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Por que The Last Man on Earth deu certo?

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Eu confesso que quando vi o Will Forte (ex-SNL) barbudo, sujo e maltrapilho desse jeito, eu não colocava muita fé em sua série. Quando vi o primeiro promo – onde ele canta o hino nacional dos EUA sozinho, em vários cenários -, eu acreditei que aquilo jamais poderia funcionar. Mas The Last Man on Earth (Fox) funcionou. E funcionou tão bem, que teve a sua segunda temporada garantida antes mesmo da primeira chegar na metade.

A ideia geral da série é do próprio Will Forte. Particularmente, eu acho ele um cara divertido e criativo. Ok, ele tem no seu histórico o MacGruber, que conseguiu a façanha de ser algo muito bom (no SNL) e algo muito ruim (no filme centrado nesse personagem). Mas de um modo geral, Forte tem crédito comigo e com muita gente. Mostrou ser um ator que vai além dos personagens cômicos em Nebraska, mas como o que ele melhor sabe fazer é contar piadas, investiu o que tinha e o que não tinha em The Last Man on Earth.

A série ‘do último homem na Terra’. Que, mesmo não sendo exatamente essa a premissa da série, acabou funcionando muito bem.

Ok, ele não é o último homem da Terra. Tem pelo menos mais um ‘último homem’ e três mulheres – apesar do pobre Phil Miller não encontrar ninguém por anos depois da epidemia que acabou com a população do planeta -, o que para muitos acabam quebrando completamente o conceito geral da série. Mas… quem se importa? Mesmo assim, a série funcionou, e foi melhor que outras pessoas aparecessem na série.

Eu me lembro que quando falei sobre o piloto de The Last Man on Earth que me senti incomodado em ver quase 22 minutos de Will Forte, e que era necessária pelo menos mais uma pessoa na série para que a mesma funcionasse. Felizmente, Carol (Kristen Schaal) aparece já no segundo episódio, que é bem melhor que o primeiro, pois tudo passa a funcionar de forma mais orgânica, estabelecendo melhor as bases do conceito geral da série.

Até porque The Last Man on Earth não fala exatamente do ‘último homem da Terra’, mas sim da questão que muitos se fazem de tempos em tempos: o que você faria se você tivesse um planeta só para você? Mais: Phil e Carol também passam a metáfora do Adão e Eva nos tempos modernos (várias referências disso estão nos episódios 2 e 3 da série), até o ponto em que aparece na vida deles a bela Melissa (January Jones), que chega para bagunçar o coração de Phil – um homem recém casado com Carol nesse novo mundo -, que se pergunta ‘por que eu me casei tão rápido?’.

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O mais legal de The Last Man on Earth é que a série consegue apresentar essas propostas/questões, que nem são tão filosóficas assim, dentro de um cenário inusitado e divertido. Phil aparentemente é um cara comum, como outro qualquer, mas que vive em um mundo pós-apocalíptico. Acho que, nesse cenário, qualquer um de nós faria de uma piscina uma grande privada, ou de uma pequena piscina uma marguerita gigante. A maioria ia virar um mendigo, deixando a barba crescer, comendo qualquer porcaria de supermercado e falando com bolas de todos os tipos.

E Carol (aka a surtada)? Tem muita gente por aí do jeito dela: cética, segue as regras de forma rígida, se envolve de corpo e alma ao homem que vai ajudá-la a repovoar a Terra, respeita sinais de trânsito mesmo quando não existem outros carros em movimento no planeta, entre outras coisas que, mesmo depois do fim do planeta como conhecemos, certamente seriam praticadas por algumas pessoas.

Inclusive se convencer que a Terra não pode ser repovoada pelos filhos dos seus filhos, já que eles seriam irmãos de qualquer forma. Ou pais dos seus próprios irmãos. Ou filhos do seus primos. Ah, sei lá…

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The Last Man on Earth deu certo. Com uma proposta diferente das demais, um texto ágil e um timing de comédia inteligente, garantiu uma boa demo dominical da Fox. Deu a sorte de ir para um dia da semana onde o canal da raposa já está acostumada a ter uma audiência mediana, e com uma demo média de 1.2 a 1.5. E como a série ficou nessa média ao longo da primeira temporada (com uma audiência geral até um pouco acima disso), teve a sua renovação garantida com certa facilidade.

Que a Fox não cometa o erro de tirar a série dos domingos. Está funcionando bem por lá, fazendo par com Brooklyn Nine-Nine (que, nada nada, está indo para a sua terceira temporada). Pode representar o fim dos blocos de animação do canal? Ainda não, já que The Simpsons está garantido até 2017 (pelo menos), e tanto Family Guy como Bob’s Burgers entregam boa audiência. Mas é uma alternativa para a programação das noites de domingo, que está recheados de séries dramáticas nos demais canais.


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@oEduardoMoreira