Press "Enter" to skip to content
Início » Opinião » Uma fábrica de cretinos digitais?

Uma fábrica de cretinos digitais?

Compartilhe

Olha só um plot twist da vida…

O pesquisador francês Michel Desmurget deu uma entrevista recente para a BBC, com o objetivo de promover o seu novo livro, “A Fábrica de Cretinos Digitais” (em livre tradução). A obra fala sobre a influência das telas na neurociência, quebrando mitos e apresentando verdades que, em alguns casos, são inconvenientes.

A frase mais impactante que Desmurget disse na entrevista foi:

 

“Os nativos digitais são os primeiros filhos com um coeficiente intelectual mais baixo que os seus pais”.

 

É uma forma elegante para dizer que os millennials serão menos inteligentes que os seus pais. Algo que soa como um elogio para mim.

Mas não precisa ser um pesquisador para chegar a essa conclusão. Basta olhar para os millennials e o seu comportamento nas redes sociais, e logo constatamos que, intelectualmente falando, a geração que inventou a “cultura” do cancelamento simplesmente não existe nos aspectos intelectuais.

Durante a entrevista, o especialista explica que:

 

“Infelizmente, ainda não é possível determinar o papel específico de cada fator, incluindo (por exemplo) a contaminação (especialmente a exposição precoce à pesticidas) ou a exposição à telas”.

 

 

Ou seja, estamos diante do estancamento do “efeito Flynn”, que determina o aumento contínuo das pontuações da inteligência ao redor do mundo, em um processo que é analisado pelos pesquisadores há mais de um século. E isso está diretamente relacionado com o advento da cultura digital.

O livro de Desmurget tem uma missão muito necessária nos dias de hoje: demolir os mitos que, de forma injustificada, tentam ocultar os efeitos negativos da cultura digital e das telas.

Mas… vamos tentar jogar um pouco mais de luz na discussão.

 

 

 

Sim, millennials… vocês são menos inteligentes do que a Geração Z

 

Eu não chamaria os millennials de burros, mas sim de menos inteligentes. Eu vou além: esperteza nesse caso não é sinônimo de inteligência. E isso era bem fácil de constatar com o comportamento agressivo e individualista de muitos membros dessa geração.

A mesma internet que derrubou fronteiras e estreitou a distância entre as pessoas acabou isolando uma geração inteira, que não desenvolve a capacidade de discutir ideias para desenvolver novas visões do mundo a partir das diferenças. É uma geração que adora ouvir a si mesma e quer que o mundo ouça a sua voz, mas na prática só faz ruído (no lugar de apresentar pensamentos e ideias) e só pensa em ter a própria voz ouvida por todos.

Quando individualizamos demais a nossa vida e nossas mecânicas sociais, perdemos uma enorme oportunidade em aprender com os outros. E aprender com o coletivo é parte fundamental para o desenvolvimento intelectual.

Uma geração que não consegue socializar limita os seus conceitos e aprendizados, o que sempre resulta em uma limitação intelectual. Logo, os millennials naturalmente serão menos inteligentes que as gerações anteriores.

É um resultado natural de um desvio na rota da evolução humana.

Mas… a culpa disso é apenas das telas e da internet?

 

 

 

Até onde a culpa é das telas?

 

A pergunta que deveria ser feita no final desse post não é essa. Uma das perguntas mais relevantes nessa discussão é:

 

 

 

Onde estão os pais desses jovens?

 

Os pais são responsáveis pelo estímulo intelectual dos filhos, direcionando crianças e adolescentes para focos de interesse mais edificantes. Pais que simplesmente largam um smartphone ou tablet nas mãos dos filhos e vão fazer qualquer outra coisa da vida que não seja acompanhar o crescimento emocional das crianças são pessoas que falham nesse aspecto.

Hoje, tem muito adolescente que tem o celular como companheiro porque pai e mãe não tem a capacidade ou a vontade (ou a coragem, ou disposição, ou interesse…) em dialogar com os seus filhos para detectar problemas e apoiar em possíveis situações de isolamento social por causa da tecnologia.

Ou seja, culpar as telas é algo limitante e simplório, tirando das costas dos pais a responsabilidade pelo desenvolvimento intelectual dos filhos. Tudo bem que o moleque vai aprender sozinho com o passar dos anos, mas a base intelectual precisa ser construída desde cedo.

Caso contrário, estamos sim fabricando um bando de idiotas para o futuro.

 

 

 

Via BBC


Compartilhe
@oEduardoMoreira