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Dunkirk (2017) | Cinema em Review

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dunkirk

Dunkirk mostra a história de um dos eventos mais importantes da Segunda Guerra Mundial. E Christopher Nolan entrega nesse filme uma das melhores experiências que você pode receber em um filme que retrata o combate armado baseado em fatos reais.

Acho que Dunkirk faz alguns favores para a humanidade. Um deles é mostrar claramente que não é preciso uma sequência de explosões alucinantes e sem qualquer sentido ou propósito por duas horas e meia para entregar um filme de ação imersivo e envolvente.

Entendeu, Michael Bay?

Nolan mostra que é um grande cineasta sem precisar reinventar a roda. É claro que ele sabe usar toda a tecnologia avançada, mas nesse caso ele quis mostrar o cinema bélico na sua essência. Algo de raiz. Até porque ele tinha conexão pessoal com o tema, já que o seu avô faleceu nessa batalha, sobre as águas de Dunkirk, ouvindo essa história.

Apesar de ser uma batalha desconhecida do grande público, não é a primeira vez que vai para o cinema. Dois filmes (de 1958 e 1964) já contaram essa batalha nas grandes telas. Mas jamais a história foi contada com tanta perícia e intensidade como agora E, mesmo com todos os recursos tecnológicos que permitiram o resultado final de Nolan, a verdade é que dispor deles não quer dizer que sua capacidade de usá-los é a mais adequada.

 

 

Dunkirk é um exercício bélico cinematográfico muito a frente do que existia até então, por conta de sua complexidade da estrutura narrativa. Com três focos diferentes (as praias abarrotadas de soldados, as embarcações que se dirigiam até essas praias desde os portos britânicos e os pilotos de aviões contra os bombardeiros alemães), o filme salta de um para outro com um grande dinamismo, e em diferentes momentos da batalha. Você vê as peças do quebra-cabeça de Nolan se juntando e construindo a grande batalha, algo insólito para o gênero.

Essa é uma experiência que te prende e só te solta no final do filme, em uma sensação asfixiante que transmite ao telespectador, de forma profunda e quase palpável, a luta pela sobrevivência dos soldados, a coragem dos civis em navios de resgate, e os aviadores que lutam para não ver os seus aniquilados. A planificação visual não tem sobras, e os efeitos de som são incrivelmente claros e imersivos. Disparos e explosões podem ser sentidos em nossas entranhas, e a trilha sonora de Hans Zimmer é praticamente o narrador emocional do filme.

 

 

Talvez os pontos negativos de Dunkirk estão em, por um lado, na contextualização do que conduziu a este cerco, e por outro, algo que Nolan tem como vício em quase todos os seus filmes: a ausência de força, profundidade ou real interesse por parte dos seus personagens. Enquanto os recursos técnicos foram explorados à máxima potência, o mesmo não acontece com o elenco. Parece que a grande exceção de Nolan em sua carreira é um ponto fora da curva chamado Heath Ledger.

De qualquer forma, o elenco cumpre com o seu papel, mas nenhum deles conta com personagens realmente memoráveis. É um equilíbrio negativo nesse aspecto, pois você não sente a emoção por conta de suas aspirações, medos e anseios, mas sim pelo cenário geral em si, e pelos elementos de estrutura narrativa criada pelo diretor.

Há quem afirma que Dunkirk sofre de uma falta de sustento intelectual por conta da falta de contextualização, sendo apenas uma ação desatada do nada e indo para lugar algum. Se bem que isso, para mim, é qualquer filme da saga Transformers, mas vou contextualizar melhor.

Conceito de companheirismo e solidariedade estão muito presentes nesse filme, mas na verdade Nolan quer mostrar a espantosa situação de um gigantesco exército que estava encurralado, sem falar na violência que eles se submeteram e o seu desespero através de uma elevada visceralidade, que para mim resultou uma experiência visceral e emotiva.

E isso me basta.

 

 

Dunkirk não é o melhor filme bélico da história do cinema, mas é inegável que a contundente imersão no gênero nos entregou um filme que entra fácil na lista dos melhores de 2017.

Um capítulo terrível da história da humanidade que merece ser visto por todos.

 

 


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@oEduardoMoreira