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Quando o Facebook mata…

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Faz um bom tempo que estou querendo encerrar a minha conta no Facebook. Não faço isso por conta dos meus parentes que lá estão (e que gostam de ver fotos de outros parentes na rede), por alguns amigos que realmente gosto de acompanhar, por enriquecer a minha experiência de alguma forma (e eles sabem quais são), e por motivos profissionais (as fanpages dos meus blogs, que se não são mais a mesma coisa de antes, ao menos estão lá, funcionando). Mas se não fosse isso, eu já tinha desistido da rede de Mark Zuckerberg.

A morte de Fabiana Maria de Jesus, 33 anos, que foi espancada por dezenas de moradores no Guarujá (SP), por conta de um boato publicado no Facebook é apenas mais um indício do quanto está desagradável permanecer nas redes sociais. Aliás, vamos por partes: a culpa da morte de Fabiana não é da rede social, definitivamente. É dos acéfalos que espancaram Fabiana até a morte. Em um país sério, de pessoas minimamente educadas e civilizadas, isso não aconteceria. E, se acontecesse, os culpados seriam severamente punidos.

Detalhe: Fabiana era 100% INOCENTE! Apenas porque a foto publicada no tal boato era de uma pessoa parecida com ela. Espancaram ela sem provas. Sem direito à defesa. Fizeram justiça com as próprias mãos, e agora, vão se esconder por trás da rede social. Covardes!

É o ser humano mais uma vez dando dez passos para trás, minha gente.

Eu começo a pensar naqueles que todos os dias inventam mentiras na internet sobre terceiros. Eu já fui vítima de calúnias na internet. Processei a pessoa, que acabou basicamente “arregando”, pois um dos seus sites estava diretamente ligado à atividades ilegais na internet. Mas não matei ninguém. Procurei os meus direitos, na justiça, utilizando os dispositivos legais que estavam ao meu alcance.

Porém, entramos numa “vibe” de resolver nossos problemas da pior forma possível: utilizando a justiça dos homens. De forma indiscriminada, sem analisar os fatos, sem tomar as medidas legais. Aliás, que bando de desocupados que vão na onda de um boato nas redes sociais, hein? Tudo bem, você cair uma vez em uma mentira ou outra, até vai. Agora, nesse caso, onde temos uma vítima fatal? Sério que são pessoas ditas “racionais”?

Eu estou cansado do Facebook. Mas acho que estou mais cansado da imbecilidade de algumas pessoas nessa rede. Da falta de bom senso, de educação, de respeito ao próximo. Chegamos na falência moral do ser humano, e o retrato mais claro disso está nas ditas redes sociais. Xingar o alheio é a palavra de ordem. Ofender e humilhar virou o objetivo.

Porém, o caminho está ficando perigoso. Pois estamos transportando nossas mazelas do mundo virtual para o mundo real. E pior: sem procurar a verdade.

Até agora, ninguém foi preso pelo assassinato de Fabiana. E não duvido que isso fique assim. O Brasil virou, definitivamente, o país da impunidade, onde as leis não se aplicam e a justiça é morosa para quem não tem dinheiro. Provavelmente o marido de Fabiana provavelmente não vai ver a justiça sendo feita. E o que é pior: muito provavelmente os assassinos de sua esposa são os seus vizinhos.

Mas, mesmo que o Brasil judicialmente seja uma piada, não se justifica uma violência deliberada, sem critério. Ser um bom cidadão é denunciar, deixar para as autoridades cuidarem das questões que lhe competem. Em último caso, procure o governante de sua cidade. Cobre dos políticos para que a justiça seja feita, dentro do bom senso.

Ou senão, crie um blog na internet e denuncie.

Um recado final: o Facebook, assim como as demais redes sociais, é apenas uma extensão daquilo que você é. Você pode até tentar mentir por um bom tempo, se fazendo de bonzinho, de pessoa feliz e espiritualmente iluminada. A qualquer momento, a verdade pode vir à tona, com um simples post. Um boato. Uma mentira. Que pode gerar consequências graves.

Cabe a cada um de nós ser quem nós somos. E responder pelas consequências de nossas postagens, likes, compartilhamentos. Dentro e fora da rede social.


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@oEduardoMoreira