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Por que os robôs perderam a meia maratona em Pequim para os humanos

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Vários sites de tecnologia (e até mesmo grandes portais da internet) divulgaram a notícia da participação de 21 robôs que enfrentaram atletas humanos em um desafio de meia maratona em Pequim (China).

Vamos combinar que correr 21.097 metros passa bem longe de ser uma tarefa fácil para qualquer ser humano. E para os robôs também, mesmo considerando toda a evolução tecnológica da robótica que já testemunhamos.

Os robôs fracassaram, permitindo que os humanos respirem aliviados por mais algum tempo. Mas muitos desses sites só noticiaram a disputa, sem explicar por que um “atleta” da Noetix Robotics não consegue superar um queniano em uma corrida longa.

Bom… eis a minha missão neste artigo.

 

Por que nem com ajuda os robôs venceram?

Não adianta nada o robô ter expressões faciais realistas para sorrir e piscar para a concorrência.

Para começo de conversa, robôs e humanos não correram juntos, e as máquinas contaram com equipes de engenheiros substituindo suas baterias e monitorando o desempenho durante o trajeto.

O que é justo, pois o desafio serviu para coleta de dados das máquinas.

O desempenho dos robôs foi decepcionante, com apenas seis máquinas cruzando a linha de chegada, e com velocidades muito inferiores às humanas. O campeão mecânico, Tiangong Ultra da UBTech, completou o percurso em 2h40min após três trocas de bateria e uma queda.

Este foi o único robô a finalizar dentro do limite de 3h10min estabelecido para corredores humanos. Vale lembrar que o recorde mundial humano da meia maratona é de 56min42s, enquanto amadores bem-preparados completam em cerca de 1h45min (homens) ou 2h (mulheres).

Aparentemente, o principal problema dos robôs para entrar em uma disputa de verdade com os humanos nas corridas é a autonomia de bateria, que ainda não dá conta para gerenciar a autonomia em função da maior demanda ou esforço para obter uma maior velocidade média.

Mais ou menos do mesmo jeito que acontece com as baterias dos nossos smartphones.

Sem falar que os robôs não eram completamente autônomos nas decisões. Não contavam com inteligência artificial, e os engenheiros e operadores humanos eram responsáveis por suas decisões de rota e remoção de obstáculos pelo caminho.

O processo de tomada de decisões é outro fator para deixar o desempenho dos robôs algo ainda mais débil.

É importante contextualizar que esses robôs não foram projetados especificamente para corridas. Sua função primária é executar tarefas diversas que nada têm a ver com locomoção rápida.

Mesmo assim, especialistas destacam a evolução do setor – há alguns anos, era difícil até mesmo vê-los andando. A participação bem-sucedida de alguns modelos demonstra notável avanço na robustez mecânica.

Ou seja, se a Boston Dynamics criar um robô atleta especificamente preparado para as corridas, as chances da empresa entregar uma máquina pronta para superar um queniano são consideráveis a partir de agora.

 

Valeu a pena, apesar das cenas constrangedoras

Nem tudo foi um desastre nos testes dos robôs maratonistas. Ao menos algumas cenas bem engraçadas foram registradas, para a alegria de todos.

Robôs que foram constantemente lentos, alguns que caminhavam balançando a cabeça de forma descontrolada, e até mesmo aquele que usou rodas no lugar de pernas (em um claro “modo trapaça”), girou sobre o próprio eixo e caiu logo após da largada.

É importante lembrar que grandes nomes da robótica global estiveram ausentes da competição, o que reforça a dúvida sobre um real desempenho dos robôs mais avançados neste cenário esportivo.

Nem o Optimus da Tesla nem o Atlas da Boston Dynamics participaram. Também faltaram o Figure O2 da Figure AI e o Apollo da Apptronik. Mesmo empresas chinesas relevantes como Unitree (presente apenas com duas unidades usadas por outras instituições), Agibot e Robot Era (com seu corredor STAR1) não competiram oficialmente.

No final das contas, o teste serviu para mostrar os avanços de momento na robótica, mas também para coleta de dados e exposição de limitações que precisam ser contornadas.

Pelo menos por enquanto, os robôs não estão aptos para competições atléticas, mas com o desenvolvimento adequado, podem realizar tarefas cada vez mais complexas.

Com os dados já coletados, teremos avanços e novos desenvolvimentos focados em mobilidade robótica avançada para aplicações futuras.

E você, atleta de final de semana ou fundista profissional, pode respirar aliviado.

Por enquanto.

 

Via The GuardianWired


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@oEduardoMoreira