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Sam Altman quer a Renda Básica Universal

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Pasmem: Sam Altman (CEO da Open AI) e Elon Musk, duas personalidades do mundo da tecnologia que muitos não conseguem ver com bons olhos (inclusive este que escreve o artigo que você está lendo), comungam de pelo menos um pensamento que eu considero extremamente positivo.

Aliás, Altman e Musk precisam procurar com urgência o Eduardo Suplicy e pagar alguns royalties para ele pela execução de uma ideia que o político brasileiro mantém como bandeira desde a década de 1980.

Estou falando de algo que o mundo capitalista odeia, pois oferece o mínimo de liberdade para uma enorme parcela da população: a Renda Básica Universal (RBU).

 

O que é a Renda Básica Universal?

Explicando para quem nunca ouviu falar disso, apesar de entender que o termo é autoexplicativo.

A Renda Básica Universal (RBU) é um modelo econômico que propõe a distribuição de uma quantia fixa de dinheiro a todos os cidadãos, independentemente de sua situação financeira ou de emprego.

Historicamente, a ideia de RBU remonta a pensadores do século XX, mas foi somente nas últimas décadas que ganhou tração pelas diferentes dinâmicas econômicas.

A urgência do tema aumentou com o avanço da tecnologia como um todo, levando a discussões sobre como as sociedades podem se adaptar a um futuro em que muitos empregos tradicionais podem desaparecer.

Sem falar nas crises sanitárias globais, que tendem a ficar mais frequentes. Baseando em tudo o que aconteceu durante a pandemia da COVID-19, fica mais do que evidente que o atual sistema capitalista é frágil, fracassando miseravelmente diante de um vírus mortal.

O conceito de RBG ganhou notoriedade nos últimos anos, especialmente entre líderes do Vale do Silício, onde Sam Altman e Elon Musk são os dois mais destacados defensores.

Pensar que essa discussão seja levantada por dois dos mais polêmicos e capitalistas executivos de tecnologia é algo que pode soar absurdo, mas tem sua razão de ser (a partir da perspectiva deles, é claro).

Ambos enxergam a RBU como uma solução para o desemprego gerado pela automação e pela inteligência artificial, algo que muitos entendem como factível ou inevitável com o avanço dessa tecnologia.

 

O estudo da OpenResearch e seus resultados

Financiado por Sam Altman, o estudo da OpenResearch envolveu 3.000 participantes nos estados do Texas e do Illinois, com pessoas que recebiam uma renda inferior a US$ 28.000 por ano.

Um terço dos participantes recebeu US$ 1.000 mensais por três anos, enquanto o grupo de controle recebeu apenas US$ 50. O objetivo era fornecer dados concretos sobre os efeitos da RBU na vida das pessoas.

Os resultados mostraram que os participantes que receberam a RBU aumentaram seus gastos mensais em média em US$ 310, priorizando necessidades básicas como alimentação e moradia.

Além disso, aqueles que recebiam a renda básica demonstraram maior disposição para ajudar outros em situação de vulnerabilidade, evidenciando um impacto positivo na coesão social.

Embora não tenha havido melhorias significativas no acesso a cuidados de saúde, o estudo também revelou uma redução no estresse e na insegurança alimentar durante o primeiro ano para aqueles que passaram a receber a Renda Básica Universal.

Porém, os efeitos desses benefícios de um primeiro momento diminuíram ao longo do tempo, sugerindo que a RBU, por si só, não resolve problemas estruturais como condições de saúde crônicas ou altos custos de moradia.

 

As críticas à Renda Básica Universal

Jaron Lanier, renomado cientista da computação, argumentou que a Renda Básica Universal poderia gerar um sentimento de inadequação entre os que a recebem.

Ele sugere que a sociedade deve buscar formas de engajar as pessoas como provedores de dados e participantes ativos na economia, ao invés de dependentes de uma renda sem trabalho.

É uma perspectiva baseada na ideia de que o indivíduo deve ser inserido dentro da economia como membro ativo, e não como dependente do sistema.

No Brasil, muito foi discutido sobre o Bolsa Família do Governo Federal, com alegações do tipo “a pessoa vai ficar encostada e nem vai querer trabalhar”.

Por outro lado, ver brasileiros morrendo de fome durante uma crise sanitária global porque não podiam trabalhar de forma alguma foi algo tão dramático, que não sou eu quem vou julgar quem está se beneficiando de um auxílio do governo.

Além disso, a história da humanidade mostra que aqueles que querem crescer vão buscar os seus próprios meios para prosperar na vida, aumentando sua renda pelo esforço do trabalho.

O estudo da OpenResearch não é o único a investigar os efeitos da RBU. A organização GiveDirectly, por exemplo, realiza um estudo semelhante no Quênia há mais de uma década.

Além disso, o estado do Alasca distribui pagamentos anuais a seus cidadãos, oferecendo um modelo prático de como a RBU pode funcionar em uma economia real.

Depois de compreender como uma Renda Básica para a população poderia resultar em dignidade e cidadania para quem não tinha sequer condições de comer todos os dias, mudei minha perspectiva sobre essa iniciativa.

Defendo que todos precisam ter o básico para a sua sobrevivência. Ou a sociedade como conhecemos hoje vai mesmo entrar em colapso.

E não pense que Sam Altman e Elon Musk viraram comunistas. De novo: são dois dos executivos mais capitalistas do mundo da tecnologia neste momento.

E… sim… ambos estão pensando nos seus respectivos interesses quando falam em Renda Básica Universal.

Mas até eles entendem que uma medida COMUNITÁRIA é melhor do que o capitalismo selvagem que vivemos hoje.

Principalmente com o progresso da tecnologia e da Inteligência Artificial, ambos avançando a passos largos…

…e deixando os seres humanos desempregados ou obsoletos gradativamente.


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