Só posso aplaudir de pé essa iniciativa, pois como amante da música e parte do público consumidor que pagou para ver o show, se tornou algo insuportável ver as pessoas sem noção obstruindo a minha visão com um smartphone ao alto.
Shows sem celulares estão se tornando comuns lá fora, com artistas como Jack White, Artic Monkeys e Bob Dylan liderando essa tendência. Os dispositivos são guardados em sacos Yondr durante o evento, e são devolvidos para os usuários após o concerto.
O principal objetivo da iniciativa não poderia ser outro: que o público preste atenção ao show, evitando distrações como gravações e notificações.
Grava o show no seu cérebro
A proibição dos smartphones nos shows está alcançando um efeito colateral bem interessante: os presentes estão aumentando suas expectativas em relação ao espetáculo, valorizando um pouco mais a exclusividade da experiência.
A iniciativa também está forçando os fãs a vivenciarem o momento ao invés de assistirem através de telas. E… convenhamos: tudo bem, você quer fazer um registro desse momento incrível na sua vida, mas ver ao vivo tudo através do smartphone quando você tem a chance de ver o artista no palco é algo bem estúpido.
Gravar um show pode ser menos valioso do que vivenciar a performance ao vivo, pois as memórias mais significativas dessas experiências são aquelas que você registra no seu cérebro, e não através das fotos e vídeos desfocados que você insiste em tirar com aquele seu smartphone Motorola.
Sim… algumas pessoas estão indignadas com a proibição, e alegam que a medida mais lembra as regras escolares, e que ninguém que frequenta um show do Bob Dylan é criança (apesar de se comportar como uma).
Muitos alegam que ir a um show é uma escolha pessoal, e cada um deve ter o direito de aproveitar o espetáculo da maneira que preferir. Aliás, vários concertos estão usando a lanterna do celular como elemento de interação com o público, o que acho muito válido.
O problema é que o seu direito acaba quando começa o meu. E eu não quero ver você como um imbecil tampando a minha visão porque você fica com os braços suspensos segurando o telefone por duas horas.
Você não é a BBC ou a MTV. Você é a Sheila, com 28 anos nas costas, que precisa sair todas as manhãs para trabalhar e pagar as contas.
E… por falar em pagar contas…
Tem o lance dos direitos autorais
Para os mais desavisados, é sempre bom informar que os artistas têm o direito de controlar a gravação de suas performances, protegendo sua propriedade intelectual que está presente nos vídeos.
É só você pensar um pouco: YouTube, Instagram, TikTok e várias outras redes sociais restringem o alcance e até removem o vídeo gravado por terceiros que contam com músicas comerciais, só para proteger os direitos dos proprietários intelectuais.
Tem certeza de que vale a pena ficar perdendo o seu tempo para compartilhar com amigos e parentes que você estava no show do Linkin Park quando a banda pode até mesmo banir o seu canal no YouTube porque você gravou um trecho do show?
Sim, eu sei que compartilhar trechos de um show é uma forma de incentivar a outras pessoas a comprar o ingresso para o espetáculo, apostando no efeito viral. Acontece que o uso do telefone nesses cenários se tornou algo desrespeitoso e não pontual ou circunstancial.
Então… a prática de proibição do uso dos smartphones em shows existe para diferentes finalidades.
Para fomentar uma conexão mais profunda entre o artista e o público, transformando concertos em experiências coletivas memoráveis…
…e também para coibir o comportamento de pessoas mal educadas, que não conseguem entender limites, ou que adoram aparecer na internet por qualquer coisa.
Quem dera se essa regra fosse aplicada ao cinema…