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Trump arrega e a Apple agradece!

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Donald Trump tem duas escolhas: ou deu uma trégua na guerra comercial contra a China, ou deu uma bela arregada para que Apple e NVIDIA não comecem a gritar na orelha dele.

A retirada de celulares, notebooks, processadores e chips de memória da lista de produtos que seriam taxados com absurdos 125% vindos da China (e da taxa básica de 10% dos demais países) é um fôlego que Trump dá para as empresas repensarem a vida, e para que o próprio Donald reveja o que está fazendo.

As gigantes de tecnologia, que apoiaram a gestão Trump, estão desesperadas com o impacto nas cadeias de produção, com o preço para o consumidor final e, principalmente, com os lucros que vão despencar com tudo isso.

E como todo mundo gosta de dinheiro…

 

Trégua parcial, mas não definitiva

A flexibilização vale desde 5 de abril e acompanha a decisão do presidente de aplicar uma pausa de 90 dias nas tarifas para a maioria dos países — exceto a China. E Trump dá esse tempo para todas as empresas reorganizarem suas cadeias de produção…

…pois insiste querer esses produtos produzidos em território norte-americano.

Ou seja, a pausa não só é temporária, mas é para atender aos interesses do presidente norte-americano, o que não ajuda muito aos envolvidos diretos no problema.

O medo consome o setor tech como um todo. Para a Apple ir buscar mais de 600 toneladas de iPhones da Índia para os EUA, é porque a coisa está feia.

A Nintendo pausou a pré-venda do Switch 2. A Sony e a OnePlus aumentaram os preços dos seus produtos “do nada”. E Jensen Huang decidiu queimar a jaqueta de couro para não ter que falar com os investidores da NVIDIA sobre tudo o que está acontecendo.

Todo o setor de tecnologia não sabe mais o que se passa na cabeça do Donald, e teme pela volta dos impostos a qualquer momento.

Por outro lado, dentro da imprevisibilidade mental de Trump, é possível que ele volte atrás, e busque uma negociação mais efetiva com a China (algo que, nas internas, alguns afirmam que já está acontecendo).

 

O que acontece a partir de agora?

É difícil dizer.

É muito difícil imaginar que Apple e NVIDIA vão mudar os seus planos de logística “do nada e de forma repentina”. Três meses é muito pouco para repaginar complexas cadeias de produção.

E o cenário temporário não ajuda por completo a nenhuma das duas, pois os reajustes de preços parecem ser inevitáveis.

Mesmo com as isenções, os produtos ainda podem enfrentar uma taxa de 20% voltada para questões geopolíticas — como o combate ao tráfico de substâncias químicas. Algo que Apple e NVIDIA não só não estão envolvidas, como não contam com qualquer controle sobre o assunto.

Na prática, os custos de produção ainda estão elevados, e o consumidor final deve pagar o preço por isso nos próximos meses, independentemente do que venha a acontecer a partir de agora.

No final das contas, Tim Cook é digno de pena.

Virou um refém de uma estratégia política que só beneficia ao próprio Trump, que não pensa em mais nada além do seu ego e eleitorado. Sua recuada na cobrança de impostos pode ser visto como um sinal de arregada, ou de pausa temporária para ganhar fôlego.

A guerra comercial está bem longe de terminar. E Pequim sabe disso. Tanto, que só observa o movimento, esperando o momento certo para responder.

Apple, NVIDIA e outras gigantes do setor podem respirar. Por enquanto.

Mas é melhor garantir um bom balão de oxigênio para o futuro, pois a tendência de asfixia ainda é elevada.

 

Via TargetHD.net


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