Dá até medo pensar nessa fusão entre HBO Max e Discovery+. É muito conteúdo concentrado em uma única plataforma, e pouco tempo para assistir a tudo isso.
Mas enquanto encontramos uma maneira de conseguir dinheiro sem trabalhar (e liberar esse tempo útil em consumo de conteúdo por streaming), esse movimento de fusão de duas gigantes do entretenimento já está resultando em mudanças dentro desse segmento de mercado. Sem falar que um grande perdedor já apareceu: a TV por assinatura.
E não precisa ser um Sherlock Holmes para concluir que a TV paga, tal e como conhecemos, está com os seus dias contados.
Chegou a hora do cabo ser cortado de vez
Eu sou a pessoa que tem a assinatura de várias plataformas de streaming e, ainda assim, tem o Claro Box TV para ver TV paga. Mas faço isso por motivos bem específicos, como assistir as reprises de programas e gravar eventos esportivos, assistir a alguns canais que não estão em outras plataformas e ter uma programação ainda mais flexível.
Por outro lado, não foram poucas as pessoas que recomendei o abandono da TV por assinatura em favor do streaming. Para a grande maioria, não faz mais sentido manter um serviço que morre aos poucos, vítima de sua própria obsolescência e preguiça.
A TV paga brasileira não evoluiu, e as operadoras entenderam por décadas que tinham o controle de tudo o que realmente valia a pena em termos de conteúdo televisivo no Brasil. Não apresentaram novas tecnologias, não correram atrás de uma maior variedade de canais e cobram um preço caríssimo por uma programação que é um mais do mesmo na maioria dos casos.
Aí, vieram as plataformas de streaming, oferecendo não apenas as novas tecnologias, mas novos formatos de consumo de conteúdo televisivo. Sem falar em todo o investimento em séries excelentes ou filmes que são megaproduções que, em alguns casos, acabam indicados ao Oscar.
Tá, tem filmes e séries no streaming que só estão lá para encher linguiça e são completamente desprezíveis. Por outro lado, a TV por assinatura tradicional virou um grande vale de reprises e produtos reciclados esquecíveis ou nada interessantes para a maioria dos assinantes.
O último que sair, que apague a luz
HBO Max e Discovery+ fizeram um movimento que nada mais é do que uma repetição de uma decisão que outras gigantes do entretenimento tomaram recentemente.
A fusão entre os dois grupos vai resultar no esvaziamento de conteúdos originais e de canais da TV por assinatura, que vai se tornar um serviço cada vez mais pobre e desinteressante. E esse grupo não está sozinho nessa.
Paramount, Universal, Disney e até a dona Rede Globo com o Globoplay estão abandonado a TV por assinatura tradicional e colocando os seus principais produtos diretamente no streaming, aumentando a rentabilidade de suas respectivas empresas e enfraquecendo cada vez mais um formato de negócio que viveu da soberba e da arrogância por vários anos.
No final das contas, a TV por assinatura só vale hoje pelos canais de notícias (que também estão buscando as suas soluções próprias para distribuir os seus conteúdos) e pelos esportes ao vivo (e, ainda assim, em alguns casos, eventos importantes estão ficando exclusivos no streaming).
E como o setor de TV paga não consegue se reinventar (e quem está tentando chegou tarde para a festa), a tendência é que o segmento vai desaparecer a médio prazo.
Sinceramente? Vou sentir falta do hábito de trocar de canais pelo controle remoto. Mas a economia que vou fazer ao assistir apenas os conteúdos que são do meu interesse em resolução 4K no lugar de um HD com upscalling fará com que essas saudades não perdurem por muito tempo.
Que venham os novos tempos.