Todo mundo sabe que o Metaverso do Mark Zuckerberg ainda é um jogo ruim do Nintendo Wii, e não chega perto da metade de tudo o que ele prometeu que seria. Mas é melhor começar a abordar esse assunto, pois não podemos duvidar do sucesso dessa iniciativa.
Até porque ela precisa dar certo de alguma forma. Caso contrário, o menino Zuck vai perder uma grana violenta.
Eu sei que já escrevi sobre isso no TargetHD.net, mas não comentei esse assunto nas minhas plataformas pessoais. E como o tema do metaverso ainda está em relativa evidência, entendo que vale a pena estender a discussão por aqui.
Mesmo que o cidadão comum ainda esteja mais preocupado em ter uma internet decente do que em interagir com outras pessoas utilizando um óculos de realidade virtual.
Muitas pessoas estão se perguntando o que acontece se assassinamos alguém dentro do metaverso. E por mais que esse pensamento pareça um pouco ridículo neste momento, não dá para ignorar que essa possibilidade existe, e que o ato em si pode resultar em consequências sérias para os assassinos.
O metaverso é desculpa para alguém ser um criminoso?
É claro que não, mas precisamos contextualizar as possibilidades para explicar melhor as consequências desses atos.
Matar, roubar, ameaçar e violentar alguém são crimes graves quando realizados contra uma pessoa física no mundo real, em quase qualquer lugar do planeta. Porém, no mundo virtual, as regras tendem a mudar um pouco. Até porque o tipo de crime também muda, pois ninguém fisicamente é afetado.
Mas isso não significa que ninguém é prejudicado com esse tipo de ato só porque está acontecendo em um ambiente virtual. É fundamental ter em mente que, por trás dos avatares em um metaverso, existem pessoas reais que estão construindo naquele ambiente negócios com finalidades econômicas, vínculos sociais, práticas artísticas e várias outras atividades que também poderiam ser realizadas no mundo real.
Sem falar na reputação que você está construindo nesse ambiente virtual, como amizades, contatos afetivos, amantes, adversários esportivos e outros vínculos que serão similares aos que estabelecemos em nossa realidade.
Ou seja, quando você mata o avatar de alguém no metaverso, você interrompe o desenvolvimento dessa vida virtual, o que causa prejuízos diretos para aquela pessoa que foi vítima dos seus atos impensados. Por outro lado, se matar alguém no mundo real pode resultar em alguns anos de prisão, matar um avatar não necessariamente resulta em uma pena equivalente.
E é importante insistir nessa afirmação: nada disso é motivo para tirar a vida de alguém, tanto no mundo real como no virtual. É o Metaverso, e não uma partida de Fortnite, onde as regras do jogo de videogame deixam claro que você está autorizado a eliminar outro personagem para vencer no jogo.
O assassinato é de imagem neste caso
O mais importante a ser compreendido aqui é que os crimes do metaverso não podem sofrer do mal da impunidade, pois só tornaria o uso dessa tecnologia algo ainda pior. Logo, os casos de ameaça, exposição, violação, assédio e assassinato de um avatar devem entrar nas regras de crimes contra a integridade moral já existentes nas diferentes legislações do planeta, incluindo aquelas previstas nas leis brasileiras.
Em teoria, crimes contra indivíduos virtualmente representados em um ambiente como o metaverso são equivalentes aos regulados no Código Penal para tratamento degradante, assédio laboral, assédio imobiliário, assédio injusto e até, em alguns casos, a violência doméstica. Dependendo do tipo de delito cometido, você também pode ir para a cadeia por causa de um ato insensato na internet.
Além disso, crimes no metaverso também podem entrar nas punições aplicadas pelas violações de privacidade, principalmente nos casos de revelação de informações pessoais. Também podem ser enquadrados os usuários que assediarem menores em ambientes virtuais e, neste caso, já existem penas aplicadas no mundo real a esses casos que, infelizmente, são mais comuns do que se imagina.
É fundamental que, antes mesmo que se pense no uso e desenvolvimento de um metaverso, que se crie um sistema de segurança dentro das plataformas para que as chances de um crime grave acontecer sejam diminuídas ao máximo possível.
Caso contrário, o realismo de um assassinato no metaverso pode produzir um efeito devastador enorme nas vítimas, ainda mais com dispositivos que permitem sentir dor a partir das interações virtuais.