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Os Simpsons… são negros?

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Todo mundo fala que está cansado de Os Simpsons (eu inclusive). Porém, impressiona o fato de muitos não largarem o osso da série e, em função disso, desenvolverem teorias sobre a trama. Seja pela diversão. Seja pela completa falta do que fazer.

Uma das mais recentes teorias pode dar um nó na cabeça de quem acompanhou todas as 36 temporadas (e contando) da série. Se confirmada (ainda não foi), seria um dos maiores plot twists da televisão, e abriria o portal de perguntas automáticas sobre controvérsias e contradições da trama.

E a teoria é: a família Simpson, na verdade, é uma família afro-americana. E existem elementos que se alinham com tal premissa.

 

Os códigos afro-americanos na família Simpson

Vamos começar pelo cabelo da Marge?

A teoria sugere que o penteado característico de Marge — o seu inconfundível “cardeal” azul — é, na verdade, um penteado afro.

TikTokers apontam que as filhas, Lisa e Maggie, e o filho, Bart, teriam herdado um tipo de cabelo que precisaria de cuidados similares, refletindo práticas comuns da cultura afro-americana.

Além disso, Marge dorme sempre com um “chapéu de cabelo”, um acessório tradicional usado na proteção de cabelos afros, e guarda os fios dos filhos na geladeira, um costume que remete a tradições culturais que sugerem origens afrodescendentes.

Os mesmos códigos afro-americanos estão presentes em alguns personagens secundários dentro da mesma família de Marge.

Suas irmãs, Patty e Selma, são vistas como “tias negras e fumegantes”, uma representação estereotípica de mulheres afro-americanas nas narrativas populares dos EUA. Seu desdém por Homer e estilo de vida independentes são consistentes com essa convenção narrativa.

Outro ponto que chama a atenção é o fato de Marge ter o sobrenome de solteira “Bouvier”, um nome com raízes francófonas, que remete aos crioulos do sul dos Estados Unidos, especialmente de áreas como Louisiana e Mississippi, onde se encontram fortes comunidades afrodescendentes com influências francesas.

Outros pequenos e relevantes detalhes nos membros da família Simpson apontam para essa direção. A predileção de Lisa por jazz e blues (estilos tipicamente afro-americanos), e Bart Simpson foi parar na MTV com um rap (e aparecendo em um vídeo ao lado de Michael Jackson).

Ou seja… até aqui, a teoria tem vários elementos que podem ser considerados plausíveis para uma confirmação. Certo?

Mas… vamos olhar para o que a própria série nos conta?

 

Uma revelação na temporada 21

No episódio “The Yellow Color”, Lisa descobre que um antepassado dos Simpsons ajudou Virgil, um escravo negro fugitivo. Essa revelação indica que Os Simpsons têm sim um antepassado afro-americano, apontando para uma possível linhagem mista dentro da árvore genealógica da família.

Quando essa teoria viralizou na internet, a série, que tanto era criticada (e com justiça) pela queda de qualidade narrativa das últimas temporadas, voltou a receber uma (agora) rara onda de elogios por trazer ao público a discussão sobre as nuances culturais da família central e da própria trama.

Essa visão reaproxima o programa de suas origens, com um tom mais irônico e satírico ao evocar temas culturais complexos, provocando uma reflexão da audiência e suas mazelas e hipocrisias.

Não é a primeira vez que desenhos animados e produções culturais norte-americanas colocam em discussão a questão racial.

Elmo, de “Vila Sésamo”, foi criado sem designações raciais explícitas, mas com inspirações em bairros negros como o Harlem em Nova York.

Logo, Marge e sua família poderiam ter raízes que refletissem as diversidades culturais americanas, ainda que de forma sutil e não declarada.

O único problema dessa teoria é que ela esbarra no simples fato de a cidade de Springfield já incluir outros personagens afro-americanos, como o Dr. Hibbert.

Isso pode sugerir que, embora os Simpsons sejam “amarelos”, a diversidade da série permite múltiplas interpretações sobre a inclusão racial e cultural de seus personagens.

A teoria não é confirmada pelos seus criadores, e é pouco provável que aconteça uma confirmação nesse sentido no futuro.

De qualquer forma, temos agora um novo prisma pelo qual os fãs podem interpretar a representatividade e os elementos culturais incorporados aos personagens de uma das famílias mais icônicas da televisão.

E isso não é pouca coisa para uma série que estava na mesmice do ostracismo.


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