Por mais que chefes, grandes executivos e grandes magnatas de diferentes segmentos queiram, ainda não dá para substituir a mão de obra humana pela inteligência artificial (IA). E o último episódio que aconteceu lá fora é mais uma prova do que estou falando.
Algumas empresas estão insistindo em já querer trocar os humanos por IAs para algumas tarefas que exigem um certo processo de mecanização na execução da função. Algo que até compreendo, mas… não quer dizer que já seja possível fazer a troca.
Afinal de contas, as IAs podem até aguentar chefes abusivos, mas não são tão completas.
O que aconteceu?
Em 2023, a decisão do CEO da Dukaan, Suumit Shah, de demitir 90% de sua equipe de atendimento ao cliente em favor de um chatbot gerou grande repercussão.
Era uma medida drástica em nome de uma suposta melhoria na eficiência quando, na prática, tudo o que a empresa realmente queria era maximizar os lucros.
IAs gastam menos dinheiro que humanos. Você gasta uma vez para desenvolver um chatbot, e tem custos muito menores na manutenção e atualização do software.
Já humanos cobram vale transporte, vale alimentação, seguro-desemprego e outros direitos trabalhistas que custam muito mais.
Todos os meses.
Cobertor curto nos resultados
Os chatbots melhoraram o atendimento ao cliente, reduzindo o tempo médio de resposta de 1 minuto e 44 segundos (em média) para uma resposta instantânea.
Além disso, o tempo para resolver problemas caiu de 2 horas e 13 minutos para apenas 3 minutos e 12 segundos.
Maior eficiência. Maior satisfação do cliente. Menos dinheiro investido no processo.
Tudo lindo. Certo?
Nada disso.
Os mesmos clientes revelaram que o atendimento ficou desumanizado, já que a máquina só resolve problemas, sem pensar na empatia necessária com quem tem o problema para que aquela pessoa se sinta mais confortável e confiante.
Sem falar no impacto social da demissão em massa, que respingou negativamente na Dukaan. O caso foi tratado como um “terremoto social” para a empresa.
Adotar a IA no mercado laboral e manter os empregos e a dignidade humana é o ponto central dessa problemática.
E quando você demite 90% dos seus funcionários e, ainda assim, tem prejuízos maiores com a imagem da sua empresa do que os hipotéticos lucros com a economia feita, temos aqui, de forma clara, o emblemático ditado “o dinheiro não é tudo nesse mundo” se materializando, de forma até implacável.
Estudos indicam que até 40% dos empregos em todo o mundo podem ser afetados pela IA nos próximos anos, com uma concentração maior em economias avançadas onde empregos qualificados estão mais expostos.
É um cenário que tem tudo para agravar a desigualdade salarial no mundo, prejudicando especialmente a classe média, enquanto trabalhadores com habilidades técnicas podem se beneficiar do aumento da produtividade.
Portanto, as políticas públicas devem focar na realocação e proteção dos trabalhadores vulneráveis.