Fazer com que um estudante pare de usar o smartphone na sala de aula é algo praticamente impossível. E mesmo entendendo que o dispositivo é útil para complementar o processo educacional, até eu admito que o ser humano precisa se concentrar e dar a devida atenção para o professor que está tentando ensinar.
Já alguns colégios decidem simplesmente apelar para alcançar esse objetivo. Por exemplo, o Eton College, internato privado mais famoso da Grã-Bretanha, tomou uma decisão polêmica relacionada ao uso de smartphones pelos seus estudantes.
A partir do próximo ano letivo, os alunos serão obrigados a deixar o iPhone em casa e utilizar telefones Nokia básicos para a comunicação mais básica.
O contexto de tudo
Tradicionalmente, os estudantes do Eton College preferem usar o iPhone devido à associação da marca com alto status social. E isso não acontece apenas por lá.
Em vários locais do planeta, o iPhone é visto como sinônimo de status, principalmente entre os mais jovens. E nessa fase da vida, muitos querem “se mostrar” com o smartphone.
A decisão foi tomada com o objetivo de reduzir distrações e melhorar o foco acadêmico dos alunos. Ou seja, foi mais fácil banir do que adotar estratégias para que o smartphone seja uma ferramenta útil no processo educacional.
A política exigirá que os estudantes novos substituam seus smartphones por telefones Nokia de teclas e sem acesso à internet. E dá para imaginar o quanto esses alunos podem se sentir frustrados com a conectividade básica.
E é sempre importante lembrar para os mais jovens que vão ler este artigo (algo que estou duvidando, porque… quem lê textos na internet) que a minha geração era PROIBIDA DE UTILIZAR CELULARES NA SALA DE AULA, sob nenhuma circunstância.
Os pais foram informados sobre a mudança e devem garantir que os smartphones dos filhos fiquem em casa após a transferência do SIM para os telefones da Nokia.
Não há informações se existe um acordo entre o colégio e a Nokia, nem explicações mais aprofundadas sobre os motivos para escolher telefones dessa marca em específico.
Mas quero acreditar que a escolha aconteceu por causa da qualidade e dos recursos mais limitados dos celulares básicos. E nada mais.
Como os estudantes reagiram à decisão?
A medida foi tomada para que os alunos dediquem mais tempo aos estudos e menos ao uso de smartphones, mas nada é tão simples quanto parece.
Imagine quando esses mesmos estudantes descobrirem que dá para jogar o “jogo da cobrinha” nos celulares Nokia… é o “adeus, concentração nos estudos” em pouco tempo.
É esperado que a decisão gere uma certa revolta nos estudantes, já que muitos deles certamente serão resistentes à mudança.
Essa não é a primeira vez que o Eton College endurece as regras do uso de telefones por parte dos seus estudantes. Antes, ela já recolhia os dispositivos antes do período escolar, devolvendo os telefones no final do dia.
A nova política é um passo adicional para limitar ainda mais o uso de tecnologia pelos estudantes. E me pergunto se os diretores do colégio estão negociando com os alunos antes de tomar tais medidas.
Atualmente, não há informações sobre a implementação de políticas semelhantes em escolas ou universidades de outros países. Mas no Brasil existem algumas cidades brasileiras que começaram a tomar medidas para restringir o uso do smartphone nas salas de aula.
Existe uma crescente preocupação com o uso excessivo de smartphones entre os estudantes, mas não vejo aqui a implementação prática de um mecanismo de diálogo entre as partes.
As decisões são simplesmente impostas para o coletivo dos alunos, que pouco ou nada podem fazer, exceto obedecer às ordens.
E… quero deixar bem claro antes de terminar.
Não sou contra que se estabeleçam regras mais rígidas em relação ao uso do smartphone dentro da sala de aula, pois é fato que os dispositivos podem causar distrações aos alunos.
O que sou contra é o banimento. Sou contra a ausência de uma adoção de política para que o uso do smartphone seja algo que auxilie o aluno a estudar e aprender.
Afinal de contas, a tecnologia existe para isso.
A eficácia e aceitação da nova política do Eton College serão monitoradas de perto, já que a medida pode influenciar outras instituições educacionais a adotar estratégias semelhantes para minimizar as distrações tecnológicas e melhorar o desempenho acadêmico.
Se o radicalismo vai dar certo neste caso, só o tempo vai dizer.