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Reflexões depois de um 1 a 7

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Eu não estou decepcionado. Eu estaria decepcionado se eu vivesse em 1950. Estou humilhado. Essa foi a pior derrota de todos os tempos do futebol brasileiro. Eu não me lembro quando foi a última vez que o São Paulo perdeu de 7 a 1, que dirá a última vez que o Brasil perdeu de seis gols de diferença. Eu não estava vivo. Isso aconteceu em 1920. De qualquer forma, é mais humilhação do que decepção.

Não estou bravo com a derrota do Brasil. Pelo contrário. Quando ficou 4 a 0, eu comecei a rir, e não foi de nervoso. Nessas horas, é melhor rir de si mesmo. Se estressar pra quê? Por conta do futebol? Pior: da falta de futebol? Da inexistência do futebol brasileiro, e da plenitude do futebol alemão? Não podemos ficar bravos com isso. Temos é que aplaudir de pé o planejamento dos alemães, que por oito anos perseguiram de forma obsessiva essa final. Se planejaram, executaram e nos massacraram.

Sim. Massacre. Vexame. Humilhação. Aniquilação. Espancamento. São tantos termos que é difícil escolher.

Acredito que o Brasil já vem sendo espancado há muito tempo. Vide os 4 a 0 do Barcelona contra o Santos (e depois o 8 a 0 do mesmo Barcelona, em cima do mesmo Santos, no amistoso após a venda do Neymar). No último Mundial de Clubes, o Atlético Mineiro não chegou na final do torneio. Na Libertadores 2014, não temos um representante entre os semifinalistas do torneio.

E o Brasil? Bom, o Brasil foi isso o que vemos hoje.

Olha… geração de 1950, que chorou a derrota do Brasil contra o Uruguai… vocês foram felizes, e não faziam ideia disso. Eu sei, foi muito triste. Demais. Mas foi a dor da decepção. Por conta daquela derrota, vocês mudaram tudo, e transformaram o futebol brasileiro, que já era bom, no melhor do mundo. Campeão. O trauma foi tão grande, que reformularam tudo.

E eu não imagino que isso vai acontecer agora.

Fomos humilhados pela Alemanha, que jogou muito mais (contra um time que não existiu), que mostrou que eles fizeram tudo certo, e nós, tudo errado. Hoje, vejo os programas de debate esportivo discutindo um hipotético futuro do futebol brasileiro, mas não vejo perspectivas de um futuro melhor. Não imagino, nem de longe, uma futebol brasileiro “fechado para balanço”, expulsando escórias retrógradas como José Maria Marin e seus “apadrinhados” do núcleo da CBF.

Pelo contrário.

Imagino esses “cidadãos” se agarrando ainda mais ao poder, com a falsa promessa de “vamos salvar o futebol brasileiro”. Mentira. Vão destruir ainda mais.

Essa é a pior derrota do nosso futebol em 100 anos de história. A mais vexatória, ainda mais levando em consideração tudo o que envolveu o jogo de hoje. Será que não é hora de repensar tudo? De realmente dar espaço para novas ideias, de reorganizar nossos campeonatos, de nossa forma de ver futebol, ou até mudar a nossa forma de ver o esporte? Buscar mentes novas?

Seria o ideal. Mas para alguns caras que afirmaram que “o hexa é nosso” antes da bola rolar, não imagino eles contando com tanta sapiência para reconhecerem que fizeram o maior estrago da história do nosso futebol.

5 a 0 com 30 minutos. O Brasil não só precisa aprender a perder. Mas reaprender a jogar o jogo.


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@oEduardoMoreira