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ZX Spectrum, um clássico atemporal

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Confesso que poucas vezes tive a oportunidade de ver um ZX Spectrum na frente. E quando isso aconteceu, foi em eventos de videogame retrô e, mesmo assim, por poucos segundos. Mas dá para entender por que muitos descrevem o contato com esse computador como o mesmo de ter “um pedaço do futuro” nas mãos.

Seu design é chamativo, seu teclado com revestimento emborrachado entregava um tato muito confortável, oferecendo uma produtividade singular para o seu tempo e, o mais importante: ele era considerado um computador pessoal “acessível”, levando em conta to contexto da época.

Agora, temos o The Spectrum, o revival desse PC, o que confirma que estamos diante de um ícone da informática. Um equipamento que ajudou a disseminar a programação no mundo, e que agora está de volta, para a alegria dos mais nostálgicos.

 

ZX Spectrum: uma breve história

 

O ZX Spectrum, lançado em 23 de abril de 1982 pela Sinclair Research, é um dos microcomputadores mais emblemáticos da história da informática.

Criado por Sir Clive Sinclair, é amplamente reconhecido por ter popularizado a computação doméstica. Ele foi concebido como um sucessor do ZX81, e foi concebido para ser uma máquina acessível que permitisse ao público em geral explorar o mundo da informática.

Equipado com um processador Zilog Z80A de 3,5 MHz, e disponível em versões com 16 KB ou 48 KB de memória RAM, o ZX Spectrum chamou a atenção pelo seu baixo custo e pela capacidade de exibir gráficos a cores, algo raro na época.

A característica mais icônica do ZX Spectrum era o seu teclado emborrachado, compacto e com um layout incomum, que continha comandos BASIC pré-programados para facilitar a programação.

O uso de uma cassete para armazenar e carregar programas era outra inovação que permitia aos utilizadores gravar os seus próprios jogos e aplicações, tornando o ZX Spectrum numa plataforma muito versátil.

 

Um ícone cultural e da educação informática

 

 

O ZX Spectrum foi além de ser uma ferramenta que introduziu as pessoas ao mundo da computação. Ele também contribuiu para que muitos de nós tivessem o primeiro contato com o mundo dos videogames, pois o Atari era consideravelmente mais caro que ele.

Dessa forma, o dispositivo ajudou a fomentar uma autêntica revolução cultural no mundo. Seu preço competitivo resultou em uma explosão de vendas, e o ZX Spectrum foi um enorme sucesso comercial, vendendo mais de 5 milhões de unidades ao redor do mundo.

Se nos EUA o Atari foi o principal responsável pela presença dos videogames nas residências dos jogadores (e quase foi também aquele que promoveu a morte do setor como um todo), o ZX Spectrum impulsionou de forma decisiva o segmento no Velho Continente.

Jogos clássicos como Manic Miner e Jet Set Willy foram campeões de vendas, influenciando todoa uma geração de programadores por tabela.

De forma quase surpreendente, esse foi um dos computadores que permitiram que os jovens aprendessem a programação em BASIC, linguagem que é a base para várias outras que são utilizadas até hoje para o desenvolvimento das mais diferentes plataformas, incluindo é claro a programação para jogos.

Mais ou menos da mesma forma que Expert MSX da Gradiente fez no Brasil. Esse era um PC com conceito similar, que permitia a programação de jogos e softwares em BASIC de forma simples, através de apostilas.

Eu mesmo tive uma unidade do Expert MSX em casa, que comprei usado para seguir avançando no que estava aprendendo na escola de informática que eu fazia. Naquela época, todo mundo aprendia a usar o BASIC, o DBASE III Plus e outros softwares que hoje estão extintos, mas que se tornaram essenciais para quem queria programar ou trabalhar com ferramentas de escritório.

Algo que não é feito hoje em larga escala. E temos uma geração inteira que não sabe usar o computador direito, mas que precisa dele para participar do atual mercado de trabalho.

Mas isso é assunto para outro momento.

 

A nostalgia moderna ataca novamente

Estou gastando o meu tempo para falar do ZX Spectrum porque lançaram recentemente mais um clone/revival desse computador, o The Spectrum.

Ele é uma réplica muito fiel do Spectrum original, apostando na nostalgia que está tão na moda, mas sem abrir mão das modernidades dos dispositivos do presente.

O The Spectrum conta com porta HDMI para se conectar aos monitores modernos, além de receber uma seleção de jogos pré-instalados, para não obrigar ao comprador a já sair programando em uma linguagem que não domina.

 

São nada menos que 48 jogos pré-instalados, onde além dos clássicos já mencionados como Manic Miner, outros títulos relevantes como The Hobbit e Head Over Heels estão disponíveis.

O moderno The Spectrum também inclui o recurso para salvar e carregar jogos rapidamente, eliminando os longos tempos de espera associados às fitas do ZX Spectrum original.

 

O lançamento do The Spectrum é mais uma forma de reforçar que o ZX Spectrum não foi apenas um computador. Foi uma experiência cultural.

Ele democratizou o acesso à tecnologia, inspirado toda uma geração de usuários, programadores e criadores. É um capítulo muito importante da história da informática, e lembrar dele é, de alguma forma, lembrar de nós mesmos como parte dessa história.

Para quem se interessou pelo The Spectrum, ele está disponível no mercado internacional desde o dia 22 de novembro, e o seu preço sugerido é de 100 euros. Não há previsão de lançamento do produto para o mercado brasileiro, de modo que só resta a importação para trazer o produto para cá.

Mas não será surpresa se os mais nostálgicos se sentirem motivados a comprar o The Spectrum para reviver os tempos do ZX Spectrum. Para esse nível de experiência, a compra será encarada como um investimento, e não como gastos desnecessários.


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