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Spielberg (HBO 2017), uma doce e lúdica visão do diretor através de sua obra

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É difícil encontrar alguém mais bem sucedido na vida que ele. Seus filmes são extraordinários, e duas horas e meia podem ser quase redundantes para celebrar os eu trabalho. Aliás… resta alguma coisa ainda a se dizer sobre Steven Spielberg?

A diretora Susan Lacy aposta em captar o homem falando de forma pessoal e sincera sobre sua filmografia, sobre a forma em que seus interesses pessoais modelaram o seu trabalho.

Entrevistas com suas três irmãs, seus pais, críticos de cinema e astros do quilate de George Lucas, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Brian De Palma, Tom Cruise, Oprah, Leonardo DiCaprio e Harrison Ford contribuíram com o trabalho.

O grande acerto de Spielberg é mostrar a vida do diretor sem seguir uma ordem cronológica. Há sim uma estrutura temporal, mas não é uma loucura de viagem no tempo o tempo todo.

 

 

Ela começa com o impacto que teve Lawrence da Arábia (1962) quando um Spielberg de 16 anos de idade começa sua carreira, abordando inclusive seus medos na tela, com Tubarão (1975) e Poltergeist (1982).

Sua relação com o judaísmo em A Lista de Schindler (1993) ou Munique (2005), sua exploração da injustiça e política em Amistad (1997), Lincoln (2012) e até A Guerra dos Mundos (2005).

Por causa do 11 de setembro, ele explorar temas consequentes desse evento: famílias que se separam, que perdem o pai, o crescimento na solidão e as segundas oportunidades.

Todo mundo sabe que o divórcio dos pais de Spielberg teve um efeito profundo nele. E ele lida com isso em Contatos Imediados do Terceiro Grau (1977) e E.T. (1982). Agora, ouvimos o diretor reconhecendo isso, falando sobre isso.

 

 

Ver os seus pais falando do tema é outro diferencial, por mostrarem sua incomum história de amor, decepção e reencontro.

O ressentimento de Spielberg era injusto. Seu pai ficou em silêncio por conta da infelicidade de sua mãe, e isso resulto em décadas de filmes sobre pais ausentes. Mas a reconciliação dos seus progenitores deu um ar de redenção, que fica bem claro em O Resgate do Soldado Ryan (1998), fechando um ciclo que oferece uma olhada global do documentário um emocionante drama de si mesmo.

Spielberg também examina a técnica do diretor, desde a forma como orienta os atores infantis como se fosse um deles até os movimentos de câmera. Colegas e analistas do seu trabalho mostram exemplos de como cenas bem dirigidas mostram um foco com uma compreensão mais profunda do seu cinema.

Apesar do documentário evitar falar dos seus fracassos, ao menos vemos um diretor falando sem medo sobre sua arrogância ao fazer comédia, como 1941 (1979), sua desilusão por repetir os erros dos seus pais, com o divórcio de Amy Irving, ou a falta de valentia ao retratar a relação sexual entre Celie (Whoopi Goldberg) e Shug (Margaret Avery) em A Cor Púrpura (1985).

E não… nada sobre o fracasso de HooK: A Volta do Capitão Gancho (1991).

Também ficou de fora o estudo de sua influência, o conceito da Amblin e sua faceta como produtor, mas ao menos temos material para uma segunda parte.

Spielberg é uma exploração muito profunda e pessoal do cineasta vivo mais importante dos Estados Unidos, aprofundando de forma simples e competente a sua história, e criando uma visão compacta da forma que um pequeno rapaz solitário chega a compartilhar a sua visão do mundo para milhões de pessoas.


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@oEduardoMoreira