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Por que Jerrod Carmichael quis falar a “palavra proibida” em rede nacional na NBC?

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Jerrod Carmichael

 

The Carmichael Show (NBC), comédia protagonizada pelo comediante Jerrod Carmichael, decidiu mudar de rumos na atual temporada. Passou a abordar temas mais sérios, com um discurso que navega entre as críticas à atual presidência dos Estados Unidos e o racismo, que muitas vezes pode vir do próprio negro.

A decisão de Jerrod Carmichael é louvável, apesar de ter um claro interesse comercial dele e da NBC. Afinal de contas, a sitcom só está indo na esteira de outra série muito popular hoje, Black-ish (ABC), que também aposta no humor com tom de crítica social para fazer sucesso.

Porém, as polêmicas com The Carmichael Show tomaram outras dimensões, quando Bill Maher, apresentador do Real Time (HBO), disse a “palavra proibida”, ou a “N-Word”.

Apenas para a maioria entender. Nesse caso, o falso cognato linguístico se faz presente, já que no Brasil, a melhor expressão para definir um afro-descendente é NEGRO, e não PRETO (já que aqui esse termo se refere a cor, e não à raça da pessoa).

Nos Estados Unidos, é justamente o contrário: é muito mais aceitável o BLACK PEOPLE (que engloba inclusive aspectos culturais dos afro-descendentes) que NIGGER (que é assumido como uma linguagem pejorativa e depreciativa ao afro-descendente).

Pois bem, Bill Maher ousou dizer a N-Word na HBO, foi duramente criticado e teve que pedir desculpas no programa seguinte. Já Carmichael quer desmistificar o termo, tentando focar na situação em que ela é utilizada, e não exatamente pelo fato dela ser dita.

Em The Carmichael Show, a N-Word é usada pelo menos seis vezes no mais recente episódio focado nesse tema, o que pode ser considerado uma façanha: nunca uma produção na TV aberta utilizou tantas vezes a “palavra proibida” em um único programa de TV, e em um tempo tão curto (um episódio de 30 minutos).

Independente dos interesses comerciais já citados, entendo que é vitória para a TV a médio e longo prazo. Carmichael destaca muito bem que não é o uso de uma palavra que vai mudar a forma de pensar do americano médio, ou resolver o problema do racismo nos Estados Unidos. Há temas bem mais sérios do que esse, e o que realmente importa é o contexto em que a palavra está aplicada, e não se ela foi utilizada ou não por alguém.

De qualquer forma, o tema é polêmico e vai render barulho na mídia norte-americana. E era exatamente isso que a série queria e precisava. Hoje, falamos de uma série de summer season que até tem boa audiência, mas que só está em tamanha evidência pelo simples uso da N-Word.

Objetivo alcançado, NBC.


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@oEduardoMoreira