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Primeiras Impressões | Lucky 7 (ABC, 2013)

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A ABC teve uma noite histórica na última terça-feira (24). Na mesma noite que conseguiu a maior audiência em quatro anos com uma estréia de uma série de TV (com Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D.), eles conseguiram a mais baixa audiência em uma estréia de suas séries na história… com Lucky 7.

Tudo bem que é quase impossível as pessoas não terem interesse por algo que nunca viram. Mas na era da internet, todo mundo pode ver os promos no YouTube. E, se a audiência da ABC viu o mesmo promo que eu vi no meio do ano, essa baixa audiência está mais do que justificada. Mas vamos aos detalhes.

Lucky 7 é uma adaptação da série britânica The Syndicate, que só durou seis episódios no Reino Unido (e isso me leva a pensar: será que a ABC realmente acreditou que poderia dar certo nos EUA?). A série conta a história de um grupo de funcionários de uma loja de conveniência no Queens, em Nova York, que com vidas, dramas e necessidades diferentes, decidem jogar juntos na loteria. E ganham! Mesmo porque, se eles não ganham na loteria, não só não tem série, como não teria mais nada de interessante para mostrar sobre eles.

São pessoas comuns, com vidas, sonhos e necessidades que podem ser encontradas em qualquer grupo de pessoas, de qualquer lugar do planeta. Diferentes personalidades estão no grupo: a gordinha rejeitada pelo marido, a mãe ansiosa, o funcionário bom moço, o dono da loja de conveniência, o bandidinho local… todos eles levam a bolada. Menos um: um dos funcionários, no lugar de jogar na loteria, passou anos de sua vida economizando o dinheiro por entender que isso era uma bobagem.

Resultado: não ganhou a bolada de dinheiro (algo que também é normal: tem sempre um que acha que nunca vai ganhar, e quando o grupo ganha, fica com cara de otário), e se sente o cara mais azarado do mundo. Por outro lado, ele pode ser o mais sortudo entre os envolvidos, uma vez que o tempo vai mostrar aos vencedores que, no caso deles, “mais dinheiro” também pode representar “mais problemas”.

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Sem brincadeira, a série é mais interessante na teoria do que na prática. De forma até estranha, Lucky 7 é uma série sem vida. Você até entende que aquelas são pessoas comuns, com vidas comuns e personalidades mais mundanas. Porém, nada do que é apresentado no piloto faz com que você se importe com esses personagens. A série não entrega o necessário para que você se interesse em saber o que vai acontecer com aquele grupo, e como o dinheiro vai modificar as suas vidas, ou a estrutura social de cada um deles.

Além disso, a ideia de um grupo vencer na loteria já foi mostrada por diversas vezes na televisão, e as últimas tentativas simplesmente não deram certo. Windfall (Fox) é um dos exemplos mais recentes. Talvez esse tipo de plot funcionasse em outras épocas da televisão, mas hoje, ao que tudo indica, as pessoas só querem ver outras pessoas ganhando dinheiro pelo mérito, e não por obra do mero acaso (ou, nesse caso, sorte).

Não posso dizer que a ABC não tentou. Mas posso dizer que tentou errado. Lucky 7 como série é fraca, e com a baixíssima audiência que deu na sua estréia (demo 18-49 anos de 1.3, e 4.43 milhões na audiência), eu acho muito difícil que a série sobreviva. Quando você ler esse post, em outubro ou novembro de 2013, ela já deve estar cancelada. No meu entendimento, ela poderia ser uma aposta razoável para a summer season, e náo na fall season. Porém, com uma série que não entrega o mínimo para que o telespectador se importe com o piloto (que é algo essencial para que os fãs continuem na série), acho que nem em horários alternativos a série poderia dar certo.

Meu conselho? Não se apegue, pois não deve ir muito longe.


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@oEduardoMoreira