Press "Enter" to skip to content
Início » Cinema e TV » Silêncio da Disney diante do racismo contra The Acolyte

Silêncio da Disney diante do racismo contra The Acolyte

Compartilhe

A série The Acolyte, que faz parte do universo Star Wars, gerou uma onda de assédio online, especialmente contra o elenco e a equipe. E isso acontece basicamente por causa da diversidade apresentada, algo que alguns “fãs” da saga simplesmente não admite que possa existir dentro desse mundo.

Amandla Stenberg, uma das protagonistas, foi alvo de ataques nas redes sociais desde o início de sua participação na série, em uma campanha de ódio sem precedentes.

Agora, a atriz Jodie Turner-Smith, que também participa da série, vem a público criticar a postura da Disney de total inação diante dos ataques racistas sofridos contra os membros do elenco.

 

Frustração com o silêncio da Disney

Turner-Smith, que interpretou a personagem Aniseya na série, expressou sua decepção com a ausência de um posicionamento firme por parte das empresas, enfatizando a importância de condenar publicamente o racismo e o assédio.

Palavras da atriz (em entrevista para a Glamour UK):

“Seria bom se as pessoas que têm todo o dinheiro mostrassem seu apoio e permanecessem firmes. Dizer que isso é inaceitável: ‘Você não é um fã se fizer isso’. Faça uma declaração realmente grande e veja se algum dinheiro vai embora. Aposto que não, porque as pessoas de cor e especialmente os negros, representam uma grande porcentagem do potencial de vendas. Eles podem achar que é realmente mais lucrativo para eles, mas todos usam ‘acordado’ como se fosse um palavrão.”

Pelo visto, os fãs mais tóxicos conseguiram o que queria: The Acolyte foi cancelada pela Disney, e não vai receber uma segunda temporada.

Turner-Smith também destacou o poder econômico dos consumidores de cor, criticando a narrativa de que ser “woke” ou defender minorias seja algo negativo para os lucros.

O que, por si, deveria ser encarado como algo absurdo. Não querer que se ofereça as mesmas oportunidades para todas as pessoas, de diferentes gêneros e etnias, é sim o manifesto do mais primitivo tipo de pensamento que pode se passar pela cabeça de um indivíduo.

Que dirá quando vem de um coletivo já denominado como “fandom tóxico”.

 

“Woke” é um palavrão?

É óbvio que não. Porém, um bando de machos que não conseguem ficar com mulher de jeito nenhum entende que sim.

A cultura “woke” (que vem de “to woke”, ou “acordar, despertar”) surgiu justamente para que o coletivo como um todo fique efetivamente mais atento e desperto para os direitos de grupos minoritários nos EUA.

Dessa forma, a imprensa, a mídia, o entretenimento e as artes podem promover através dos seus projetos discussões objetivas para uma maior diversidade e inclusão dentro dos seus meios, fazendo com que a sociedade como um todo se torne mais consciente sobre esses temas.

Infelizmente, para um grupo de pessoas que não suporta ver o mundo em transformação, a cultura “woke” é uma “ameaça”. E deve ser mesmo, pois tudo o que esse povo mais teme é que tudo se transforme em algo diferente do que sempre foi.

Considerando tudo o que The Acolyte e outras produções em Hollywood enfrentaram, indo de review bombing até o linchamento nas redes sociais, o ruído da minoria é elevado, e os estúdios temem as reações mais verborrágicas.

E no caso em particular da Disney, nem dá para dizer que surpreende esse silencio. Não é a primeira vez que o estúdio se comporta desse jeito.

A grande diferença do mundo de hoje para aquele em que a palavra “woke” nasceu é que, nesse momento, os verdadeiros protagonistas das histórias não estão se calando.

Alguns entendem que a Disney promove a diversidade em suas produções apenas pela “lacração”, ou para lucrar em cima de pautas que o estúdio não acredita.

Com tal silêncio diante dos casos de racismo em The Acolyte, essa teoria ganha força. O que é péssimo para todos os envolvidos.

Porém, uma vez que deram voz para protagonistas negros se manifestarem sobre o assunto, eles serão ouvidos. E o que antes não era sequer sussurrado na sociedade agora se torna um grande debate, em busca de causas e soluções.

É certo afirmar que a Disney era a última empresa que gostaria de iniciar essa discussão junto ao grande público.

Porém, se calar diante da violência do fandom tóxico passou bem longe de ser a melhor estratégia.


Compartilhe
@oEduardoMoreira