de Mad Max em outras mídias. Recentemente ele expressou o interesse em um novo videogame da série, dirigido por ninguém menos que Hideo Kojima (Metal Gear, Death Stranding)… que, por sua vez, também está pensando na própria aposentadoria.
Então… é melhor a dupla se apressar.
Sei que muitos estão preocupados com o que está acontecendo com Furiosa: Uma Saga Mad Max, mas existem alguns pontos que podem atenuar a questão e oferecer uma perspectiva de futuro positiva para o filme.
Para começo de conversa, prequels não são populares junto ao grande público, e são voltados para os fãs que assistiram aos filmes da história principal ou o filme que dá origem para essa história pregressa.
Um exemplo clássico disso é o famigerado Solo: Uma História Star Wars, que teve um desempenho pífio nas bilheterias. Se bem que, neste caso, o filme era bem abaixo da crítica, o que não é o caso de Furiosa: Uma Saga Mad Max.
Além disso, é sempre importante lembrar que o aclamado Mad Max: Estrada da Fúria também teve uma estreia bem modesta nas bilheterias (arrecadando US$ 45 milhões no seu final de semana de estreia), mas que teve um crescimento gradual ao longo do seu período de exibição, encerrando sua campanha nas salas com US$ 380 milhões.
De qualquer forma, o fraco desempenho de estreia de Furiosa: Uma Saga Mad Max pode sim ser visto como um sinal de “início do fim” para o filme blockbuster, tal e como conhecemos. Isso acontece porque a criatividade nos cinemas morreu há muito tempo, com um “mais do mesmo” irritante e histórias abaixo da crítica.
O verão norte-americano de 2024 está bem fraco de estreias nos cinemas, onde a grande aposta é mesmo Deadpool e Wolverine em julho. A prova que não há absolutamente nada de interessante além desse filme na temporada é o cancelamento do MTV Movie & TV Awards, um dos eventos que ajudam a promover as estreias cinematográficas.
Ou seja, os estúdios de Hollywood precisam se tocar que algo está muito errado. E fazer alguma coisa para (tentar) reverter o quadro.