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Paulo, Apóstolo de Cristo (2018) | Cinema em Review

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O que eu não faço pelos meus amigos…

Recentemente, eu assisti ao filme ‘Paulo, Apóstolo de Cristo’. Eu achei que a minha cota de filmes cristãos estava completa com Maria Madalena, filme que eu até gostei, apesar de Rooney Mara e Joaquin Phoenix. Mas como eu tenho uma amiga diretamente ligada com as questões religiosas e da Igreja Católica, entendi que ela gostaria de ver ao filme daquele que foi um dos maiores defensores e difusores do Cristianismo.

Ainda mais no período de celebração de Corpus Christi. Achei que seria um programa adequado.

Mal eu poderia imaginar que nem ela gostaria do filme. E olha, que estou falando de uma das pessoas com o coração mais bondoso que eu conheço.

Quando você se prepara para assistir a um filme cujo título é ‘Paulo, Apóstolo de Cristo’, você automaticamente coloca na sua mente que o personagem central é Paulo de Tarso (antes, Saulo de Tarso), e que você verá o longa com a narrativa focada nesse personagem, ou através de sua perspectiva. Apesar de torcer o nariz para a ideia geral do filme, eu pelo menos imaginava que o longa faria uma revisão dos principais acontecimentos do seu protagonista, especialmente para atender ao grande público que, supostamente, é leigo sobre essa trajetória.

Porém, não é o que acontece nesse caso. O verdadeiro protagonista de ‘Paulo, Apóstolo de Cristo’ é Lucas, interpretado pelo nome mais famoso desse elenco: Jim Caviezel. Sim, ele mesmo… aquele que interpreta Jesus Cristo no filme Paixão de Cristo, do Mel Gibson (que vai receber uma segunda parte, onde a sua participação como Jesus já está confirmada).

O simples fato de Caviezel estar no elenco tornou Paulo um coadjuvante do próprio filme que tem o seu nome. E isso foi feito de forma quase descarada: toda a narrativa principal proposta tem a perspectiva de Lucas, as principais ações do filme giram em torno dele, é ele quem resolve o argumento final do longa… enfim, o filme gira em torno dele e em função dele.

Já Paulo tem apenas dois dos seus grandes momentos de sua trajetória dissertados no filme: os ataques contra Estevão (que é quando sua fúria quando os cristão começa), e a sua cegueira temporária (que é o seu momento de conversão ao Cristianismo). E nada mais. Sua riquíssima história e trajetória de vida foram solenemente descartados por um roteiro que desperdiça boa parte do tempo mostrando os conflitos entre os cristãos nos últimos dias da existência do apóstolo.

 

 

Se o filme se chamasse ‘Os Últimos Dias de Paulo, Apóstolo de Cristo, na visão de Lucas’, estava tudo mais ou menos certo. Não havia o compromsso de desenvolver o personagem principal, e toda a narrativa seria a partir da perspectiva de Lucas. E foi basicamente o que aconteceu.

Porém, todas as informações não estavam disponíveis para o grande público. E o filme não pode partir do pressuposto que todos conhecem a história de Paulo de Tarso, quando claramente não é bem assim que a banda toca, pelo menos no Brasil.

Ou seja, aqui foi perdida uma grande oportunidade. Não de evangelizar pessoas, porque esse não é o papel do cinema. Mas sim de apresentar de forma digna, humana e criativa um personagem que considero ímpar na história da humanidade.

Do mais, a produção do filme peca grosseiramente, com cenários claramente produzidos em estúdio. O elenco não está ruim (pelo contrário: James Faulkner está ótimo como Paulo), e até tenta se salvar diante de um roteiro problemático.

Na verdade, o roteiro não era bem o problema. Sim, é um filme cheio de barrigadas, onde se desperdiçou muito tempo com uma trama que deveria ser subtrama, e que só gastou tempo de um primeiro ato quase completo para finalmente apresentar o personagem protagonista.

Que, repito, é um protagonista com uma história tão espetacular, que recontá-la com nova roupagem seria bem mais eficiente que a iniciativa do filme de Jim Caviezel.

 

 

‘Paulo, Apóstolo de Cristo’ conceitualmente promete uma coisa que não entregue. Diria que é quase um dos filmes ‘caça-níqueis’ que podemos encontrar aos montes na temporada 2018 de cinemas. Claramente usa o Jim Caviezel como elemento para atrair o público, e contando qualquer história para convencer os fiéis mais fervorosos. Isso chega a ser vergonhoso, ou um ato sem vergonha de roteiristas, diretor e produtora apenas para ganhar o dinheiro fácil.

Mas acho que nem os católicos vão engolir esse filme do jeito que foi feito.

Para quem vai assistir, pode representar uma grande perda de tempo. Mas espero que você observe com os próprios olhos.

 

 


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@oEduardoMoreira