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Primeiras Impressões | Blood & Oil (ABC, 2015)

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A ABC é assim: uma no cravo, outra na ferradura. Eu quase poderia trocar todas as palavras que disse sobre Quantico e aplicá-las em Blood & Oil, novo drama dominical do canal do alfabeto. Mas acho que isso não seria o suficiente para expressar tudo o que eu vi. Ao final de 42 minutos do episódio piloto, eu posso dizer que a nova série protagonizada por Chace Crawford (de Gossip Girl) “vai além”. Em vários aspectos.

Blood & Oil acontece na cidade de Rock Springs, Dakota do Norte, onde foi descoberta “a maior fonte de petróleo do mundo”. Com isso, todas as oportunidades de negócio estão lá… na teoria. Na prática, o lugar não tem nada que preste, as pessoas são caipiras, os preços foram inflacionados (já que tem muita gente de fora procurando se estabelecer por lá), e tudo é resolvido na base da bala ou da porrada. Mas na base da bala.

Com esse cenário promissor, o jovem casal Billy e Cody LeFever (Chace Crawford e Rebeca Rittenhouse) se mudam para lá para abrir uma lavanderia (até que faz sentido, já que todo mundo em Rock Springs anda sujo a maior parte do tempo). Porém, eles são tão “azarados” que antes mesmo de chegar na cidade eles se envolvem em um mega acidente com sua caminhonete, e perdem todo o investimento feito para abrir o negócio na nova cidade.

Sim, pois Billy é o único norte-americano que eu conheço que pega dinheiro emprestado DA FAMÍLIA INTEIRA (que investiu na lavanderia) e não faz seguro de ABSOLUTAMENTE NADA. Ok, beleza.

Chegando em Rock Springs, Billy e Cody tentam se virar. Cody tem mais talento e inteligência, e descobre que pode ser farmacêutica de uma cidade pequena com apenas dois anos de curso de farmácia. Já Billy tem que ir juntar lama em uma das áreas de exploração de petróleo de um magnata local, Hap Briggs (Don Johnson). No novo emprego, Billy tromba com o filho folgado/baderneiro/troublemaker Wick (Scott Michael Foster), que entre tantas cagadas, consegue causar um prejuízo para o pai de US$ 1 milhão.

Enquanto isso, Cody, no seu novo emprego de farmacêutica local, descobre que Hap está interessado na compra de uma área onde supostamente está um grande poço de petróleo. Comenta o assunto com Billy, que decide comprar o terreno para vender esse mesmo terreno para Hap por um preço muito maior. Detalhe: Billy não tem um puto no bolso.

Depois de pegar dinheiro emprestado para comprar maquinários e revendê-los por um preço muito maior, e ainda contar com a ajuda da esposa que penhorou a joia da avó, Billy consegue passar o velho dono do terreno para trás, e consegue, em uma semana, o seu primeiro US$ 1 milhão, ao revender a área para Hap. De quebra, vira sócio do velho.

E ele queria abrir uma lavanderia, senhoras e senhores.

Isso tudo será a força motriz da série, já que Billy e Hap terão que enfrentar “apenas” o malvadinho do Wick e outras ameaças locais, em uma trama de sangue e… petróleo!

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O piloto de Blood & Oil não é apenas ruim, péssimo, pavoroso, um lixo. Ele é errado!

Poucas vezes vi um piloto tão problemático. Algo tão mal feito. Algo tão desnecessário. Aliás, se o leitor foi perspicaz até aqui, já percebeu que a série não faz o menor sentido a partir do momento que o personagem de Billy, que não tem inteligência para administrar o dinheiro dos outros de forma eficiente para pagar um seguro do seu novo negócio, consegue virar, do nada, um super gênio da compra e venda, virando o sócio de uma lenda da exploração do petróleo.

Nem preciso falar muita coisa da moça que, com dois anos de farmácia, vira a farmacêutica local. Sobre o filho malvadinho, essa é, por incrível que pareça, a parte mais crível de todo o plot.

Aliás, Blood & Oil é mal montada. Wick causa o prejuízo para o pai “do nada”. Bastou um corte de câmera, ou uma mudança de ambiente da série para ele pensar “vou acelerar essa caminhonete para ver o que acontece”. Não há razão de ser. Não há porque acontecer. Só para ele ser demitido, ficar com raivinha e AÍ SIM ele querer se vingar do pai.

Uma assinatura de Blood & Oil são as coisas acontecerem sem ter muita razão de ser. Sem falar de algumas cenas de péssimo gosto, e que saem do nada para ir a lugar nenhum. As interpretações são péssimas, onde os mocinhos e mocinhas fazem força para serem bonzinhos, e os vilões fazem muita força para serem vilões.

O texto é medonho. A impressão que dá é que os roteiristas querem dar a entender que a própria série tira sarro dela mesma, mas sem aquele efeito engraçado das séries que fazem isso de forma pensada.

E o final do primeiro episódio pode ser chamado de final “filhos da p*ta”, porque é feito para que os trouxas voltem para o segundo episódio. SPOILER ALERT: Don Johnson não morre na série, pois ele é o produtor-executivo da mesma, tá?

De nada.

Blood & Oil consegue ser pior do que The Bastard Executioner e Minority Report, que já são pavorosas. É inacreditável como a ABC pode ter aprovado séries tão diferentes, e coloca as duas no domingo, apenas para que esse contraste seja maior. Quantico talvez seja a grande surpresa positiva do canal nessa fall season. Já Blood & Oil me faz pensar se realmente não seria melhor a ABC estrear logo Of Kings and Prophets.

Antes que eu me esqueça: parem de comparar Blood & Oil com o remake de Dallas. A série da TNT é muito melhor que esse lixo que a ABC jogou na nossa cara no último domingo.


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@oEduardoMoreira