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Primeiras Impressões | The Affair (Showtime, 2014)

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The Affair - Season 1 - Cast Promotional Photos

Desejo. Solidão. Olhares lânguidos. Tesão. Um cheiro de sexo no ar. Algumas cenas de soft porn. Peitinhos. Tudo isso é prometido em The Affair, novo drama do canal Showtime. Na tentativa de oferecer um drama psicológico e iminentemente adulto, explorando as diferentes personalidades dos personagens aparentemente comuns, buscando envolver o telespectador no esquema ‘os homens são de marte, as mulheres são de vênus’, só que em um piloto que se arrasta ao longo de 59 intermináveis minutos.

Noah (Dominic West) é um escritor residente em Nova York, que decide reunir a família e sair de férias. Decide ficar em um resort em Mountauk, próximo da residência dos pais de sua esposa, Helen (Maura Tierney). Aparentemente, Noah e Helen tem uma família normal, com quatro filhos com personalidades diferentes. Mas isso, nas aparências: um filho brinca de simular suicídio, a outra filha usa drogas, e por aí vai. Algo não está bem na estrutura daquela família, e Noah acredita que sair de férias pode ser a solução (#sabedenadainocente).

No meio do caminho, Noah conhece a garçonete Alison (Ruth Wilson), que vive em Montauk uma vida insossa depois da morte do seu filho de quatro anos de idade. Tenta seguir em frente ao lado do marido, Cole (Joshua Jackson), que também afetado pela tragédia, tenta sobreviver à tentação de não se entregar para uma vida de desocupação total. Na prática, os dois tentam sobreviver juntos diante da perda, e dos diferentes objetivos estabelecidos por eles.

As histórias de Noah e Alison se encontram. Os dois terão um ‘affair’, ou caso (ou como dizemos aqui no SpinOff, vão se pegar enlouquecidamente, como se não houvesse o amanhã) ao longo da temporada. Mas não sem deixar um rastro de destruição por onde passarem. Sim, pois ambos estão sendo interrogados, e os dois estão contando histórias com perspectivas bem diferentes.

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Sobre o piloto, eu resisti à tentação de dar STOP no meu media player a todo momento. É um típico piloto de série onde absolutamente nada acontece, e o pouco que acontece acaba não convencendo a continuar a acompanhar a trama. Em alguns momentos, o piloto de The Affair lembra um daqueles telefilmes do Film & Arts (ou do Lifetime… isso, se aproxima mais do Lifetime), onde as coisas ficam subliminares, com longos minutos de silêncio.

Aliás, The Affair tem a cretinice de gastar aproximadamente dez segundos da minha valiosa existência com um take de um regador parando de funcionar. Na boa, você já não está com muita vontade de ver esse piloto, e aí jogam essa ‘metalinguagem’ na sua cara? Tenha paciência!

Outra coisa: só temos duas cenas de pegação na série (não que eu queira ver sexo o tempo todo nessa série, mas ela se chama ‘The Affair’, pelo amor de Deus…), e as duas envolvem Joshua Jackson. Apenas uma cena de peitinho (e por cinco segundos). E vários diálogos. Alguns diálogos desnecessários. E muitas cenas de silêncio e contemplação.

A única coisa que poderia ser minimamente interessante na proposta de The Affair era a perspectiva dos dois envolvidos ser completamente diferente. Porém, rapidamente vemos que o babaca da história é Noah. Não só na versão dela da história (onde supostamente ele toma a ‘iniciativa’), como na versão dele da história, que ao dar uma de ‘bom moço, educado e não estuprador’, ele ‘refuga’ classicamente ao convite da Alison ‘da cabeça dele’ (já que são duas histórias). Na boa, para uma série chamada ‘The Affair’, faltou ousadia do Showtime em colocar um pouco de ação física entre os dois.

Ah, também tem o detalhe que um dos dois está mentindo, e que isso pode ser importante para a resolução da merda que os dois estão envolvidos. Será que alguém morreu? Não duvido.

Por fim, The Affair é a tentativa do Showtime em ser HBO. E como eles falham nessa tentativa. Pode até ser que melhore, pois tem potencial. Mas nem para ser um novelão cretino a série presta. É um drama psicológico, que tenta ser voltado para os adultos, maduros, já vividos, que traíram seus cônjuges ou pensam em trair. Tenta dar um quê de ‘série lição de moral’, mas seu piloto longo e insuportável atrapalhou tudo. Aliás, nem lição de moral o piloto passa.

De qualquer forma, para quem vai continuar no sofrimento dessa turma de infelizes no casamento, eu desejo – de coração – boa sorte.


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@oEduardoMoreira