Vamos parar de afirmar que o GP da Austrália é sempre ótimo, pois em 2025, a tal da emoção apareceu graças ao Fernando Alonso e à São Pedro que, aparentemente, odeia o Oscar Piastri.
O GP da Austrália de Fórmula 1 em 2025 “constou e existiu”, pois metade da corrida foi um grande nada em termos de competitividade. É uma prova de abertura de temporada que serve para dizer que o campeonato começou, e que podemos (finalmente) parar de sofrer de abstinência da categoria, principalmente para aqueles que ignoram a existência da Fórmula Indy e da NASCAR.
A corrida marcada por condições climáticas instáveis, múltiplos acidentes e estratégias arriscadas. Lando Norris, da McLaren, largou na pole position e, pasmem, não errou. Fez uma corrida impecável, enfrentando todas as adversidades e convertendo o favoritismo construído ao longo do final de semana em vitória.
O britânico superou Max Verstappen, que liderou parte da corrida, e George Russell, que garantiu um lugar no pódio para a Mercedes.
E a partir de agora, conto os principais pontos dessa corrida de abertura da temporada.
Um início de corrida tenso em Melbourne
Desde o início, as condições climáticas trouxeram dificuldades para os pilotos. O tempo quente e ensolarado dos treinos deu lugar a uma chuva intermitente, tornando a pista escorregadia para todo mundo.
Mas aparentemente foi mais escorregadia para o estreante Isack Hadjar, da Racing Bulls. O piloto que, na opinião do Dr. Helmut Marko, é “nível A”, enquanto o brasileiro Gabriel Bortoleto é “nível B”, sequer completou a volta de apresentação, pois errou na curva 2 e bateu, abandonando a corrida e abortando a largada.
Quando a corrida finalmente começou, Norris manteve a liderança na primeira curva, seguido de perto por seu companheiro de equipe Oscar Piastri e por Verstappen, que rapidamente ultrapassou o australiano, assumindo a segunda posição.
Pouco tempo depois, Jack Doohan, da Alpine, sofreu um acidente na curva 5, trazendo o primeiro Safety Car da prova. Durante esse período, Carlos Sainz, da Williams, também enfrentou problemas, colidindo na última curva devido a uma falha no carro.
Mudança de estratégias e reviravoltas na liderança
Com a pista começando a secar, as equipes decidiram trocar os pneus intermediários por slicks, uma decisão arriscada, mas necessária para ganhar tempo. Era o mais lógico a ser feito, diante da mudança das condições do asfalto.
Mas prever o tempo em Melbourne é o mesmo que tentar segurar o vento, e a chuva voltou a cair em Albert Park. Norris até conseguiu se manter na pista por algumas voltas, mas no terceiro trecho do circuito chovia mais forte.
Tanto Norris quanto Piastri foram para a grama ao tentar manter o controle do carro, com o australiano perdendo muito tempo e despencando na classificação.
Verstappen, que ainda estava com pneus slicks, aproveitou o caos para assumir a liderança. No entanto, as condições pioraram rapidamente, e o holandês foi forçado a fazer um pit stop para pneus apropriados para pista molhada. Essa parada custou caro para a Red Bull, e Norris reassumiu a ponta.
Obrigado, Fernando Alonso, pela graça alcançada
O tal “emocionante GP da Austrália” só aconteceu mesmo porque Fernando Alonso acabou batendo e provocando mais um Safety Car que, dessa vez, foi mais longo que o esperado.
Os pilotos mais uma vez se viram na condição de rever as estratégias de pneus, e isso desencadeou um efeito em cadeia para a corrida como um todo.
O que não foi nada surpreendente foi ter mais um Safety Car acionado antes do fim da corrida, por conta dos acidentes de Liam Lawson, da Red Bull, e do estreante Gabriel Bortoleto, da Kick Sauber.
E a grande estratégia da Ferrari, que até estava em melhor posição com os seus dois carros, foi chamar Leclerc e Hamilton para troca de pneus quando todos os ponteiros já tinham feito essas trocas em pista.
Tem coisas que não mudam mesmo.
Quando a prova foi retomada, Verstappen tentou de tudo para ultrapassar Norris, se mantendo dentro da zona de DRS. Apesar da pressão intensa do tetracampeão mundial, Norris resistiu bravamente e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, com uma vantagem mínima de 0,895s sobre o rival.
Enquanto isso, George Russell aproveitou os incidentes para garantir a terceira posição para a Mercedes. Seu companheiro de equipe, o novato Andrea Kimi Antonelli, chegou a ser penalizado por uma liberação insegura dos boxes, mas posteriormente recuperou a quarta colocação após revisão. Alexander Albon, da Williams, também fez uma corrida consistente e completou o Top 5.
Um início promissor para a temporada?
Talvez. Não sei. É cedo para dizer.
O GP da Austrália não é parâmetro, ainda mais em condições adversas. Está mais para uma fotografia desfocada de uma primeira impressão.
Que a McLaren começa a temporada na frente das demais, não resta a menor dúvida. Mas… o quão na frente está? E com Norris e Piastri liberados para disputarem o título, por quanto tempo a equipe permanecerá na frente?
E a pergunta mais importante: Lando Norris está mesmo com a cabeça no lugar? Se ele realmente entendeu o que aconteceu em 2024, ele tem tudo para “provar o seu ponto” (“não preciso ter nada de especial para vencer Verstappen”) e conquistar o título mundial, pois começa o campeonato na frente e com o melhor carro.
Verstappen segue como um dos principais favoritos ao título, mesmo com um carro que começa atrás da principal rival. Ele é o cara que pode extrair mais do equipamento do que se espera dele, e mesmo com uma Red Bull em desvantagem, ainda podemos colocar o holandês como principal adversário da McLaren.
A Mercedes parece estar mais consistente como terceira força do ano, e aparentemente conta com um conjunto mais equilibrado em 2025. Tem dois pilotos bons o suficiente para brigar por vitórias, e está doida para mostrar para o ex que está mesmo em uma nova fase.
E a Ferrari foi a grande decepção do final de semana. Erra na estratégia, carrega demais no downforce do carro e já gera desconfianças sobre o seu real potencial de competitividade. Gera mais dúvidas do que certezas.
E parabéns para Gabriel Bortoleto, que fez um ótimo final de semana de estreia, considerando todos os detalhes envolvidos. Largou na frente do companheiro de equipe (que tem muito mais rodagem na categoria), sobreviveu ao caos na maior parte do tempo, e só teve o seu acidente por conta de um problema mecânico em seu carro.
Nem mesmo a punição de 5 segundos foi culpa de Gabriel (é a equipe quem libera o piloto dentro do pitlane após uma parada nos boxes).
Próxima etapa: GP da China, já no próximo final de semana.
E não contem comigo para o plantão do madrugadão, pois eu não tenho mais saúde para isso.
Via Formula1.com