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Por que Zuckerberg tem mais a perder que Musk com o fim da verificação de fatos no Instagram e Facebook?

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Mark Zuckerberg decidiu seguir os (perigosos) passos de Elon Musk, e anunciou a remoção do sistema de verificação de fatos nas plataformas Facebook e Instagram.

A mudança visa (segundo o próprio Zuckerberg) restaurar a liberdade de expressão que, segundo ele, foi comprometida por políticas anteriores de moderação excessiva.

Na prática, Zuck, assim como Musk, Tim Cook, Sam Altman e vários outros grandes CEOs do setor de tecnologia, quer se aproveitar do segundo mandato de Donald Trump, que deixa claro que vai proteger as Big Techs que vão abraçar suas bandeiras ideológicas.

Menos é claro a ByteDance. O TikTok pode ser expulso dos EUA, no mais puro suco da hipocrisia.

Agora… Mark Zuckerberg tem mais a perder do que o cara que queria medir o tamanho da banana com ele e até chegou a desafiá-lo para uma luta no melhor estilo MMA.

Será que Zuck está disposto a administrar as perdas?

 

O contexto do cenário de momento

A decisão ocorre em um momento em que os líderes de tecnologia estão se alinhando com uma abordagem mais liberal, para atender as agendas de Trump.

Não é uma surpresa para (quase) ninguém o movimento de Zuckerberg, considerando que o próprio já havia expressado anteriormente sua intenção de ser neutro em relação ao conteúdo postado nas redes sociais.

A Meta planeja substituir o sistema de verificação de fatos por um modelo baseado em “notas da comunidade”, semelhante ao utilizado por outras plataformas.

Quem tem QI acima de 90 e bom senso sabe muito bem quais serão os resultados práticos disso: o mesmo que aconteceu no X (finado Twitter), que virou um mar de notícias falsas e desinformação.

O efeito colateral do fim da moderação especializada é o ambiente tóxico que vemos no X hoje. E no caso do Facebook e do Instagram, os sistemas de verificação de fatos eram até eficientes.

Zuckerberg está tão empenhado em fazer essa medida acontecer, que está retirando o que restar dessa estrutura do estado da Califórnia (com espectro político oposto ao de Trump) para o Texas (a Santa Catarina dos EUA – e eu sei que você vai entender a referência).

A transição será aplicada nos Estados Unidos, mas enfrentará restrições no Brasil e na Europa devido à Lei de Serviços Digitais (DSA), que exige medidas rigorosas contra a desinformação.

E é aqui que Mark Zuckerberg tem mais a perder que Elon Musk.

 

As implicações legais e financeiras

A DSA impõe multas severas para plataformas digitais que não cumprirem suas diretrizes. No mundo prático, sanções financeiras, que é onde mais dói em qualquer pessoa ou empresa.

No caso da Meta, as multas podem chegar a 6% do volume de negócios global, o que representa um risco financeiro significativo para a empresa.

Todo mundo gosta de dinheiro em um mundo capitalista. Incluindo os investidores e acionistas da Meta.

Será que Mark Zuckerberg consultou esse povo todo antes de ir para a Fox & Friends (o programa de TV preferido do Donald Trump) para anunciar, em rede nacional, que o Facebook e o Instagram estavam liberados para contar mentiras, promover difamações e articular a derrubada de democracias inteiras?

A European Fact-Checking Standards Network (EFCSN) manifestou sua desaprovação em relação à decisão da Meta, defendendo que a verificação de fatos não deve ser confundida com censura.

Aliás, nunca foi censura. Você pode falar o que quiser na internet. Porém, se o que você fala é mentira ou coloca outras pessoas em risco, tem que pagar pelas consequências disso.

A internet jamais deve ser encarada como “terra sem lei” apenas por ser uma plataforma virtual ou imaterial. Só os desonestos acreditam nessa hipótese absurda.

A EFCSN enfatizou a importância do seu trabalho em fornecer contexto e dados sobre informações publicadas, ainda mais em tempos em que a verdade é questionada o tempo todo.

O possível caso da Meta com a falta de conformidade com as normas da DSA pode servir de precedente legal para decisões que podem ser aplicadas para outras grandes plataformas digitais que estão no mesmo caminho que Zuck escooheu, incluindo (é claro) o X de Elon Musk.

Quando Flávio Dino questionou a capacidade das plataformas em moderar o conteúdo sem infringir a liberdade de expressão, ele deixou claro que políticas internas das empresas podem ser modificadas para se adaptarem ao que determina a Constituição brasileira.

Pelo visto, a Europa inteira concorda com ele. E Mark Zuckerberg pode perder muito dinheiro no movimento insano de atender aos interesses de Donald Trump.

É claro que o mundo civilizado está preocupado com a decisão de Zuck. A grande maioria dos internautas está ou no Facebook ou no Instagram. E muitos estão nos dois.

O poder de influência e penetração das duas redes no coletivo é gigantesco. Tanto, que há quem diga que o Facebook foi utilizado para manipular as eleições nos EUA em 2016.

Agora, pense por alguns segundos.

O X nas mãos do Elon Musk, totalmente fechado com Donald Trump.

Facebook e Instagram acabando com a verificação de fatos, escancarando as portas para as notícias falsas em massa.

E o TikTok expulso dos EUA.

As redes sociais viraram um cenário de trevas “do nada”.

Corram para as colinas.


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