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Por que o Emmy esnoba as crianças?

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Chega a soar de forma irônica a declaração a seguir. Palavras da Academia do Emmy: “é uma era de ouro para jovens atores que trabalham nas produções do primetime”. Então… por que não temos nenhum vencedor infantil ou infanto-juvenil no Emmy nos últimos 26 anos?

Interpretar uma criança nas séries atuais é qualquer coisa, menos coisa de criança. Os personagens mais jovens do mundo das séries estão lidando com um volume de temas adultos que jamais vimos na história da TV (autismo, homossexualismo, alcoolismo, câncer, divórcio dos pais, entre outros), e alguns deles com plots que os tornam aptos para estarem indicados entre os grandes, como Bryan Cranston (Breaking Bad) ou Kyra Sedgwick (The Closer). E, veja bem: estou dizendo SER INDICADO, o que não significa que mereçam ganhar.

Um exemplo disso é Parenthood (NBC), que teve a coragem de colocar Max Burkholder, 13 anos de idade, para interpretar um personagem com Síndrome de Asperger. E ele é personagem regular. O motivo disso é que as crianças de hoje realmente sabem atuar aos olhos de produtores e agentes. Mas, mesmo assim, os votantes do Emmy “preferem ficar com os personagens adultos, por serem mais sérios competidores ao prêmio”. Como assim?

Outro exemplo dessa nova fase da atuação infantil nas séries é Modern Family (ABC), onde muitos no ano passado clamavam pela indicação de Rico Rodriguez. Porém, até ele sofre de uma das maiores vantagens da série: um elenco muito nivelado. Na opinião de John Leverence, um especialista na mecânica de indicação dos prêmios Emmy, nos dias de hoje não há “uma única estrela infantil em séries como Modern Family e Parenthood, e o elenco adulto das duas séries é muito equilibrado, ficando difícil que as crianças recebam o devido destaque”.

Além disso, ainda há o pré-conceito que “atuar para as crianças e adolescentes é algo fácil”. Não, não é. Excluindo os exemplos de atores jovens que são verdadeiras “estátuas de cera” (um abraço, Angus T. Jones), alguns atores que estão com 23 anos de idade precisam fazer papéis de 16, 17 anos. E parte do processo é se lembrar como é ter 16, 17 anos de idade. É claro que isso não se aplica em todos os casos (outro abraço, Cory Monteith). Isso, sem falar na rotina de 12 horas de gravação, que obriga os jovens atores a estudarem nos sets de gravação, entre outros inconvenientes.

O mais jovem vencedor da história do Emmy foi a atriz Roxana Zal, que em 1984 atuou no telefilme Something About Amelia, que naquela época falava de incesto. Mas a Academia jamais premiou um ator que estivesse abaixo dos 18 anos atuando em uma série de primetime. A mais jovem indicada foi Claire Danes, que com 16 anos de idade foi indicada a melhor atriz em 1995, pela série My So-Called Life (ABC).

Antes de Danes, foram indicados: Sara Gilbert (Roseanne) aos 18 anos (1993), Fred Savage (The Wonder Years), aos 13 anos (1989), Melissa Sue Anderson (Little House on the Prairie), aos 16 anos (1978) e Patty Duke (The Patty Duke Show) aos 18 anos (1964). Se compararmos aos prêmios do Daytime, é covardia. O Daytime adicionou duas categorias para os atores mais novos (Melhor Ator/Atriz Jovem), para acomodar a grande quantidade de profissionais com menos de 25 anos de idade que estavam atuando nos dramas diurnos (depois, eles renomearam essas categorias para Melhor Ator/Atriz Juvenil em Dramas).

Logo, parece que o problema está mesmo nos velhinhos da Academia do Primetime. Eles se esqueceram que o mundo mudou, e cada vez mais cedo os talentos aparecem. Com tantas séries com bons atores jovens (pois só citamos duas; dê uma olhada nas séries de TV a Cabo norte-americanas, como The Big C, United States of Tara, etc), está na hora do Emmy olhar com mais atenção para o que é novo. Afinal, o trabalho é de alta qualidade. E antes Rico Rodriguez do que Simon Baker (tá, eu sei que são de categorias diferentes, mas o que vale é a intensão).

baseado no texto do THR


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@oEduardoMoreira