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Shattered, o reality competition mais infame da história da TV

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Quando a gente pensa que realitys como O Conquistador do Fim do Mundo e Survivor são extremos o suficiente, descobrimos que Shattered consegue ultrapassar todos os limites do bom senso.

Até porque poucas coisas são tão extremas do que ficar muito tempo sem dormir em um programa de televisão. Afinal de contas, várias provas de resistência do Big Brother basicamente se pautam por essa característica.

Se você nunca assistiu ao Shattered, vou entregar alguns minutos da minha vida para explicar o que aconteceu neste reality. Quem sabe você se interessa em conferir com os seus próprios olhos (sem dormir), ou quem sabe você se poupa dessa bobagem.

 

 

 

O Carlinhos Brown não é tão irritante quanto isso aqui…

Vários programas de reality competition foram criados ao longo das últimas duas décadas com diferentes (e absurdas) variantes argumentativas.

Alguns temas sempre funcionaram porque são edificantes. American Idol, The Voice, MasterChef, Top Chef e RuPaul Drag Race deram certo porque, de uma forma ou de outra, apresentaram na TV talentos genuínos de pessoas habilidosas em seus campos de atuação.

Já outros programas como Worst Driver, De Férias com o Ex e I’m a Celebrity, Get Me Out Of Here investiram no bizarro completo para atrair audiência gratuita.

O segundo grupo de programas se disfarçou de “experimento sociológico” para explorar alguns dos aspectos mais inusitados do ser humano, e não posso dizer que isso não funciona na TV. As audiências desses programas são argumentos mais que suficientes para justificar a existência dessas produções.

Muito bem, o que Shattered propôs em nossas vidas era a busca por uma pessoa que poderia ficar o maior tempo possível sem dormir, em troca de 100 mil libras. Se o participante fechasse os olhos por mais de 10 segundos, 1.000 libras são descontados do prêmio final (isso é, se você vencer).

O programa tinha um desafio diário entre 2h e 4h da manhã: o “se dormir, perde”.

Os participantes tinham que ficar acordados diante de desafios totalmente torturantes para pessoas que ficam muito tempo acordadas, como ficar abraçados com ursos de pelúcia, ouvir uma avó contando contos de ninar, sentar em uma cadeira confortável e observar o processo de secagem de uma pintura, ver pela segunda vez um simpósio sobre triângulos (uma das coisas mais empolgantes do mundo) ou contar ovelhas diante de uma televisão.

E é claro que o negócio só piora com o passar do tempo.

 

 

 

178 horas

Os participantes passavam por diferentes tipos de testes todas as manhãs, que avaliavam a capacidade de percepção de tempo, memória e agilidade mental. Aqueles que registravam as piores pontuações tinham que enfrentar o desafio da madrugada (pois são justamente esses que estão com mais sono).

Ao longo da competição, os participantes tiveram diversos tipos de alucinações, que iam desde acreditar ser o Rei da Austrália até roubos de roupas e histórias inventadas sobre suas vidas.

Sem falar que os produtores de Shattered pensaram em torturas piores para os participantes que a Endemol vetou, como descargas elétricas para manter todo mundo acordado. No lugar, um psiquiatra e um médico estavam prontos para ajudar nos casos mais extremos.

No final, Clare Southern foi a vencedora dessa loucura, levando para casa 97 mil euros (ela fechou os olhos três vezes por 10 segundos), aguentando 7 dias sem dormir e sobrevivendo à prova final que nada mais era que se deitar em uma cama e ficar acordada pelo maior tempo possível.

Os outros dois competidores não aguentaram nem 30 minutos nessa condição, e Clare ficou mais de duas horas acordada. Então, os produtores do programa exigiram que ela dormisse, depois de nada menos que 178 horas de insônia.

E isso porque Clare estava doida para ir ao banheiro, mas tinha medo de ser desclassificada ao manifestar essa vontade.

 

 

 

Os truques para não dormir

É claro que nem tudo o que foi apresentado em Shattered foi o que realmente aconteceu na realidade.

Para garantir que todo mundo sobrevivesse ao desafio, os produtores permitiam que os participantes tirassem cochilos de até 45 minutos de tempos em tempos.

Além disso, Clare tinha um truque para ficar acordada: produzir câimbras propositais nos pés, algo que não violava as regras da competição.

E para a surpresa de todos, nenhum dos participantes alegaram sentir problemas a longo prazo, com exceção de um desmaio de Clare na casa dos pais em cima de um prato de sopa no meio de uma frase qualquer. Mas depois disso, ela seguiu com sua vida normalmente (e com 97 mil libras na conta bancária).

Shattered foi ao ar entre 4 e 10 de janeiro de 2004, e as 178 horas sem dormir não foi um recorde mundial de insônia. A marca ainda é de 18 dias, 21 horas e 40 minutos, e ninguém em sã consciência deve tentar quebrar esse recorde.

O reality competition bizarro do Reino Unido não teve uma segunda temporada, mas entrou para a história por méritos próprios.

E nunca mais o Ilha da Tentação será a coisa mais absurda que você viu na televisão. Isso eu garanto!


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@oEduardoMoreira