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Queda de vendas de iPhones não é o fim do mundo para a Apple, mas pode ser o começo

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Não quero dar uma de profeta do apocalipse. Porém, também não vejo o mundo da tecnologia como quem joga Banco Imobiliário todo final de semana na casa da avó. Parece que quando é a Apple, todo mundo se esquece da máxima do “a coisa mais difícil é se manter no topo”, ou que “tudo o que sobe um dia tem que descer”. Sem falar que analisa resultados financeiros sem olhar para um cenário futuro. Ou para os detalhes.

A Apple anunciou ontem (26) os resultados financeiros relativos ao primeiro trimestre de 2016, e pela primeira vez o iPhone registrou quedas de vendas. Desde 2007, ano de lançamento do primeiro iPhone, isso não acontecia. E a queda pode ser considerada expressiva, já que o número de unidades vendidas do smartphone caiu em 16%, e a receita foi reduzida em 18%. E isso porque poderia ser algo ainda pior: os analistas previam pelo menos meio milhão de unidades a menos.

Aí vem o cidadão e fala “ah, mas a Apple tem US$ 233 bilhões em caixa, e…” meu, para de falar aí. Não se mede uma empresa apenas pelo o que ela tem no momento, mas também pela sua capacidade em seguir arrecadando nos próximos trimestres. Ou você se esquece que toda e qualquer empresa possui acionistas e investidores, que querem lucrar cada vez mais?

Quedas de receita de 13%, tal e como a Apple registrou em comparação com o mesmo período de 2015 não é pouca coisa. Isso não acontecia com a Apple em si desde 2003, quando o iPhone nem existia. Sem falar que as pessoas se esquecem que, nesse momento, 50% do faturamento da empresa está nas costas do seu smartphone. Se há uma queda nas vendas aqui, por qualquer motivo, a queda do faturamento é inevitável.

Isso fica mais evidente quando vemos o iPad registrar quedas de vendas por trimestres consecutivos, mas os lucros da empresa se mantiveram como positivos durante anos. O tablet era o grande queridinho do mercado em 2010, mas nunca teve o peso e relevância que o smartphone possui na vida do grande público ao longo de pelo menos 10 anos. É o dispositivo mais procurado, é a prioridade de quem consome tecnologia e internet hoje. E não se enganem, meus amigos: a Apple sabe muito bem disso, e aposta a maioria das suas fichas no iPhone por compreender que o mundo é hoje mobile.

Ou seja, dois dígitos de quedas nas vendas do seu produto mais importante não é nada? Ah, tá… senta lá, Cláudia!

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De novo: não quero ser o profeta do apocalipse. Não estou dizendo que os resultados de ontem significam o começo do fim da Apple. Mas é evidente que o sinal de alerta está ligado, e que Tim Cook e sua turma precisam ficar de olho sobre o que fazer para evitar que essas quedas continuem. Não dá para simplesmente dizer “temos grana, podemos comprar a Netflix se quiser e nos salvar”. Não é assim que a banda toca.

É preciso compreender que o mercado mobile hoje está saturado, e enfrenta uma competição que é cada vez mais pesada. E não falo só da Samsung, que teria vendido o dobro de unidades de smartphones que a Apple. Falo dos diversos fabricantes chineses, que oferecem produtos com ótima relação custo-benefício, e que estão canibalizando o mercado. As pessoas podem pensar que um iPhone é algo insubstituível, e eu concordo com essa afirmação quando olhamos apenas e tão somente para os aspectos técnicos. Os chineses, que amam o iPhone, já entenderam que existem produtos dentro do próprio país que atendem muito bem as suas necessidades mais básicas. Ou seja, ter um iPhone por lá também é um artigo de luxo, e eles também pensam nas suas prioridades.

Além disso, o mercado de smartphones como um todo está mais do que saturado, e tudo começa a indicar que a bolha estourou. A concorrência maior, a maior oferta de produtos e a situação econômica global que não é das melhores ajudam a explicar a queda da Apple, que é invariavelmente a maior afetada.

Mas aí eu pergunto para os especialistas de Banco Imobiliário: como evitar uma queda maior diante de um cenário desses? Como se manter no topo com tudo isso?

Muitos começam a questionar se o iPhone SE será o suficiente. Eu confesso que gostei do novo smartphone de 4 polegadas, mas também admito que não creio se ele será mesmo o bastante para compensar essa queda. Só vamos descobrir no final do segundo trimestre. De qualquer forma, Tim Cook começa a coçar a cabeça, pensando no que fazer. O próximo iPhone está a caminho, e deve ser anunciado em setembro. Será que trará o suficiente para reaquecer as vendas?

Mais: será que os próximos dois trimestres manterão a sequência de quedas nas receitas e nos lucros?

A conferir.


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@oEduardoMoreira