Em 20 de dezembro de 1990, a World Wide Web (WWW) saiu do papel para ganhar vida na tela, através de uma página simples e autorreferencial criada por Tim Berners-Lee no CERN. E depois disso, veio tudo o que você conhece hoje: do meu blog até o TikTok.
Se hoje estamos na internet, é por causa dessa primeira página. Se você está lendo este artigo é por causa do trabalho de Tim Berners-Lee. E nunca é demais lembrar onde e como tudo começou.
A melhor parte é saber que qualquer um de nós pode acessar esse endereço até hoje, já que a primeira página web da história segue em pleno funcionamento.
A simplicidade e a profundidade da primeira página
O primeiro site web da história era só textos, links e instruções básicas. Era modesto e, ao mesmo tempo, poderoso, já que mostrava como você podia acessar documentos e até mesmo criar o próprio servidor web.
Naquela época. Em 1993. Hoje, qualquer imbecil pode ter um servidor no quarto.
Quando a web foi aberta para o mundo em 1993, foi a WWW que permitiu que a internet se tornasse uma ferramenta global, gratuita e acessível para qualquer pessoa.
Sem a criação de Berners-Lee, jamais teríamos a era digital moderna que se ergueu diante dos nossos olhos ao longo de três décadas.
Jamais teríamos também o Elon Musk tentando tomar democracias à força, mas entendo que os benefícios da internet ainda superam os seus efeitos colaterais.
A web da época era tão pequena, que cabia em um único computador NeXT, o de Berners-Lee, que carregava uma placa emblemática:
“Esta máquina é um servidor. Não desligue”.
Esse humilde servidor sustentou a primeira versão da web, como um ponto de partida de tudo que viria depois.
A WWW amassou o Gopher
O WWW era baseado em hipertexto, muito mais simples e acessível que o Gopher, e se tornou o padrão para uso da internet muito rapidamente.
Aliás, nem houve uma batalha de formatos neste caso: todo mundo entendeu que a internet precisava de um protocolo universal para a troca de dados que fosse fácil para qualquer um utilizar: de Berners-Lee até a sua avó.
E só a World Wide Web que tinha a capacidade de fazer isso. É o seu lema. Está até hoje escrito no primeiro site da história:
A WorldWideWeb (W3) é uma iniciativa de recuperação de informações de hipermídia de área ampla que visa fornecer acesso universal a um grande universo de documentos.
O conceito de hipermídia, que foi apresentado quando ninguém sabia direito o que era essa palavra, permitiu que dos textos planos os sites migrassem para plataformas visuais, com fotos e vídeos.
E sempre evoluindo para aumentar a qualidade das imagens, mas sem pesar demais na hora de acesso aos conteúdos.
Tudo bem, as conexões web evoluíram com o progresso da WWW. Mas pensar que essa mesma internet que acessamos hoje poderia ser menos atraente é algo que chega a dar calafrios para os mais criativos.
Não confunda as coisas
Embora frequentemente confundidos, a Internet e a WWW são termos ou tecnologias bem diferentes.
A Internet já existia há décadas, mas era restrita a usos específicos como BBS e FTPs. Apenas os militares, cientistas e universitários utilizavam essa tecnologia de forma recorrente.
Já web (ou WWW) abriu portas para a navegação acessível e interativa, revolucionando o que significava estar online. Construiu tudo o que vemos hoje nas telas dos computadores e smartphones, e é o que permite que você leia a este artigo neste exato momento.
Em 2022, a Fundação Telefónica propôs à UNESCO que o primeiro site fosse reconhecido como “Patrimônio Mundial”, enfatizando seu papel fundamental na história digital.
É uma forma justa de eternizar o impacto cultural que o site representou e a importância de preservá-lo para as futuras gerações.
A existência do site “http://info.cern.ch” é a prova cabal de um importante capítulo da a cultura moderna, representando um marco na forma como nos comunicamos e consumimos informação.
Sem essa criação, o mundo digital seria radicalmente diferente, e o modo como nos conectamos, bem mais limitado ou até mesmo inexistente em alguns aspectos.
Sem o nosso amigo Tim, eu seria um moribundo, pedindo comida nas ruas, e dependendo da caridade de quem me detesta.
Não que isso não aconteça neste exato momento. Mas ao menos a WWW permite que eu tenha um teto para me abrigar, o que já é muita coisa.