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O que aprendemos com a 8ª temporada de The Voice?

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THE VOICE -- "Live Semis" Episode 817B -- Pictured: (l-r) Meghan Linsey, Koryn Hawthorne, Sawyer Fredericks, Joshua Davis -- (Photo by: Trae Patton/NBC)

A oitava temporada de The Voice (NBC) chegou ao fim ontem (19), e é uma temporada que reforça lições antigas dentro dos realitys musicais, e ensina novas lições que explicam o atual cenário desse tipo de programa junto ao telespectador.

Não é segredo para ninguém que o gênero ‘reality competition’ ficou desgastado, e a temporada 2014-2015 como um todo deixou claro como esse declínio impactou negativamente na audiência do gênero. E nem falo de Utopia (Fox), uma tentativa de reinventar o reality na TV, mas que foi uma grande porcaria que ficou no ar por menos de três meses.

Também não vou citar no exemplo de Rising Star (ABC), alternativo do Superstar (Rede Globo), que foi ao ar durante a summer season, e também foi um fracasso de audiência, com uma fórmula de votação que cometia o absurdo de permitir que a audiência da Costa Oeste dos EUA ‘anulasse’ a votação da turma da Costa Leste. Tudo por conta do fuso horário.

Falo dos ‘peixes grandes’, como Big Brother (CBS), The Amazing Race (CBS), Survivor (CBS) e, especialmente, American Idol (Fox) e The Voice. No caso dos programas da CBS, Big Brother sofre do mesmo problema que aqui no Brasil: ninguém aguenta mais. Ninguém se importa com os zé-ninguém enganando os outros por grana. The Amazing Race foi relegada às noites de sexta-feira, perdendo a sua boa audiência dos domingos. E Survivor sofreu com uma temporada 30 abaixo das demais.

Já American Idol e The Voice se valeram do mesmo mal: fórmulas engessadas.

American Idol bem que tentou mudar as coisas, mas entendo até hoje que uma temporada com Nicki Minaj e Mariah Carey foi a última pá de cal no programa, resultando inclusive na merecida demissão de Nigel Lythgoe como produtor executivo do reality. Chega ao fim em 2016, vindo de uma temporada 14 com vários recordes negativos de audiência.

O mesmo risco corre The Voice em um futuro não muito distante. Duas temporadas para um reality musical é muita coisa. Ainda mais pelo fato que, mesmo com todos os esforços, a oitava temporada teve 28 episódios. São quase três meses e meio, com dois episódios semanais, sendo que alguns deles são de 2 horas de duração (ou 1h30, pulando os intervalos comerciais). É demais para a maioria dos mortais.

O problema de não utilizar um catálogo de músicas mais atuais (algo que perdurou em American Idol por anos) não se faz presente em The Voice. Mesmo assim, a fórmula dá claros sinais de cansaço quando episódios de eliminação registram recordes negativos de audiência qualificada, algo que é terrível para um programa onde teoricamente ninguém quer tomar spoiler na cara no dia seguinte – e, por conta disso, deveriam assistir o programa.

Sem falar que os norte-americanos – assim como os brasileiros – não sabem votar nos realitys. Definitivamente.

Simon Cowell cantou essa bola em American Idol lá atrás, quando Chris Daughtry foi eliminado de forma absurda e surpreendente, bem antes da final (temporada 5, 2006). O programa naquela época já estava se tornando muito mais um programa de popularidade, onde a audiência deixava de lado os verdadeiros talentos do programa. Três temporadas depois, Adam Lambert perdia a oitava temporada (2009) para um avulso qualquer, e American Idol começava o seu declínio.

A temporada 8 de The Voice foi uma repetição dessa teoria. Nada contra o vencedor, Sawyer Fredericks (do Team Pharrell), que era um dos favoritos para vencer o programa. Ainda mais diante dos concorrentes que ele teve na final do programa. Porém, haviam nomes melhores para ocupar as vagas na final.

É surpreendente como Joshua Davis conseguiu chegar na final. No seu lugar, Kimberly Nichole (do Team Christina) poderia muito bem fazer um papel mais efetivo, sendo forte candidata ao título. O TVLine chamou a sua eliminação como ‘a pior eliminação da história do The Voice’, e eu concordo com eles.

A eliminação prévia de candidatos com real potencial de vencer causa o automático desinteresse no telespectador, que por sua vez carrega parte da culpa por não saber votar direito. Resultado: The Voice registrou quedas de audiência nas duas semanas seguintes à essa eliminação.

Por fim, eu gosto de The Voice e dos realitys musicais. Mas a lição do declínio de American Idol está aí, para quem quiser ver. Reduzir a superexposição do programa, mexer um pouco nas regras para reduzir as chances de injustiças (o Instant Save só reforça o fator ‘popularidade’ no lugar do mérito), e ter a ciência de que o programa precisa ter longevidade apenas pelo fato das pessoas quererem assistir o programa.

NBC, Mark Burnett e companhia podem trabalhar nesses aspectos.

Enquanto isso, eu repenso se vale a pena ver a nona temporada de The Voice.


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@oEduardoMoreira