Um fenômeno curioso está afetando os consoles Super Nintendo em todo o planeta: eles ficam mais rápidos com o passar do tempo, indo na contramão de toda a tecnologia mais recente do que o videogame lançado na década de 1990, que é ficar cada vez mais lento pelo tempo de uso.
A descoberta, inicialmente compartilhada pela TASBot no Bluesky em 26 de fevereiro, rapidamente mobilizou a comunidade de entusiastas do console 16 bits da Nintendo. Proprietários de todo o mundo correram para testar suas máquinas, buscando confirmar se o comportamento era generalizado ou apenas um caso isolado.
Não é um caso isolado. Não é um efeito placebo. E todo mundo está atrás de respostas para o que está acontecendo.
Por que isso está acontecendo?
A credibilidade da observação sobre o desempenho do Super Nintendo ganha força pela fonte que compartilhou a informação.
Alan Cecil, programador por trás do TASBot (Tool-Assisted Speedrun roBOT), é figura respeitada na comunidade de speedrunners. Seu projeto, desenvolvido para completar jogos em velocidades superiores às humanamente possíveis, exige precisão absoluta.
Quando Cecil notou a anomalia de performance, centenas de usuários desengavetaram seus consoles para verificação.
O culpado pela aceleração? O chip de som SPC700 e seu DSP de 16 bits, identificado como S-DSP, ambos fabricados pela Sony sob liderança de Ken Kutaragi, futuro criador do PlayStation.
Os componentes operam em conjunto com um ressonador cerâmico, teoricamente programado para gerar clock de 32.000 Hz, o que ajuda a explicar (em partes) a melhora de desempenho do Super Nintendo.
E também confirma que a Sony tinha mesmo a faca e o queijo na mão para dominar por completo o mundo dos videogames com um console próprio. Afinal de contas, não podemos negar que o PlayStation é consistentemente um produto de tecnologia de qualidade, considerando todas as suas gerações.
Mas o assunto não é o PlayStation neste artigo.
Não é uma descoberta totalmente inédita
Em 2007, desenvolvedores de emuladores já haviam detectado frequências ligeiramente superiores no Super Nintendo, ajustando seus programas para 32.040 Hz para reproduzir jogos com máxima fidelidade.
Dezoito anos depois, a aceleração de hardware continua.
Mais de cem usuários responderam ao chamado de Cecil, confirmando frequências elevadas em seus próprios consoles. A medição mais alta documentada até o momento atinge impressionantes 32.182 Hz.
A Murata, fabricante japonesa do ressonador cerâmico, confirmou que diferentes condições físicas alteram a frequência de oscilação, sugerindo que o tempo modifica gradualmente este componente.
Esta alteração aumenta a velocidade de transferência de dados entre a CPU e o chip de som. Felizmente, nada indica que o comportamento anômalo reduzirá a vida útil do oscilador.
O verdadeiro risco para os consoles vintage permanece nos capacitores, componentes notoriamente mais frágeis no Super Nintendo e em outros sistemas clássicos.
Moral da história: o Super Nintendo é um dos melhores consoles de videogames da história, e é uma obra-prima da Nintendo. É tão bom que, assim como o vinho, ele está ficando cada vez mais rápido e melhor.
Quem perde com isso é aquele pobre coitado que tenta comprar um Super Nintendo a partir de agora, pois essa informação vai valorizar ainda mais as unidades disponíveis no mercado de usados, que vão ficar bem mais caros.
Via 404 Media