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Quando o Wi-Fi é uma entidade paranormal

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Era uma noite como outra qualquer.

Não, melhor, era uma daquelas noites em que tudo parecia conspirar a favor de um bom momento. Aquela noite que você planejou mentalmente o dia inteiro no trabalho, só esperando para esse cenário perfeito de alívio do cotidiano.

Você se ajeita no sofá, coloca aquele moletom desbotado mas incrivelmente confortável, pega uma tigela gigante de pipoca e prepara sua alma para maratonar uma série.

Você está a um passo do nirvana moderno quando percebe que o ícone do Wi-Fi no canto superior da tela começa a piscar, como quem diz: “Até logo, trouxa!”

Vamos conversar sobre isso.

 

Wi-Fi, uma entidade com vontade própria

Assim começa a saga do Wi-Fi paranormal, essa entidade misteriosa que vive entre nós, mas jamais nos pertence de fato.

Ele está sempre lá, invisível, como um amigo de infância que nunca responde suas mensagens no WhatsApp, mas aparece no churrasco da família no Natal. Pior do que isso: é o amigo imaginário que se materializa como o seu primo chato no amigo secreto.

A grande diferença aqui é que você gosta do Wi-Fi, porque ele é muito mais útil do que o seu primo. O duro é ter que lidar com essa habilidade especial e quase paranormal de desaparecer exatamente nos piores momentos.

Quem nunca passou por isso?

Reunião de trabalho, videochamada, você precisa impressionar seu chefe com aquela ideia brilhante que pode salvar o trimestre inteiro da empresa.

Você, todo confiante e empolgado, começa a sua fala para quem é responsável direto por pagar o seu salário.

“E se a gente…”

E nesse exato momento, a conexão cai.

Sua câmera congela com uma expressão facial que parece um cruzamento entre “leve pânico” e “acabei de engolir uma mosca”.

Quando você finalmente reconecta, o chefe já passou para outro assunto e seu grande momento virou história, literalmente.

Não sei você, mas eu fico à beira de uma isquemia cerebral quando isso acontece.

 

Cenários em que o Wi-Fi insiste em desaparecer

O Wi-Fi é um espírito livre.

Ele não segue regras, horários ou lógica. Ele é o equivalente tecnológico de um gato: ele vive na sua casa, usa os seus recursos, mas não está nem aí para você.

Aparece quando quer e some sem aviso, deixando apenas uma dor silenciosa e uma barra de carregamento congelada.

Mas o pior de tudo é quando você está em um momento de puro desespero, e precisa concluir uma tarefa que depende do acesso à internet.

Você precisa procurar algo urgente na web: por exemplo, um tutorial de “como desentupir um vaso sanitário usando um cabide” ou “como consertar um micro-ondas que acabou de explodir uma sopa de feijão.”

Não que eu tenha passado por isso… muito pelo contrário, pois só pessoas muito estúpidas fariam buscas no Google ou no ChatGPT por tais temas.

Enfim… É sempre nesses momentos que o Wi-Fi decide fazer uma pausa do trabalho. Já reparou?

Você começa a caminhar pela casa com o celular erguido, como um ritualista tentando captar energia cósmica.

É inútil.

O sinal está mais ausente que o vendedor da operadora quando você menciona que quer cancelar o plano.

E o que dizer das tentativas de negociação com o roteador?

É um ato tão patético, que tenho vergonha de seguir contando. Mas como estamos abrindo o coração um para o outro…

Você desliga, espera dez segundos — porque, segundo a sabedoria popular, esse é o tempo exato para que a mágica aconteça — e liga de novo.

Enquanto isso, você olha para o aparelho com o tipo de súplica que só se faz a um objeto inanimado quando se está desesperado.

“Por favor, só dessa vez, eu juro que nunca mais tento abrir dez abas ao mesmo tempo!”

E me surpreende como temos a facilidade em mentir para objetos inanimados em momentos de desespero.

Não é mesmo, falsos católicos que fazem promessas vazias para santos?

 

O que aprendemos como Wi-Fi paranormal?

Quando o sinal finalmente volta, é como se você tivesse vencido a Copa do Mundo invicta, goleando a Argentina na final por 5 a 0.

Você grita para a casa inteira. Abraça a sua filha. Beija a sogra na boca.

É um momento de euforia e felicidade, mas também de humildade, porque você sabe que, assim como o sol no final da tarde, o Wi-Fi é efêmero e faz o que quer de você.

Ele vai sumir novamente, provavelmente quando você estiver prestes a clicar no botão “comprar” daquela oferta que parece boa demais para ser verdade.

E quando isso acontecer, agradeça ao Wi-Fi que desapareceu, pois ele pode livrar você de um golpe na internet.

O Wi-Fi, no fundo, nos lembra que vivemos em uma era onde tudo depende de algo que não podemos tocar, mas que controla nossas vidas em níveis muito mais profundos do que queríamos ou imaginamos.

Ele é o fantasma que assombra nossos dispositivos, o vento invisível que move nossas redes sociais e, claro, o ser mítico que desaparece quando você mais precisa.

Eu amaldiçoo o seu primogênito, Wi-Fi.

Mas… pelo amor de Deus… não desapareça antes que eu possa entregar este artigo no blog!


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