A OpenAI fez um movimento ousado ao lançar o GPT-4o, que agora está disponível com limitações para usuários gratuitos, em uma estratégia de expansão de alcance ao público geral.
O lançamento visa criar uma necessidade e aumentar a conversão para planos pagos, no melhor estilo “adestramento” ou (em uma expressão mais ousada, reconheço) “fornecedor de drogas”: oferece um gostinho das capacidades avançadas do modelo para usuários não pagantes, pois dessa forma eles podem se interessar em migrar para os planos pago.
A estratégia é ousada por um motivo bem simples: cada vez menos se justifica a assinatura do ChatGPT Plus, pois o modelo gratuito com GPT-4o é mais que suficiente para a grande maioria das pessoas.
ChatGPT Plus em ameaça(?)
A linha entre as versões gratuita e paga do ChatGPT está se tornando cada vez mais tênue, e muitos começam a se perguntar se o valor agregado do plano Plus se justifica.
Com funcionalidades avançadas sendo disponibilizadas para contas gratuitas, a atratividade do ChatGPT Plus tende a diminuir, afetando a estratégia de monetização da OpenAI.
E o fato do aplicativo nativo para macOS chegar a todos os usuários (incluindo aqueles com contas gratuitas) reforça essa percepção que o investimento no ChatGPT Plus simplesmente não se faz necessário.
Por outro lado, o aplicativo pode ser o que a OpenAI precisa para assentar de vez o ChatGPT junto aos usuários da Apple, aumentando a sua participação de mercado em uma plataforma sólida e pouco propensa a mudanças.
E se essa corrida é contra o Google, o ChatGPT ganha uma vantagem consistente.
As pedras no meio do caminho
Enquanto questionamos se o ChatGPT Plus ainda merece o nosso dinheiro, a OpenAI precisa lidar com alguns problemas no ChatGPT que também podem atrapalhar a sua possível jornada de monetização.
Um dos problemas mais sérios é o adiamento do recurso de conversação por voz. Muitos usuários esperam por essa funcionalidade, principalmente porque ela promete entregar uma experiência de interação quase nula. Porém, a OpenAI só vai entregar o recurso durante o outono (do hemisfério norte).
O adiamento da funcionalidade é outro fator que pode diminuir a pressão para a migração para o plano Plus. A OpenAI citou a necessidade de aprimorar a segurança e a detecção de conteúdo impróprio como razões para o adiamento.
De qualquer forma, a OpenAI parece estar priorizando a adoção em massa de suas tecnologias em detrimento da monetização imediata. É uma estratégia arriscada, mas pode resultar em uma base de usuários significativamente maior e (o mais importante) permanente.
A decisão de disponibilizar funcionalidades avançadas para todos pode forçar a concorrência a oferecer mais recursos gratuitos, aumentando a pressão no mercado de IA conversacional. Afinal de contas, quem já tem um recurso em uma plataforma e não encontra essa funcionalidade em outra tende a ficar no serviço que oferece o maior leque de opções.
E é sempre importante lembrar que o ChatGPT Plus ainda conta com alguns benefícios exclusivos, como o acesso prioritário em momentos de alta demanda, uso ilimitado do GPT-4o, armazenamento estendido de conversas para referências futuras, possibilidade de criar e personalizar GPTs e acesso antecipado a novas funções, entre outros.
Para muitas pessoas (principalmente para quem usa o ChatGPT em modo profissional, ou precisa dele para otimizar os seus projetos), manter essas vantagens justificam o pagamento do plano pago.
Agora, cabe à OpenAI contornar todas as problemáticas para manter o ChatGPT Plus algo atraente para esses pagantes. Uma das soluções que a empresa pode adotar é o lançamento antecipado do GPT-5 para os seus assinantes.
Mas… será que o GPT-5 está pronto?