Veja só como são as coisas…
A Samsung planeja demitir até 30% de sua força de trabalho em várias regiões do mundo, incluindo Américas, Europa, Ásia e África. A decisão surge em um contexto de reestruturação interna, visando melhorar a eficiência operacional e se adaptar a um cenário econômico onde a demanda por produtos eletrônicos está em declínio.
Não é pouca coisa, pois estamos falando de uma Samsung, que é gigante no mercado de eletrônicos e líder global na venda de smartphones. E essas demissões em massa materializam não apenas o cenário de crise de mercado, como também é reflexo da ascensão da Inteligência Artificial na estrutura laboral.
Os setores da Samsung que serão afetados
As divisões de vendas e marketing da Samsung estão previstas para sofrer cortes de até 15% nos seus funcionários, seguindo uma tendência que está se tornando cada vez mais presente indústria tecnológica.
Todas as empresas do setor estão ajustando suas estruturas para se tornarem mais ágeis e menos burocráticas, em uma resposta direta ao superdimensionamento ocorrido durante a pandemia.
Já a equipe administrativa da Samsung pode enfrentar uma redução de até 30% em escala global, no esforço da empresa em otimizar operações e reduzir custos para se manter economicamente competitiva em relação à Apple e Huawei.
Infelizmente, todas as gigantes do setor de tecnologia (e em diferentes segmentos) estão promovendo essas demissões, sob a alegação de se tornarem sustentáveis.
E isso, sem falar nas falsas promessas da época da crise sanitária global, como foi o caso da Amazon, que chegou a prometer o “home office pelo resto da vida”, para depois exigir que os funcionários voltassem ao modelo presencial.
A decisão da Samsung é também uma resposta aos desafios econômicos globais que afetam a demanda por tecnologia.
Com um mercado cada vez mais saturado e uma recuperação lenta após crises anteriores, a empresa precisa se adaptar rapidamente às mudanças do setor para evitar perdas financeiras ainda maiores.
Eu realmente desconfio (e muito) dessa narrativa das “perdas financeiras’. Sempre fica a impressão de que as empresas querem mesmo os lucros obscenos gerados pela dinâmica do distanciamento social.
Se bem que… no caso da Samsung… contra números não há argumentos.
Samsung “segue tendências”
As ações da Samsung atingiram seu menor nível em 16 meses, materializando a crise financeira que bateu na porta da empresa. E isso certamente está causando insônia nos seus investidores e acionistas.
O corte de praticamente 1/3 dos funcionários dá a entender que a Samsung, de alguma forma, está tentando se preparar para um cenário de dificuldades a longo prazo no mercado, o que fatalmente deve impactar a sua competitividade.
Em alguns setores, o principal adversário da Samsung é a Apple. E os clientes da maçã mordida vão pagar o que for pelos seus produtos.
A grande moeda de troca da Samsung é oferecer produtos bem completos com preços um pouco menores ou subsidiados.
Se a conta não fecha mais para a empresa, com quedas nos lucros, a última alternativa é “cortar na própria carne”. E é mais ou menos isso que a Samsung está fazendo.
A onda de demissões não é exclusiva da Samsung; outras grandes empresas do setor têm adotado medidas semelhantes, e também são questionadas por essas demissões.
O achatamento das estruturas internas é uma estratégia comum entre as gigantes da tecnologia para acelerar a tomada de decisões e responder rapidamente à concorrência.
Dados coletados pela consultoria Bestbrokers revelam que até agora este ano em 2024, já foram registradas 211.033 demissões apenas no setor de tecnologia. Em todo o ano de 2023, foram registradas cerca de 260.000 demissões.
O único ponto questionável de tudo isso é: o que vão fazer da vida esses profissionais que estão perdendo os seus empregos em nome da lucratividade das empresas?
As demissões vão afetar milhares de colaboradores em diferentes países, com a Índia sendo uma das primeiras regiões a implementar cortes.
A empresa já começou a oferecer pacotes de indenização para os funcionários afetados, mas sem a realocação dos profissionais para outros postos dentro da empresa, mesmo com salários menores.
Até acredito que a Samsung está tentando minimizar de alguma forma o impacto das demissões que precisa fazer na empresa.
Porém, é inevitável que tensões internas apareçam entre os seus funcionários e até mesmo executivos do alto escalão. Os funcionários de vários países se sindicalizaram recentemente, e começaram a realizar greves em fábricas ou setores de produção da Samsung.
Trabalhadores com moral baixa podem resultar em produtos ruins. E as notícias negativas dos bastidores podem entregar para a Samsung o tão indesejado impacto negativo na imagem da marca.