No começo, quando tudo era mato, os primeiros celulares eram dispositivos básicos, limitados a funções como chamadas e mensagens de texto curtas. Aos poucos, os telefones foram melhorando, recebendo inclusive funções multimídia, com o rádio FM sendo uma das primeiras (e bem-vindas) novidades.
Com o passar do tempo, o recurso de rádio FM foi sendo esquecido nos smartphones mais modernos, acompanhando a mudança de comportamento do usuário, que passou a ouvir música por streaming e acompanhar notícias e eventos esportivos nas rádios online.
Então… que fim levou os celulares com rádio FM? Foram extintos por completo? Ou ainda existem em poucos (e cada vez mais raros) modelos de smartphones?
Como tudo começou
Nos anos 2000, o recurso de rádio FM era um diferencial nos celulares. Marcas como Nokia, Motorola e Sony Ericsson lideravam o mercado, oferecendo dispositivos com sintonizadores integrados, onde os usuários poderiam ouvir suas estações favoritas em qualquer lugar.
Com o passar do tempo, o celular mudou, e o consumo de rádio FM no dispositivo também, o que marcou o desaparecimento do recurso nos dispositivos móveis.
Por que o rádio FM desapareceu dos smartphones?
Uma das principais razões para o desaparecimento do rádio FM nos smartphones é o design dos dispositivos mais modernos.
A miniaturização dos componentes internos e a necessidade de incluir baterias maiores fizeram com que os fabricantes eliminassem o conector de fone de ouvido, que servia como antena para o rádio FM.
Além disso, muitos consumidores migraram para fones de ouvido Bluetooth (de forma até forçada pelos fabricantes, já que fones cabeados só poderiam ser utilizados com adaptadores), reduzindo ainda mais a demanda pelo rápido integrado nos telefones.
Com o avanço da tecnologia de streaming e a popularização dos serviços como Spotify, Apple Music e outras plataformas de música online, a necessidade de rádios FM integrados nos telefones diminuiu drasticamente.
Os consumidores passaram a preferir serviços que oferecem um vasto catálogo de músicas sob demanda, podcasts e outras formas de entretenimento e consumo de informação.
Aplicativos de rádio online também ganharam popularidade nos últimos anos, oferecendo uma alternativa moderna e mais conveniente às estações de rádio tradicionais.
É claro que o iPhone tem culpa nisso…
O lançamento do iPhone 7 pela Apple em 2016, modelo que já não contava com o conector de fone de ouvido, marcou um ponto de inflexão na indústria de smartphones.
Muitos outros fabricantes seguiram o exemplo da gigante de Cupertino, eliminando o conector de seus dispositivos e, consequentemente, a funcionalidade de rádio FM.
A decisão da Apple influenciou fortemente o mercado, estabelecendo uma tendência que foi rapidamente adotada por outras marcas (infelizmente).
De acordo com dados do GSMArena, em 2023, foram lançados 476 modelos de smartphones com conector de fone de ouvido, dos quais 264 possuíam rádio FM. Pode parecer muito quando pensamos no cenário de presente, mas os números representam apenas 30% dos novos lançamentos de smartphones.
Apenas para colocar tudo em perspectiva: em 2014, 715 dos 844 modelos lançados tinham rádio FM, um percentual de 84%.
Ou seja, uma queda brutal.
O refúgio está nos smartphones de entrada
De forma até curiosa, o rádio FM ainda está presente em muitos smartphones de entrada, aqueles que são comercializados com preços mais acessíveis.
Para esses dispositivos, o rádio FM ainda é visto como um valor agregado, atraindo consumidores que buscam funcionalidades básicas a um custo menor.
Mas mesmo nesses dispositivos mais acessíveis o rádio FM é mais um benefício adicional do que uma característica principal.
As barreiras técnicas de momento (principalmente a ausência do conector de fones de ouvido) são os principais impeditivos da manutenção do rádio FM nos smartphones, sem falar na falta de interesse dos fabricantes em incluir esse recurso nos dispositivos.
A tendência é que apenas os telefones mais baratos e até mesmo os celulares básicos sejam os únicos que vão manter a funcionalidade em seus produtos.
De qualquer forma, ainda dá para ouvir a rádio online nos telefones modernos. Mas torce para você não ficar sem internet enquanto volta para casa depois de um lingo dia de trabalho.