Eu gosto de café. Mas isso aqui é aquele típico caso das pessoas que ultrapassam qualquer limite em nome dessa deliciosa bebida.
O desenvolvedor de software Gabriel Ciubotaru, especialista em segurança cibernética e engenharia reversa, estava irritado com o fato de sua cafeteira desligar automaticamente após 30 minutos.
O eletrodoméstico fazia isso por um motivo até nobre: passar por um ciclo de purificação para ser religada antes de voltar a passar um novo café.
Se sentindo frustrado com um recurso que, para Gabriel, representava um desperdiço de água e do seu tempo, ele decidiu fazer alguma coisa.
Ou melhor, o que ele sabe fazer de melhor: hackear a cafeteira.
Como Gabriel hackeou a sua cafeteira
Ele concluiu que a configuração máxima de três horas para manter o seu café aquecido não era o suficiente para o seu ritmo de consumo de café (a cada quatro horas #viciado).
Para hackear a cafeteira, Gabriel removeu a placa=mãe, localizou o microcontrolador do eletrodoméstico, identificou o sistema programado e mudou o seu firmware.
Após as alterações, a cafeteira passou a funcionar do jeito que ele queria. O problema é que ele investiu 100 horas de trabalho para economizar 30 segundos por dia.
Não sei… não sou bom de matemática, mas algo me diz que essa conta não fecha.
Mas o que importa é que Gabriel considerou o esforço válido por garantir que o aparelho respondesse aos seus desejos, não aos interesses do fabricante.
E ele está certo. Ele comprou o produto, logo, pode fazer o que quiser com ele.
Outros hacks populares em cafeteiras
Dá para fazer outras modificações para obter o café do jeito que você quer.
Por exemplo, a DeLonghi Dedica, uma máquina bastante popular na Europa, pode ser reprogramada através de uma combinação específica de botões para permitir extrações mais lentas quando se utiliza um porta-filtro não pressurizado.
Outro hack famoso é de modificar o bocal da espuma de leite, removendo a parte metálica e mantendo apenas a borracha para obter mais controle sobre o processo.
Essa não é uma modificação tão simples de ser executada, pois exige a adição de uma falange para evitar que o bico estoure devido à pressão. Logo, faça essa alteração por sua conta e risco.
Nas cafeteiras de filtro, é possível remover os cabos que alimentam o elemento de aquecimento da base, evitando assim que o café continue “cozinhando” depois de pronto, o que altera o sabor da bebida.
Hackear uma cafeteira pode ser algo perigoso
É claro que existem implicações mais sérias na prática.
Martin Hron, pesquisador de segurança da Avast, revelou que, ao invadir uma cafeteira inteligente Smarter Coffee de primeira geração, várias vulnerabilidades foram reveladas, e os usuários precisam ficar atentos a isso.
O dispositivo funcionava como um ponto de acesso Wi-Fi desprotegido, com conexões não criptografadas e permitindo atualizações de firmware sem autenticação. E as consequências dessa vulnerabilidade podem ser bizarras.
O pesquisador conseguiu fazer o moedor girar de forma totalmente descontrolada, e o comportamento da cafeteira é mais similar ao de um espírito possessor.
O eletrodoméstico passou a desperdiçar água fervente, emitir sons incômodos e até exibir mensagens de resgate solicitando pagamento para normalizar o funcionamento.
Ou seja, dispositivos IoT vulneráveis são uma ameaça para os usuários, e podem ser explorados para fins maliciosos, como mineração de criptomoedas e roubo de dados sensíveis.
Por outro lado, o hardware limitado desses aparelhos geralmente dificulte tais operações. Logo, é relativamente seguro modificar a sua cafeteira para que ela faça um pouco mais de café ao longo do dia.
Mas é sempre a sua responsabilidade se você mudar o produto por conta própria. Você está fazendo isso por sua conta e risco.