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Um smartphone dual-chip quad-core é ótimo, mas não espere muito disso…

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O Brasil está entrando em uma nova fase do mercado de smartphones de linha média: os modelos dual chip “turbinados” com processadores quad-core, com preços competitivos. A proposta na teoria é muito interessante (particularmente, me interessa muito), principalmente se olharmos para os modelos atuais, com processadores que vão, no máximo, a uma velocidade de 1.2 GHz, mas com dois núcleos de processamento. Porém, como quase tudo nessa vida, nem tudo é o que parece ser. Os modelos recém lançados possuem quatro núcleos de processamento, mas podem não revolucionar a sua vida no desempenho final.

Nos últimos dias, pelo menos três fabricantes anunciaram novos produtos com processadores quad-core, com preços variando entre R$ 899 e R$ 1.299. Os valores se alinham na proposta para um produto de linha média no mercado brasileiro, mas se você observar os valores desses dispositivos lá fora, você verá que eles ainda estão relativamente caros por aqui. Ainda mais quando olhamos para os detalhes técnicos desses produtos.

Começando pelo Samsung Galaxy Win, que possui um processador Cortex-A5 quad-core de 1.2 GHz. Uma das coisas que a maioria das pessoas não sabem é que essa versão de processador é relativamente antiga, além de contar com um processo de fabricação simplificado, justamente para reduzir o preço do produto. Se somarmos com o fato que o modelo trabalha com uma GPU Adreno 203, ele pode ter um desempenho geral melhor do que o Galaxy Gran Duos (por exemplo), mas não vai fazer milagres (até porque o Adreno 203 também é uma GPU relativamente limitada).

Olhando algumas reviews do modelo lá fora, os usuários reclamam de problemas pontuais, como o fato da câmera gravar a 15 FPS, a qualidade da tela e a velocidade de internet via 3G mais lenta. Não me surpreende: afinal de contas, estamos diante de um smartphone de linha média. Outros reviews até mesmo afirmam que o processador quad-core do Galaxy Win pode ter a mesma performance do Galaxy Gran Duos (atenção: mesma performance é uma coisa, capacidade de processar mais coisas ao mesmo tempo é outra, mas falo disso mais para frente).

A única coisa que me incomoda é o preço: R$ 999.

CCE_Motion-Plus-SK504

A Samsung fez no Brasil um movimento de “timing”. Lançou o Galaxy Win pelo menos um mês antes da chegada do Motion Plus SK504 da CCE, que tem a mesma proposta quad-core com um preço “espetacular” de R$ 899. Antes que você comece com a piada “comecei comprando errado” (que eu concordo, pois o passado da empresa se alinha à esse mantra), leve em consideração que a estrutura geral da empresa mudou muito nos últimos anos (exemplo: um dos meus clientes possui um notebook CCE Win, e até agora, ele não teve nenhum tipo de problema em dois anos).

Dito isso, o CCE Motion Plus SK504 possui, na teoria, especificações um pouco melhores que o Galaxy Win, principalmente no seu processador quad-core Qualcomm Snapdragon de 1.4 GHz, também trabalhando com 1 GB de RAM, uma GPU que não foi anunciada (espero que seja algo razoável) e tela qHD de 5 polegadas. De novo, estamos diante de um modelo tipicamente de linha média, com algumas restrições orçamentárias, como por exemplo 4 GB de armazenamento. Mas para realizar as principais tarefas do dia a dia, assim como o Galaxy Win. Talvez ele engasgue um pouco com alguns jogos mais pesados, mas muito mais por conta de uma GPU limitada do que por causa de um processador.

BLU PRODUCTS PHONE

O BLU LIFE PLAYER é o último modelo a ser citado. Possui processador MediaTek MT6589 quad-core de 1.2 GHz, conectividade 3G HSPA+, GPU PowerVR Series 5, tela de 4.7 polegadas HD IPS, entre outros benefícios. É o modelo mais promissor dos três, mas também só podemos ter a certeza que ele é tudo isso depois de testá-lo (algo que vai acontecer em breve, com a Eletrolar Show 2013).

Mesmo assim, o modelo da BLU tem também suas restrições (para ser, de novo, um modelo de linha média), como baixa capacidade de armazenamento, e uma bateria com uma baixa quantidade de mAh do que o desejado. Porém, o que importa mesmo é que o produto atenda as principais necessidades dos usuários.

Um pouco antes nesse texto eu disse que era importante o usuário entender a diferença entre ser mais rápido e mais eficiente. Esses modelos com quatro núcleos de processamento foram feitos para realizarem mais tarefas ao mesmo tempo, mas não em uma velocidade maior. Certamente você tem um ganho de desempenho, e os benchmarks feitos com esses dispositivos vão mostrar pontuações maiores que os modelos com chips dual-core. Porém, isso não necessariamente se converte em um grande ganho de desempenho.

Acho que a boa notícia aqui é ver alguns fabricantes tentando encontrar um equilíbrio entre a oferta de especificações mais completas com preços competitivos. A evolução tecnológica permite isso, e não podemos criticar os fabricantes pela iniciativa. Talvez o problema maior está em alguns usuários, que acabam lendo a palavra “quad-core” em um produto, e espera que ele faça o mesmo que um Nexus 4 ou um Galaxy S4. Não vai acontecer dessa forma.

No final, vale aquelas regras básicas: teste o produto, leia os reviews, busque informações e, depois de todos os dados coletados, faça a compra. Sempre visando aquele produto que vai corresponder às suas expectativas e necessidades. Os modelos quad-core de “baixo custo” são bem vindos, mas tenha a ciência que eles possuem limitações, como todo smartphone de linha média que se preze.


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@oEduardoMoreira