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Quando o Burger King ofereceu acesso à internet de graça para os seus clientes… em 1998

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Em 1998, a internet em si ainda era um conceito pouco conhecido para muitas pessoas. Apenas os nerds e mais cabeçudos como eu sabiam que a rede mundial de computadores existia, e essa galera fazia qualquer coisa para acessar os seus sites.

Por isso, acessar a Web fora de casa no final da década de 1990 era um luxo raro. Algo quase inexistente. Eu até contava com internet na minha casa, mas era muito mais lenta do que nos poucos estabelecimentos comerciais ou de ensino que contavam com internet de alta velocidade.

Diferentemente de hoje, onde redes Wi-Fi estão disponíveis em praticamente qualquer ambiente público, em 1998 a conectividade era restrita a locais específicos: residências, escritórios, lan houses, cibercafés, universidades… e no Burger King (que não existia na minha cidade naquele ano).

Foi nesse contexto que expliquei no começo do artigo que o Burger King da 182 Broadway Street em Nova York inovou ao instalar computadores que ofereciam 20 minutos de Internet gratuita para os clientes que gastassem pelo menos US$ 4,99 em refeições na loja.

 

A experiência nostálgica dos cibercafés

Os cibercafés foram um marco cultural no final dos anos 1990 e início dos 2000, oferecendo acesso à Internet para pessoas que ainda não possuíam computadores pessoais em casa.

Esses locais evocam memórias afetivas e nostálgicas em um tempo em que a internet era muito mais pacífica e lúdica, e as redes sociais eram bem menos tóxicas.

Os monitores CRT, as longas sessões de jogos online, conversas em chats e playlists intermináveis no Winamp. Tudo isso fazia parte da vida do internauta da década de 90.

Embora atualmente quase extintos em muitos países, os cibercafés e lan houses desempenharam um papel crucial no início da popularização da Internet em todo o planeta.

Por isso, iniciativas como a do Burger King em Nova York chegaram no momento certo, pois ofereciam ao consumidor comum uma experiência que combinava tecnologia e conveniência.

 

Unir comida e conectividade? Por que não?

Em julho de 1998, o proprietário Peter Allen Abramson inovou ao transformar um restaurante Burger King em um espaço de acesso público à Internet.

Com vinte computadores Compaq equipados com processadores Intel Pentium II de 266 MHz e 32 MB de RAM, o sistema oferecia uma conexão de 1,5 Mbps através de uma linha T1, considerada extremamente veloz para a época.

A combinação de hambúrgueres, batatas fritas e teclados se mostrou um atrativo interessante para um público que era cada vez mais interessado pela rede mundial de computadores.

Além de resultar em teclados e mouses engordurados e sujos de maionese e ketchup… mas eram efeitos colaterais resultantes do benefício em ter internet para ver e-mails e colocar a conversa em dia durante o almoço.

Apesar de ser um conceito considerado revolucionário para a época, a experiência não era totalmente irrestrita.

Para controlar o fluxo e os tipos de atividades realizadas, o sistema possuía filtros para bloquear conteúdos impróprios, como apostas e sites adultos.

Cada terminal era conectado a um único servidor, e o acesso era limitado a 20 minutos por cliente, permitindo que o fluxo de clientes continuasse, além de manter a proposta alinhada com uma refeição rápida.

Ou seja, não é a bagunça que vimos durante anos nas unidades do Starbucks, onde um monte de gente abria o MacBook Air para fingir que trabalhava enquanto tomava um café, só para aproveitar a internet de graça do estabelecimento.

 

O legado da iniciativa

Ninguém sabe ao certo quanto tempo essa iniciativa do Burger King durou em Nova York, mas o impacto da iniciativa permanece até hoje, mesmo com a morte dos cibercafés.

Este é um exemplo de como as empresas começaram a integrar tecnologia ao atendimento ao consumidor, como um experimento precoce de como o acesso à internet poderia ser um atrativo para alavancar negócios, criando experiências diferenciadas para os clientes.

Na prática, o Burger King antecipou um padrão que, hoje, é praticamente obrigatório para atrair clientes.

O estabelecimento que não oferece internet WiFi de graça neste momento está perdendo dinheiro.

Simples assim.

 

Via The New York Times, Vintage Everyday


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