Se você tem 40 anos ou mais, confessa: você sempre quis ter um smartphone BlackBerry.
Eu tive a felicidade de ter um telefone da BlackBerry, e vou confessar que até hoje eu sinto falta do teclado físico que os dispositivos dessa marca ofereciam. Sentia que este era um sinal de sofisticação e modernidade, e que seus produtos eram uma experiência diferenciada.
Mas todo mundo sabe muito bem o que aconteceu com a BlackBerry, principalmente depois da chegada do iPhone. E quem não sabe vai poder conhecer essa história bem de perto, pois teremos um filme sobre a ascensão e queda dos telefones dessa marca.
Tentou sobreviver, mas perdeu o bonde da história
A Research in Motion era uma das empresas protagonistas do setor de telefonia móvel, e construiu uma aura de exclusividade em torno da marca BlackBerry.
Qualquer pessoa conhecia um telefone BlackBerry quando se deparava com um. E este dispositivo era conhecido por ser o ideal para aquelas pessoas que queriam ficar conectadas o tempo todo, antes mesmo do conceito atual de smartphone chegar ao mundo.
Nos seus melhores anos, a Research in Motion chegou a conquistar muitos usuários que estavam fora do mundo corporativo (eu, por exemplo), sendo o dispositivo preferido de muitos adolescentes europeus que conheceram “do nada” os benefícios do seu aplicativo de chat, o BBM.
Porém, o pessoal que comandava a BlackBerry cometeu um erro mortal: ser soberbo. Os executivos da Research in Motion jamais acreditaram que o iPhone e o Android vingariam, entendendo que as duas iniciativas jamais iriam ameaçar a sua posição no mercado.
O tempo mostrou muito bem o que aconteceu. E agora, o cinema vai contar melhor essa história para as novas gerações que definitivamente nunca tiveram a satisfação em chegar perto de um teclado físico na vida, ou de enviar um e-mail de dentro do taxi a caminho do aeroporto para pegar um voo para a cobertura de um evento de tecnologia.
Sou feliz por ter feito isso em um passado não muito distante.
O filme da BlackBerry a caminho
Um grupo de produtores canadenses e norte-americanos entenderam que a história da BlackBerry merecia ser contada nas grandes telas, e iniciaram um projeto que vai mostrar a ascensão e queda dessa marca lendária.
As filmagens aconteceram no Canadá (país de origem da Research in Motion) e já foram finalizadas, de modo que o filme está em processo de pós-produção neste momento. E o filme não poderia receber outro nome senão “BlackBerry”. Simples assim.
O filme é baseado no livro “Perdendo o Sinal: O Espetacular Auge e Queda da BlackBerry”, obra lançada em 2015 e escrita pelos jornalistas canadenses Sean Silcoff e Jacquie McNish. Glenn Howerton (da série It’s Always Sunny in Philadelphia) será o protagonista do longa, interpretando o ex-diretor executivo da RIM, Jim Balsille) e Jay Baruchel (É o Fim do Mundo) vai interpretar o co-fundador da empresa, Mike Lazaridis.
No mesmo ano que o livro chegou às livrarias, a RIM lançava no mercado o seu primeiro smartphone com o sistema operacional Android, o BlackBerry Priv, e já estava em queda livre. Depois disso, a empresa tomou outras decisões para tentar se salvar do desaparecimento, como a fabricação de dispositivos com a marca pelas mãos da TCL em 2109 e reviver os telefones com teclado físico através da OnwardMobility.
Tudo isso não deu certo para tentar trazer a BlackBerry para uma posição competitiva no mercado de smartphones. Por outro lado, a marca segue viva, oferecendo soluções de cibersegurança e Internet das Coisas, setores que ninguém poderia imaginar que a empresa adotaria durante os seus anos de glória.
Logo, existe a dúvida se o filme será fiel ao livro, contando todos os eventos da RIM e da BlackBerry até 2015, ou se vai avançar para abraçar as iniciativas dos últimos sete anos. Tudo vai depender da forma em como os seus roteiristas vão abraçar a liberdade criativa para contar a história que desejam.
De qualquer forma, como fã de tecnologia, não vou perder a oportunidade em assistir ao filme da BlackBerry. Seja pela curiosidade em obter mais informações sobre a história que será contada no cinema, seja pela nostalgia que vou sentir ao rever os dispositivos, acredito que a experiência será minimamente satisfatória.
Para o grande público, acredito que vale a pena obter informações sobre os bastidores de uma das empresas de telefonia móvel mais emblemáticas da história. Conhecer como foi o crescimento e queda de uma das gigantes que virou “vítima” da era dos smartphones modernos, capitaneada pelo iPhone.
Não há previsão de lançamento para o filme “BlackBerry”. Ou seja, vamos ter que esperar pacientemente por novas informações.