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Que fim levou o MINIX?

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O Linux é um sistema operacional de código aberto amplamente utilizado em servidores, smartphones, dispositivos IoT e muito mais. Mas poucas pessoas sabem que a criação do Linux foi inspirada em outro sistema operacional: o MINIX.

Em 1987, o professor universitário Andrew S. Tanenbaum decidiu fornecer o código-fonte completo de um sistema operacional para que seus alunos pudessem visualizá-lo em primeira mão. Assim nasceu o MINIX, um sistema operacional baseado no UNIX v7.

Embora o MINIX tenha sido criado apenas para fins educacionais, Linus Torvalds, o criador do Linux, foi inspirado por ele para criar um sistema operacional livre e de código aberto que pudesse ser usado por qualquer pessoa.

 

MINIX e Linux: semelhanças e diferenças

Em 25 de agosto de 1991, Linus Torvalds anunciou a criação do Linux em um newsgroup chamado comp.os.minix. Ele descreveu o Linux como “um sistema operacional livre (apenas como um hobby, não será grande e profissional como o GNU)”.

Embora o Linux tenha sido inspirado no MINIX, ambos os sistemas operacionais tinham uma arquitetura de kernel diferente. O MINIX apostou no novo microkernel, enquanto o Linux manteve o tradicional kernel monolítico.

Essa diferença fundamental veio à tona em 1992 quando Tanenbaum publicou um artigo afirmando que o Linux era “obsoleto”. O debate técnico que se seguiu é conhecido como “debate Tanenbaum-Torvalds”, mas ambos mantiveram uma boa relação desde então.

 

O sucesso desconhecido do MINIX

Embora o MINIX tenha sido criado para fins educacionais, ele ainda está disponível hoje como um sistema operacional livre, e está disponível para download a partir do site oficial para instalação em um PC ou em uma máquina virtual.

No entanto, por muitos anos, o código do MINIX era limitado em termos de distribuição devido à sua licença original. Somente em 2000, Tanenbaum o relicenciou sob a BSD-License, tornando-o um software livre comparável ao Linux.

O MINIX teve outras influências importantes no mundo da computação, incluindo a criação do Python, que foi originalmente concebido para desenvolver software para o sistema operacional Amoeba, criado por Tanenbaum.

 

A descoberta de Tanenbaum

Uma das histórias mais surpreendentes sobre o MINIX é que, quando o sistema operacional finalmente se espalhou, Tanenbaum descobriu isso ao mesmo tempo que todos os outros.

Isso porque a Intel havia usado o MINIX em seus processadores Intel Management Engine (ME) sem informar Tanenbaum.

O Intel Management Engine (ME) é um microcontrolador que funciona em segundo plano em todos os processadores Intel modernos. Em outras palavras, praticamente todos os computadores com processadores Intel tinham (e ainda têm) o MINIX em execução em segundo plano, sem o conhecimento do usuário.

A Intel havia escolhido o MINIX porque considerou em seus próprios testes o sistema operacional mais confiável para essa finalidade. O ME é responsável por tarefas críticas para a segurança do sistema, como gerenciamento remoto e criptografia de dados.

A descoberta do uso amplo do MINIX por parte de Tanenbaum dessa forma gerou controvérsia entre a comunidade de usuários de tecnologia, já que a presença do MINIX no ME tornou o sistema menos transparente e, portanto, menos confiável para alguns.

A questão de como a Intel usava o MINIX em seus processadores era um assunto delicado, e Tanenbaum, que nunca havia assinado um acordo de confidencialidade, se viu de repente no centro das atenções da mídia.

Em entrevistas, ele afirmou que não havia problema com a Intel usando o MINIX, mas que teria gostado de ser informado sobre isso. A Intel, por sua vez, disse que o uso do MINIX era totalmente transparente e que os usuários não precisavam se preocupar com isso.

Embora Tanenbaum não tenha ficado feliz com essa descoberta, ele lidou com a situação de maneira positiva e trabalhou com a Intel para melhorar o MINIX e garantir que a empresa o usasse de maneira ética.

O episódio levou muitos a questionar a segurança e a privacidade dos processadores Intel, e reacendeu o debate sobre a necessidade de transparência na tecnologia e na indústria de hardware.

 

Conclusão

A história do MINIX e sua relação com o Linux e a Intel é um exemplo fascinante da evolução da tecnologia e da forma como diferentes projetos e ideias podem influenciar uns aos outros. Embora o MINIX nunca tenha se tornado tão popular quanto o Linux, ele teve um impacto significativo no desenvolvimento de sistemas operacionais e na educação em tecnologia.

A relação entre Tanenbaum e Torvalds também mostra como os debates técnicos podem ser apaixonados e intensos, mas ainda assim construtivos e frutíferos. É claro que, como mostrado pela descoberta do uso do MINIX pela Intel, nem sempre há transparência suficiente na tecnologia, e é importante que os usuários e desenvolvedores sejam informados sobre como seus sistemas operacionais e hardware funcionam.

A história do MINIX também destaca a importância da colaboração e do compartilhamento de ideias na tecnologia. O fato de Tanenbaum ter compartilhado o código-fonte do MINIX com seus alunos e outros interessados foi uma decisão importante que permitiu que muitos aprendessem sobre sistemas operacionais e contribuíssem para seu desenvolvimento.

Embora o MINIX possa ter sido ofuscado pelo sucesso do Linux, ele é uma parte importante da história da tecnologia e do software livre. E quem sabe, talvez o MINIX ainda tenha um papel fundamental a desempenhar no futuro do desenvolvimento de sistemas operacionais e da tecnologia em geral.

E dessa forma, você agora sabe que o MINIX é mais utilizado que o Linux, que o Windows, que o macOS, que o Android, que o iOS ou que qualquer outro sistema operacional disponível no mercado nesse momento.


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