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Só agora se lembraram de enterrar o ICQ!

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ICQ é sinônimo de nostalgia. Então, se for para falar sobre o fim oficial do serviço (que estava morto para muita gente), é melhor fazer isso no meu blog pessoa, já que isso aqui está virando “blog de tiozão”.

O ICQ, aquele mesmo da pequena flor colorida, que tanto alegrou aos internautas na década de 2000… vai mesmo fechar as portas. O encerramento oficial do serviço está marcado para o dia 26 de junho de 2024, e a sua atual proprietária VK convida os (pouco) usuários do serviço a migrarem para os demais aplicativos da plataforma russa, o VK Meessenger e o VK WorkSpace.

 

Revolucionário para a primeira geração conectada

Os Millennials e Gen Z com certeza não fazem a menor ideia do que estou falando. Mas não posso deixar de destacar o quão revolucionário foi o ICQ para a primeira geração de internautas, que é a minha.

Quando tudo isso aqui era mato, com o Geocities loteando tudo, o ICQ era rei. Em uma época em que ter um celular ainda era um artigo de luxo e telefonemas interurbanos custavam o seu rim ou algumas brigas históricas com os seus pais, esse pequeno aplicativo transformou as comunicações online para sempre.

Se antes você dependia da sorte ou de uma troca de e-mails combinando o horário que você e aquele contato de São Paulo iriam se encontrar no Chat do ZAZ ou do Universo Online (e percebam o quanto sou velho por usar nomes antigos do Terra e do UOL), o ICQ reduziu essas distâncias drasticamente.

Bastava entrar no software instalado no PC, ver quais eram as pessoas que estavam online e iniciar uma conversa por texto, que depois passou a suportar pequenos clipes de áudio (no melhor estilo de mensagens de voz do WhatsApp) para finalmente receber as chamadas de voz que tanto alegraram os pobres na economia do interurbano.

Eu cheguei a montar computadores bem básicos em casa apenas para usar o ICQ, o mIRC e outras plataformas de comunicação online, pois naquela época uma das melhores coisas que a internet poderia oferecer era as conversas com desconhecidos.

Hoje, as pessoas viraram ou insuportáveis ou de extrema direita, manifestando o QI abaixo de 90 e manifestando tolerâncias e preconceitos.

Coincidência ou não, tudo isso apareceu depois que o ICQ deixou de ser popular na internet.

 

O fim, depois de tantas idas e vindas

O ICQ durou assustadores 28 anos em nossas vidas (considerando que ele nasceu em 1996). Saiu de uma pequena empresa israelense para ser propriedade da AOL por algum tempo e, no final, foi parar nas mãos da russa VK em 2010.

No meio do caminho, virou aplicativo para smartphones, foi banido no Brasil (por conta do uso para disseminação de conteúdos não apropriados ou intoleráveis para o grande público), tentou um revival e, só agora, desaparece de uma vez por todas.

O ICQ foi vítima das novidades que apareceram depois dele, que eram soluções muito mais completas. O MSN Messenger e o Skype roubaram o mercado de assalto, para depois sucumbirem diante da dominância do WhatsApp e do iMessage.

Agora, ele se junta a tantas outras soluções que apareceram e desapareceram na internet. E nós ficamos agora com aquele sentimento de “nostalgia hipócrita”: sentindo a falta de algo que não faz parte de nossas vidas.

Bem sabemos que nenhum de nós que está de forma mais ativa na internet usa o ICQ para absolutamente nada, mas vai correr para as redes sociais para dizer que vai sentir saudades daquelas notificações irritantes que tocavam nos alto-falantes da Sound Blaster nos computadores.

Eu sei que isso vai acontecer. Mesmo porque eu serei uma dessas pessoas.

Da mesma forma que o Yahoo! Messenger (esse sim eu usei bem pouco), o ICQ será agora o motivo principal para que as pessoas fiquem nas redes sociais revirando o passado do lixo para comentar como o passado era melhor, em uma mentira absurda combinada com uma tentativa patética de superioridade em relação às novas gerações.

Jovens… sim… o ICQ era ótimo e vamos sentir falta dele, mesmo sem chegar perto da plataforma nos últimos 10 anos. Mas poucas coisas substituem o presente tão dinâmico que temos hoje.

Então, tentem não se deixar levar pelas lorotas que os mais velhos contam de tempos em tempos. Se o ICQ fosse tão incrível quanto a gente conta, ele teria destruído o WhatsApp, mas nem chegou a fazer cócegas de fazer isso.

Que o ICQ vá para o além-túmulo em paz, deixando boas lembranças em todos nós. Mas que não se torne aquele hit do passado que todo mundo amava, mas deixou abandonado porque o novo é sempre melhor.


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@oEduardoMoreira