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Rampage: Destruição Total (2018) | Cinema em Review

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Quando o gorila gigante com DNA seriamente modificado salva a cidade de Chicago das burrices dos humanos.

Rampage: Destruição Total é aquele tipo de filme que não precisamos, mas existe para, de forma surpreendente, fazer rir aqueles que nada esperam dele. E a façanha é feita de modo lindamente cretino, onde o filme não se leva a sério, e sem tentar enganar o espectador com a tentativa de mostrar um filme com senso de urgência real. O longa nem tenta disfarçar que nem seus roteiristas acreditam na história que escreveu.

Temos Dwayne Johnson fazendo o que sabe de melhor: ser Dwayne Johnson. Ele é perfeito em fazer o papel de herói fortão com algum senso de humor, elevado nível de moralidade e amigo de todo mundo. Nesse caso em especial, amigo até dos gorilas. Pois os gorilas não mentem, não criam combinações genéticas que podem ferrar com a humanidade toda, e não tomam decisões estúpidas que ferram com tudo.

Por isso, Davis Okoye (Johnson) é amigo dos primatas, e não vai muito com a cara dos humanos. Ainda mais quando uma poderosa empresa cria a tal cominação de DNA que poderia resultar na criatura mais forte do planeta, mas que resulta apenas nas criaturas mais bizarras. O objetivo geral do filme? Salvar todo mundo, basicamente, e mostrar como os humanos simplesmente não sabem o que fazem quando tentam brincar de Deus. Ah, sim, sem falar na mensagem geral de preservar a natureza e os animais. Olha só… plot de fundo em um filme que, basicamente, tem um plot só, que é bem óbvio.

 

 

É o tipo de filme que você já sabe como vai terminar. Nem é spoiler dizer que o monstro gigante resultante da combinação de elementos de DNA será derrotado por Dwayne Johnson e seu melhor amigo. Talvez o que não é interessante contar para você é como isso é feito e, principalmente, toda a caminhada que eles fazem até chegar nesse ponto.

Por que? Porque até chegar no final, o filme abraça para si vários momentos de humor negro e absurdos de várias espécies, sem medo de ser feliz. E isso até que é bom. Eu dei risada de várias soluções na categoria “bem sem vergonha” que os roteiristas adotaram para resolver alguns dos problemas sugeridos no filme. Ver o Joe Manganiello ser comido por um lobo gigante é uma das melhores piadas internas que eu já vi no mundo do entretenimento (quem viu True Blood entendeu a referência).

Já outras situações propostas beiraram o óbvio. Colocar um gorila gigante que está crescendo rapidamente dentro de um avião é pedir para dar m*rd*. Mas até nessa escolha existe algum ponto de coerência. Historicamente, o FBI sempre foi um departamento do governo dos Estados Unidos que se acha o máximo e toma decisões imbecis, apenas para cair nos problemas mais óbvios.

A mesma dica vale para o exército dos Estados Unidos, que primeiro tenta atacar com o seu time de elite (e, obviamente, não dá certo), para depois cair na solução óbvia de explodir com tudo, com uma bomba que acaba com os monstros gigantes e, por tabela, com os civis que eles não conseguiram retirar da cidade no processo de evacuação.

No final das contas, o terceiro e último ato de Rampage: Destruição Total entrega aquilo que promete: a destruição (quase) total, já que todos os eventos de catástrofe se resumem à cidade de Chicago. Mesmo assim, você tem aquilo que espera de um filme como esse: uma mega luta onde animais gigantes criados por computação gráfica lutam entre si, de forma desenfreada, destruindo parte da cidade.

 

 

E, nesse ponto, até os roteiristas fazem piada interna dos absurdos de suas soluções. E acho isso maravilhoso em um filme que está disposto a ser apenas um filme tragédia galhofa, sem ter o compromisso de se levar a sério. O roteiro deixa isso bem claro em algumas piadas bem pontuais. Até mesmo no humor meio machista, mas que sempre tem no personagem de Dwayne Johnson (eu já falei que ele é o cara mais legal do mundo?) o lembrete que “tem mulher na cena, precisamos ser educados”.

Rampage: Destruição Total não é um filme detestável. Também não é o melhor filme de 2018, nem de longe. Tem um roteiro bem óbvio e personagens absurdamente rasos. Tão rasos, que posso dizer que os atores praticamente interpretam a eles mesmos, ou esteriótipos de outros personagens que eles já interpretaram (Jeffrey Dean Morgan que o diga).

Também não temos os melhores efeitos visuais que você poderia encontrar em um filme com orçamento estimado de US$ 120 milhões. Mas é o suficiente para você seguir rindo de tudo isso, sem se irritar ou se sentir ofendido em uma suposta tentativa de enganar você no esforço (em vão) de se apresentar como um filme sério. Aliás, esse longa me conquistou por fazer justamente o contrário: se assume como absurdo e galhofa, sabe rir de si mesmo sem forçar muito a barra, e quando tem que fazer piada suja, faz mesmo. Porque é filme de homem!

 

 

Rampage: Destruição Total até que sai com saldo positivo. Para mim, é filme ruim. Mas dá a volta. Quando me vi rindo das soluções cretinas que os roteiristas adotaram, e senti que eles estavam em algum lugar rindo comigo (e não de mim), entendi que, de um filme que eu não dava nada, consegui alguma coisa. E isso é sempre bom.

Se você vai assistir ciente de tudo isso, quem sabe pode valer a pena a experiência? Não vai mudar a sua vida, mas pelo menos você pode se divertir um pouco.

É o que queremos ao assistir um filme, certo?

 

 


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@oEduardoMoreira