O machismo estrutural, que nada mais é do que um sistema de crenças e práticas sociais profundamente enraizado, permeia todas as esferas da sociedade, perpetuando as desigualdades de gênero e limitando as oportunidades de mulheres e pessoas de gêneros não binários.
Combater essa força prejudicial e promover a diversidade são pilares fundamentais para a construção de um futuro mais justo e igualitário. E quem pensa diferente disso é (muito provavelmente) um homem branco, hétero “convicto” e saindo da caverna, direto dos tempos de Neanderthal.
Vamos conversar sobre o assunto com dados, analisando os impactos e buscando soluções.
Os impactos do machismo estrutural na sociedade
Mulheres e pessoas de gêneros não binários enfrentam barreiras no acesso a cargos de liderança, resultando em falta de diversidade de perspectivas nos espaços de poder.
Um estudo do DataSenado informa que foi registrado em 2023 um aumento na percepção de desrespeito à mulher no ambiente de trabalho (25%). Além disso, uma pesquisa da USP/IBGE do ano passado informa que 60% das profissionais lésbicas sofreram discriminação no trabalho por orientação sexual, sendo que 40% desse grupo presenciaram assédio laboral.
De um modo geral, mulheres recebem menos que homens por trabalhos similares, perpetuando a pobreza e dependência econômica, em uma desigualdade salarial que é histórica.
O machismo resulta também em políticas e práticas que desvalorizam a saúde reprodutiva e mental das mulheres, dificultando o acesso a serviços adequados. Sem falar na objetificação e estereotipação na mídia, a cultura do estupro e a normalização da violência como se fosse algo “cultural” na sociedade.
Os impactos físicos, psicológicos e sociais nas mulheres são profundos, com danos permanentes.
Os dados são alarmantes
De acordo com os números registrados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2023, 10.655 mulheres foram assassinadas entre 2015 e 2023. E esses números podem ser ainda maiores, já que existe a subnotificação dos dados.
Apenas em 2023, foi registrado um número recorde de 1.463 feminicídios. Foram 1,4 mulheres mortas para cada 100 mil habitantes no Brasil… por serem mulheres.
Padrões de beleza irreais e papeis de gênero tradicionais restringem a expressão individual e perpetuam comportamentos prejudiciais. E são nesses “valores” que o machismo estrutural se apoia para prevalecer (de forma violenta).
Os benefícios do combate ao machismo estrutural
Acabar com o machismo e promover a diversidade só traz benefícios para o coletivo. Apenas os idiotas não conseguem enxergar isso.
O reconhecimento e o enfrentamento das estruturas de poder que perpetuam a desigualdade são essenciais para a conquista da igualdade de gênero. Combater o machismo contribui para a construção de uma sociedade mais justa, onde todos vão ter oportunidades iguais, independentemente do gênero.
A diversidade garante que todas as vozes sejam ouvidas e consideradas, impulsionando a inovação, a criatividade e a produtividade em todos os campos da sociedade, mas principalmente nos ambientes laborais.
Comunidades diversificadas são mais adaptáveis às mudanças e tendem a ser mais resilientes. Logo, investir na diversidade é uma estratégia inteligente para o crescimento e desenvolvimento sustentável de empresas, organizações e da sociedade como um todo.
Como combater o machismo e promover a diversidade
Não é uma tarefa das mais fáceis, mas é possível.
Obviamente, envolve um esforço do coletivo. Governos, instituições e indivíduos devem se unir para combater o machismo e promover a diversidade como um todo, a partir da implementação de políticas que promovam a igualdade de gênero e a inclusão, como por exemplo programas de quotas, de conscientização e treinamento, além da criação de seguros para mulheres e pessoas da comunidade LGBTQIAPN+.
Combater estereótipos e promover a igualdade de gênero através da educação e da conscientização é fundamental, mas se torna imprescindível a implementação de leis e punições rigorosas para crimes de gênero e violência contra a mulher.
E como todas as medidas de transformação só terão reflexos no futuro, a rede de apoio se faz necessária no presente. O coletivo organizado deve oferecer apoio psicológico, jurídico e social às vítimas de violência e discriminação.
O combate ao machismo estrutural e a promoção da diversidade são lutas inseparáveis na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva. Através do reconhecimento e do enfrentamento das desigualdades, da valorização da diversidade e da implementação de ações efetivas, podemos construir um futuro que garanta a todos a oportunidade de prosperar.
Com base no material de Patricia Punder, advogada e CEO da Punder Advogados