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Quando o cibercrime derrotou a Sony (e James Franco… e Seth Rogen…)

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Quem poderia imaginar que o mundo do cibercrime seria capaz de impedir que uma gigante como a Sony Pictures Entertainment promovesse um dos seus novos filmes? Ok, tem gente por aí agradecendo aos terroristas pelo simples fato que ‘The Interview’, filme protagonizado por Seth Rogen e James Franco, não terá a devida divulgação e promoção por conta das ameaças feitas. Mesmo assim…

O que torna tudo diferente dessa vez é que temos um efeito de ação e reação em escalas sem precedentes. ‘The Interview’ tem como plot principal mostrar o plano de assassinato do presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-Un. Não vou aqui entrar no mérito da questão do bom gosto para o argumento do filme, ou a qualidade do mesmo e de seus protagonistas. Também não vou discutir sobre os direitos de liberdade de expressão e o livre uso da comédia para fazer críticas políticas e sociais.

Acho que cada um tem o direito de fazer o que quiser, desde que use o bom senso. Tal teoria deve sintetizar tudo, certo?

Por outro lado… algo me diz que a reação dos cibercriminosos norte-coreanos era mais do que esperada. Afinal de contas, esse é um dos países que menos toleram comentários negativos contra o seu governante máximo, sem falar nas suas políticas bélicas, que tiram o sono de algumas pessoas e governantes.

É claro que uma coisa não justifica a outra. Não estou defendendo os terroristas, nem o James Franco. Aliás, o segundo não merece defesa de praticamente nada do que faz na frente e por trás das câmeras.

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Mas o que realmente pega nessa história toda é que não estamos diante de um simples ataque cibernético, promovido por algum imbecil que não gosta dos conteúdos que escrevo na internet. Esse ataque tem proporções muito maiores, e consequências sem precedentes para os envolvidos. Só para começar, o ataque envolveu computadores de países como Cingapura, Tailândia, Itália, Bolívia, Polônia e Chipre, mas com uma linguagem de programação utilizada pela Unidade de Segurança da Coreia do Norte, conhecida como ‘escritório 121’.

Além disso, é um ataque muito mais sofisticado, parecido com o que o governo dos Estados Unidos encontrou na tentativa da própria Coreia do Norte em descobrir seus segredos mais cabeludos. E não é tudo: os atacantes utilizaram ferramentas e técnicas para limpar os rastros do ataque. E ainda existe a chance da Coreia do Norte ter recebido ajuda de alguém para lançar o malware nos computadores e servidores da Sony.

A Coreia do Norte ‘ainda’ não foi oficialmente acusada pelos Estados Unidos. Porém, com tantos detalhes revelados pelo governo norte-americano sobre a investida contra a Sony, é quase o mesmo de dizer que foram eles que fizeram a bagunça, dando uma espécie de ‘aviso’ para os seus inimigos: ‘nós sabemos que foram vocês’.

Temos aqui um assunto de segurança nacional, envolvendo duas das maiores potências bélicas do planeta, e a Sony Pictures no meio de tudo isso. Acho que a dupla Rogen/Franco jamais imaginaria que a sua brincadeira em criar um problema diplomático no assassinato do presidente do país inimigo se transformaria em um grande incidente diplomático. Não dá para saber qual será o desfecho de tudo isso, mas uma coisa é certa: tem gente que vai pensar umas dez vezes antes de fazer piada com países que podem não gostar muito das brincadeiras feitas.


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@oEduardoMoreira