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Por que a música pop pode te deixar ansioso

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A música é (na minha modesta opinião – e é a que realmente importa porque, oras bolas, esse blog é meu) a expressão artística que mais se conecta com as mais profundas emoções humanas.

A ciência provou, em diversas oportunidades, quais são os efeitos da música no cérebro humano, afetando diferentes campos. E diferentes estilos musicais podem afetar o comportamento das pessoas das formas mais variadas.

Muito foi dito sobre a música clássica acalmar, sobre o rock despertar a raiva… e agora, estão descobrindo que a música pop gera ansiedade.

Por que isso acontece?

 

Os efeitos da música pop no ser humano

Mesmo que você não seja um fã ativo de um artista ou banda, a música pop pode causar ansiedade devido à competição por sucesso na indústria musical.

Por ser o estilo musical que assumiu o protagonismo nos últimos 25 anos (pelo menos), a disputa pela audiência se tornou cada vez mais intensa. E isso se refletiu nas músicas que chegaram ao mercado e, por consequência disso, na reação emocional das pessoas aos lançamentos.

A combinação de ritmo, melodia, harmonia, timbre e altura ativa várias áreas do cérebro, provocando respostas emocionais e motoras.

Os demais estilos musicais despertam respostas semelhantes no ser humano. Porém, o que está acontecendo no caso da música pop ocorre em maior intensidade de resposta nos ouvintes.

E isso está acontecendo com uma geração mais propensa a ser ansiosa pelo ritmo de vida, pela pressão social ou pela necessidade emocional.

 

Como o “sub-bass” ativa a dopamina

O que determinou a música pop como fonte de ansiedade nos ouvintes foi a Escala Emocional de Música de Genebra (GEMS).

Criada por Marcel Zentner em 2008, essa escala identifica nove emoções geradas pela música:

  1. Alegria
  2. Tristeza
  3. Encantamento
  4. Transcendência
  5. Nostalgia
  6. Ternura
  7. Tranquilidade
  8. Poder
  9. Tensão

Ou seja, quando ouvimos uma música, independentemente do estilo, sentimos uma ou várias dessas emoções, que são processadas pelo nosso cérebro.

O que os estudos realizados detectaram é que, desde os anos 2010, a produção musical se voltou para sons mais graves e texturizados, influenciados pelo trap e pela busca por elementos que ativam a dopamina.

De novo… a dopamina. Um elemento que também está presente nos aplicativos de redes sociais em formato de carrossel e nos apps de jogos de apostas.

De 2010 para frente, se popularizou o tipo de som chamado “sub-bass”, que é um grave de frequência baixíssima, bem no início do campo de percepção do ser humano, que causa sensações além do ouvido.

Dá pra dizer que o “sub-bass” começa a atuar como uma substância lisérgica no ser humano.

Sons graves criam uma sensação de poder e motivação, mas também podem aumentar a ansiedade quando não são escolhidos conscientemente. Neste caso, estamos falando de padrões de repetição que não são musicalmente planejados ou estruturados.

Boa parte da música pop que escutamos não é o que podemos chamar de “música estruturada”, com um compositor que escreve tudo em uma partitura pensando especificamente na utilização de sons graves e agudos em função da harmonização sonora.

O uso das batidas em looping, dos graves de forma não racional e do autotune para a afinação do intérprete são elementos que reforçam a propensão da música pop moderna em ser um estilo não estruturado nos aspectos teórico musicais.

E isso está disseminado na música produzida nos últimos 15 anos.

Outro fator que entra nessa equação do aumento da ansiedade em função da música é o que os especialistas estão chamando de “guerra do volume”.

A indústria musical busca aumentar o volume das gravações para melhorar vendas, algo que também pode ser facilmente detectado pela análise de frequência de hertz das gravações entregues no mercado, mas isso pode resultar em perda de nuances sonoras.

Para quem quer relaxar e combater a ansiedade dos tempos modernos, a dica é: escolha músicas que realmente agradam aos seus ouvidos para te acalmar. Escolha mais por você, deixando de lado aquilo que é imposto pelos algoritmos e playlists.

 

Via G1


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