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Que fim levou a Creative Technology?

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Os mais velhos conhecem e se lembram muito bem da lendária marca Creative Technology, responsável por turbinar os computadores das décadas de 1990 e 2000 com placas de som que reproduziam as músicas em MP3 que todos baixavam pela internet.

Muitos não sabem sobre a origem da empresa, e muito menos sobre o que aconteceu com ela depois dos seus anos dourados. E vale a pena inclusive explicar para os mais leigos como que a Creative se transformou nessa potência de áudio no mundo da tecnologia.

Então, vou dedicar alguns minutos da minha vida para mostrar como e o que aconteceu com a Creative, e mostrar que fim levou a empresa. Será que ainda dá para comprar produtos produzidos por ela?

 

O início da Creative Tecnology

A Creative Technology foi fundada em 1981, e era especializada na fabricação de computadores pessoais. O seu primeiro flerte com a parte de áudio nos computadores foi o Cubic CT em 1986, que era um PC com uma placa de som integrada.

Em 1989, a Creative Labs, a subsidiária norte-americana da Creative, lançou a placa de som Sound Blaster 1.0, que foi um grande sucesso por trazer como novidade o suporte à modulação PCM, que permitia reprodução de áudio em qualidade de CD.

Essa foi uma autêntica revolução para o setor de informática, permitindo que a Creative simplesmente dominasse o mercado de placas de som para computadores durante a década de 1990. O período foi marcado pela chagada de produtos lendários, como a Sound Blaster 16 e a Sound Blaster Live.

Tudo parecia muito lindo para a Creative Technology.

Parecia.

 

(tentativa de) Diversificação e declínio da Creative

A Creative fez o que toda grande empresa faria na sua situação: diversificar os mercados onde atuava.

Para isso, começou a produzir e comercializar unidades de CD-ROM e placas gráficas, onde alguns modelos acabaram fazendo um relativo sucesso. Mas em escala global, a estratégia não deu certo. E não porque os produtos eram de baixa qualidade.

Pelo contrário: os periféricos da Creative sempre foram excelentes.

Vários fatores afetaram o desempenho comercial da Creative. Além da concorrência que oferecia produtos mais baratos e com qualidade similar, as mudanças no modelo de suporte de hardware do Windows 95 (o que foi um caos na época, com muitos fabricantes afetados com isso) e a integração de soluções de áudio nas placas-mãe dos fabricantes de computadores foram dois fatores que contribuíram para essa queda.

Os resultados financeiros da Creative despencaram, e o mesmo aconteceu com o valor das ações da empresa. E sem dinheiro, fica muito mais difícil crescer e prosperar.

 

A Creative Technology hoje

A Creative não é brasileira, mas não desistia. Ela seguiu inovando em diferentes segmentos tecnológicos, e decidiu atirar para todos os lados com produtos bem interessantes.

A marca chegou a lançar reprodutores de MP3, placas de som USB, fones de ouvido, alto-falantes e webcams. Todos os produtos são de excelente qualidade e com experiência diferenciada.

Um dos últimos lançamentos da Creative foi o Sound Blaster AE-9, um kit de placa de som e DAC com recursos avançados e que impressionava na qualidade final de áudio. Mas isso não salvou a empresa de um eventual ostracismo.

Hoje, a Creative se prepara para deixar de negociar suas ações na Nasdaq, algo que deve acontecer em 2027. Ela deve ficar apenas na Bolsa de Singapura, e quem quiser comprar algum papel acionário no que sobrou da empresa terá que endereçar esforços para o mercado asiático.

Mas não dá para dizer que investir na Creative é um sinônimo de bom negócio. As ações da empresa caíram 68,68% nos últimos cinco anos, acumulando prejuízos nos últimos três anos em suas iniciativas comerciais.

De qualquer forma, não se esqueça que a Creative “não desiste nunca”: seus atuais diretores se mostram otimistas e confiantes na redução de custos para melhorar a situação de uma empresa que tem papel relevante na história da tecnologia.

Torço para que a Creative tenha uma vida longa e próspera. Lembrar dela é, de alguma forma, lembrar do meu passado no mundo da tecnologia. E ser saudosista de vez em quando é algo que vale a pena.


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@oEduardoMoreira