Quem sou eu para julgar o coletivo (apesar dos pesares), mas é importante entender melhor o que está acontecendo, pois aqui é a arte imitando a vida mais uma vez. E neste caso, prejudicando a vida de quem fica se exercitando sozinho no quarto nas madrugadas.
Aqueles tempos em que os filmes da Emanuelle eram campeões de audiência nos finais de semana de jovens (e alguns adultos) mais solitários ficaram para trás. Os jovens, totalmente traumatizados com a ruindade entregue pelas franquias ’50 Tons de Cinza’ e ‘Crepúsculo’, estão desistindo daquilo que essas obras cinematográficas conseguiram estragar de forma (quase) miserável.
Se você pensar que Christian Grey e Edward Cullen eram os protagonistas masculinos mais absurdamente supervalorizados da história do cinema (e que Anastasia Steele e Bella Swam passam bem longe de serem as mulheres mais interessantes do planeta), fica fácil entender por que a Geração Z não quer o sexo nos cinemas.
Se é pra ser assim, é melhor nem mostrar
Um estudo realizado pelo analista de dados especializado em cinema Stephen Follows revelou que o conteúdo sexual em filmes de ação real (live action) diminuiu quase 40% nos últimos 25 anos.
Na contramão dessa tendência, o número de filmes sem qualquer conteúdo sexual aumentou de 20% para 50% anualmente. E uma das explicações que esse especialista apresenta para explicar por que isso aconteceu é justamente o fato das gerações mais jovens não se interessarem tanto em ver relações mais íntimas nas telas do cinema.
É claro que estou zoando quando digo que a culpa do desinteresse dos jovens em ver pessoas se pegando nos cinemas vem de duas das franquias mais rejeitadas pelas pessoas que contam com QI acima de 90. É puro preconceito da minha parte, admito.
Mas não posso ignorar a coincidência nos últimos 10 anos. Mas… como estamos falando de algo que começou em 1999…
…a culpa neste caso pode muito bem ser de ‘Beleza Americana’, um filme que muitos entendem que merece ser completamente esquecido.
Outros temas sensíveis em queda
O analista também examinou a presença de violência, drogas e linguagem imprópria nos filmes, o que não apenas reforça uma mudança de comportamento da audiência, como também que está mesmo na hora de Vin Diesel encerrar a franquia ‘Velozes e Furiosos’, por motivos óbvios.
Drogas e linguagem imprópria tiveram um leve declínio desde 2014, enquanto a violência, após diminuir há uma década, voltou aos níveis habituais.
O aumento da violência nos cinemas pode ser explicado pelo contexto de momento, onde as tensões estão exacerbadas em alguns países com divisões políticas e ideológicas.
Além é claro da eterna disputa “bolacha vs biscoito”.
Em compensação, mesmo com a diminuição de cenas sexuais, as que permanecem são mais explícitas, mostrando nudez frontal, close-ups de genitais e outros conteúdos considerados mais picantes.
Um exemplo disso é o excelente ‘Pobres Criaturas’, que conta com todos esses elementos, além de uma atuação de Emma Stone totalmente entregue ao ato sexual, sem qualquer tipo de pudor.
Mas isso aconteceu porque, basicamente, seu personagem no filme pedia isso. O sexo era uma ferramenta de transformação no filme, colocando contexto para a jornada da protagonista.
Diferente do que aconteceu no filme adulto protagonizado por Rita Cadillac e Alexandre Frota, mas desconfio que você não vai querer que eu fale sobre isso.
A Geração Z encontra o p0rn muito mais fácil na internet
Agora, vou deixar de lado a desculpa do “trauma provocado pelo sadomasoquismo fake” de Christian Grey, e entregar explicações de quem estudou o assunto mais assunto para entender o que está acontecendo.
Um estudo recente realizado peal UCLA concluiu que a Geração Z não tem interesse em ver sexo no cinema e na TV. Pelo menos 51% dos entrevistados preferem ver relações platônicas e amizades nos roteiros, e 47,5% entendem que o sexo “não é necessário” para as tramas.
De novo: não posso culpar uma geração cujo parâmetros de relações afetiva e sexual são baseados no relacionamento tóxico com toques de alpinismo social ou no trisal entre uma humana, um vampiro e um lobisomem.
Qualquer um com dois neurônios fica impotente diante de histórias tão patéticas.
Mas não podemos descartar a internet como elemento complicador deste cenário.
O fácil acesso à pornografia online e o uso das redes sociais tiveram um forte impacto negativo nas relações sexuais da Geração Z. No lugar de fazer sexo, os jovens estão se satisfazendo com o sexting ou com o sexo virtual, e até apelas para os conteúdos adultos encontrados em sites especializados para a prática do prazer solitário (no lugar de encher o saco de outra pessoa – ou tentar esvaziá-lo).
Tudo isso faz com que Hollywood, desesperada por audiência, siga o fluxo e entregue cada vez menos aquilo que as pessoas menos querem ver. Ou que os jovens, que mandam na cultura pop, podem passar sem.
Particularmente, algumas cenas de sexo são realmente descontextualizadas e desnecessárias em vários filmes. O sexo e a sexualização gratuita deveriam mesmo desaparecer do cinema, que precisa focar nas histórias e seus personagens.
E é importante não atribuir a “culpa” ou “responsabilidade” a uma única geração. Prefiro acreditar que estamos vivendo um período de transição da sociedade que, de forma inevitável, se reflete nos cinemas.
Então, seu Geraldo… a culpa não é do seu neto. Você não encontra filmes de sacanagem com tanta facilidade porque estamos evoluindo neste aspecto.
Mas para os adeptos da nobre arte do sexo em seu mais pleno estado de exibição e execução, a minha dica é a mesma de sempre: xHamster.
Recomendo fortemente.